Ailurofobia ou medo de gato: causas, sintomas e tratamento

Ailurofobia ou medo de gato: causas, sintomas e tratamento

O medo é uma emoção básica que necessitamos para sobreviver, já que nos protege de ameaças e que serve para nos proteger ou retirar de situações que podem colocar a nossa vida em risco. No entanto, em alguns casos, esse medo converte-se em algo irracional e surgem as temidas fobias. Uma das mais curiosas e desconhecidas é a ailurofobia ou medo de gatos, animais que nos acompanham desde tempos longínquos e cuja companhia é agradável, mas que também podem ser protagonistas de grandes receios.

Nesse artigo de Psicologia-Online, explicamos o que é a ailurofobia, suas causas, sintomas mais comuns e o tratamento indicado.

Significado de ailurofobia

A ailurofobia é o medo intenso e irracional de gatos. A sensação de temor é suficientemente forte para provocar sintomas de ansiedade e até pânico quando um gato está perto ou ao pensar em um. Quanto à etimologia, o nome dessa fobia provém de "ailouros" (gato) y "phobos" (fobia ou medo).

As pessoas que apresentam ailurofobia sabem que o seu medo de gatos não é racional, mas não podem evitar a ação de ansiedade. Podem não temer apenas os arranhões ou mordidas, mas também toda a mística em redor dos gatos representada em obras literárias, como "O gato preto" de Edgar Allan Poe, por exemplo.

Causas da ailurofobia

Existem várias explicações possíveis para o medo de gato. Vejamos algumas das causas ou fatores que influenciam o desenvolvimento de ailurofobia:

  • Experiência traumática. A forma mais habitual de desenvolver uma fobia é, normalmente, uma experiência negativa com o objeto temido. Quando uma criança é arranhada por um gato, pode desenvolver esse comportamento em relação a todos os outros, o que finalmente desencadeia a ailurofobia. O mecanismo implicado nessa aprendizagem associativa é o condicionamento clássico (popularizado pelo célebre psicólogo Ivan Pavlov).
  • Condicionamento vicariante. Um desencadeante comum da ailurofobia é observar reações de ansiedade e medo em outras pessoas quando se aproximam de gatos. Por exemplo, as crianças podem desenvolver este medo ao ver os seus pais ou cuidadores (ou até personagens de desenhos) agir com receio perante estes animais. Isso é o que chamamos de condicionamento vicariante (por observação).
  • Crenças populares. Os gatos são predadores por natureza. Tradicionalmente, estes animais foram associados a rituais de bruxaria, folclore e superstições nas quais os gatos são apresentados como maus (a lenda do gato preto e do azar, por exemplo). Estas crenças falsas podem fazer com que algumas pessoas sejam influenciadas e acabem desenvolvendo ailurofobia.
  • Predisposição pessoal. Foi sugerido que determinadas pessoas podem ter alguma predisposição genética para adquirir algumas fobias mais facilmente. A personalidade também parece ter um papel importante, já que os indivíduos com traços ansiogênicos podem ser mais propensos a desenvolver um medo intenso desses felinos.

Sintomas da ailurofobia

As pessoas que apresentam ailurofobia costumam desenvolver os seguintes sintomas:

  • Um medo irracional e uma apreensão extrema em relação a gatos (que podem, inclusivamente, ser provocados por um pensamento ou uma imagem).
  • Resposta de luta ou fuga: quando a pessoa se encara com um gato, a sua resposta passa por fugir de imediato ou de se defender.
  • Evitação do estímulo temido: evitar por completo os lugares ou situações nas quais possam estar presentes gatos (como a casa de um amigo ou um vizinho que tem esse animal doméstico).
  • Hipervigilância, ansiedade e nervosismo extremos ao pensar ou antecipar a presença de um gato.
  • Sintomas psicossomáticos: náuseas, tonturas e mal-estar geral.
  • Consciência do medo irracional e angústia por não poder controlar a resposta de medo.
  • Ataques de pânico: sensação de asfixia, suores frios, taquicardia, agitação, etc. No seguinte artigo, você encontrará mais informação sobre os ataques de pânico.

Tratamento da ailurofobia

O tratamento indicado para a ailurofobia consiste em uma combinação de psicoterapias e medicação. A terapia de exposição é uma terapia eficaz para este tipo de fobias; o terapeuta guia a pessoa através de exposições regulares que envolvem o aparecimento de gatos (na imaginação ou de forma presencial, dependendo da intensidade das reações emocionais do paciente). O terapeuta avalia a intensidade do medo e o objetivo é ensinar a pessoa a relaxar a controlar a sua respiração enquanto enfrenta o estímulo temido, nesse caso, os gatos. À medida que a pessoa se acostuma à presença dos animais, com o tempo acaba controlando os sintomas de ansiedade.

Outra forma de abordar a ailurofobia é a restruturação cognitiva, uma técnica usada em psicoterapia cognitiva-comportamental. O objetivo desse procedimento terapêutico é modificar os pensamentos e as crenças irracionais que levam uma pessoa a se comportar dessa forma. Através do diálogo socrático e do confronto, o terapeuta ajuda o paciente a substituir os pensamentos negativos por outros mais realistas e positivos (por exemplo, desmentir o mito de que os gatos pretos dão azar).

Por último, os medicamentos podem ser usados nos casos mais graves, quando a pessoa que sofre de ailurofobia apresenta ataques de pânico e reações extremas de ansiedade que a incapacitam no seu dia-a-dia. Normalmente, são usados medicamentos antidepressivos e ansiolíticos.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • González Guerrero, L. J., Lamus Rodríguez, L. T., & Moreno Nieto, D. M. (2013). Manual de técnicas de intervención en fobias específicas (Bachelor's thesis).
  • Idris, R. G., & Education, K. O. (2016). Ailurophobia: The curative, abnormal and irrational fear of felines (cats). En Proceedings of the International Conference on Education towards Global Peace.