Alcoolismo crônico: o que é, sintomas, causas e tratamento

Alcoolismo crônico: o que é, sintomas, causas e tratamento

Ei! Vamos tomar umas hoje à tarde? Vamos sair pra uma rodada, tá a fim? Quem nunca fez ou respondeu perguntas como estas alguma vez. E até mesmo em algumas ocasiões a típica "saímos para tomar umas cervejinhas" que acaba se tornando em "bebi de tudo e mais um pouco". E até aqui tudo parece normal.

A maioria de nós já se viu nestas situações ao menos uma vez, e continuamos fazendo isso sem que se torne um problema, mas, o que acontece quando o consumo de álcool vai além do social e ocasional? O que acontece quando a frequência e a magnitude que bebemos ultrapassa os limites? E sobretudo, quais são estes limites? Se você não quer desenvolver comportamentos de alcoolismo crônico, se gostaria de saber como detectá-lo e tratá-lo, continue lendo! Neste artigo de Psicologia-Online, falaremos sobre o alcoolismo crônico: o que é, sintomas, causas e tratamento.

O que é alcoolismo crônico

O alcoolismo é uma doença ocasionada por um consumo excessivo e prolongado de bebidas alcóolicas que origina um estado de dependência psíquica e física do álcool. O indivíduo perde a capacidade de se abster ou de interromper sua ingestão, mesmo sendo consciente do dano que origina, e sofre sintomas físicos ou psíquicos de abstinência quando deixa de beber.

Sintomas do alcoolismo crônico

No Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM)[1], define-se a dependência de álcool como um padrão desadaptativo de consumo de álcool que implica mal-estar ou deterioramento clinicamente significativo, por ao menos um período de 12 meses. Além disso, expõe que os sintomas associados com o alcoolismo crônico são:

  • Tolerância.
  • Síndrome de abstinência.
  • Aumento da frequência, em maiores quantidades e durante períodos mais longos do que se pretendia inicialmente.
  • Desejo persistente ou esforços infrutíferos de controlar ou interromper o consumo de álcool.
  • Emprega-se muito tempo em atividades relacionadas com a obtenção ou o consumo de álcool, ou a recuperação de seus efeitos.
  • O consumo é feito apesar de se ter consciência dos problemas físicos ou psicológicos persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelo consumo de álcool.

O alcoolismo crônico pode ocorrer com ou sem dependência fisiológica em função de se é com ou sem sinais de tolerância ou abstinência. Além disso, o curso da dependência ao álcool pode ser de diferentes tipos:

  • Remissão total precoce.
  • Remissão parcial precoce.
  • Remissão total sustentada.
  • Remissão parcial sustentada.
  • Em terapia com agonistas.
  • Em ambiente controlado.

Causas do alcoolismo crônico

Os fatores etiológicos que levam a um padrão de consumo crônico de álcool são tanto biológicos como sociais. Por um lado, a genética, assim como os traços de personalidade e psicológicos do indivíduo, intervêm na determinação do padrão de consumo, assim como o temperamento e os estressores, tanto internos como externos, que a pessoa em questão vive.

Por outro lado, tendo em conta que somos séries sociais que vivemos em sociedade, é natural que haja influência de fatores externos como a profissão, a publicidade e outros fatores transculturais. Para este último fator, devemos recordar e ter em conta que o álcool tem um consumo histórico em todo o planeta desde o paleolítico na atualidade, e está presente em todas as culturas.

Consequências do alcoolismo crônico

O consumo de álcool ocupa um terceiro lugar entre os fatores de risco da carga global de doenças. Além disso, é o primeiro fator de risco no Pacífico Ocidental e nas Américas, e o segundo na Europa. O alcoolismo crônico está relacionado com muitos problemas graves de índole social e de desenvolvimento, em particular a violência, o descuido, maltrato, e o absentismo profissional.

Especificamente, o consumo nocivo de bebidas alcóolicas causa, aproximadamente, 2,5 milhões de mortes por ano. Destes, 320.000 jovens entre 15 e 29 anos de idade morrem por causas relacionadas com o consumo de álcool, o que representa 9% das mortes nessa faixa etária.

Quais efeitos o alcoolismo crônico produz

O consumo de álcool pode produzir outros transtornos induzidos por substâncias, como intoxicações, que provocam sintomas físicos e psicológicos no indivíduo. A seguir, te mostraremos quais são os transtornos induzidos pelo álcool:

  • Delírio.
  • Demência.
  • Transtorno amnésico ou Síndrome de Korsakoff.
  • Encefalopatia de Wernicke.
  • Transtorno psicótico, alucinações ou até mesmo celotipia.
  • Transtorno do estado de humor.
  • Transtornos de ansiedade.
  • Disfunção sexual.
  • Transtornos do sono.

Consequências farmacocinéticas do alcoolismo crônico

O consumo de álcool, mesmo estando relacionado com alguns transtornos psicológicos ou mais de índole social, também tem consequências físicas e farmacocinéticas. Algumas das consequências farmacocinéticas do consumo de álcool são:

  • A indução hepática: provocando um aumento da eficácia do MEOS (sistema oxidativo de enzimas microssomais), o que dá lugar à tolerância cruzada com barbitúricos.
  • O incremento da fração reduzida (NADH): em relação a déficits de vitamina B6, o que causa uma diminuição da capacidade oxidativa, provocando a acumulação de ácidos graxos orgânicos que ficam sem oxidar, conhecida como fígado gordo, e hipertrofia hepática por sobrecarga oxidativa e indução enzimática, conhecida como hepatomegalia ou fígado inflamado.

Transtornos fisiológicos induzidos pelo alcoolismo crônico

Algumas das condições físicas ou transtornos médicos que podem surgir devido ao alcoolismo crônico são:

  • Aspecto físico alterado.
  • Transtornos digestivos: hipertrofia parótida, esofagite, gastrite, câncer gastrointestinal, pancreatite, má absorção, hepatite, cirrose, etc.
  • Transtornos cardiovasculares: HTA, arritmias, miocardiopatia, AVCs.
  • Transtornos hematológicos: anemia, neutropenia, trombocitopenia.
  • Transtornos osteomusculares: miopatias, mialgias, osteoporose.
  • Transtornos metabólicos: hipoglicemia, avitaminose, hipomagnesia, hipocalcemia, hipopotassemia.
  • Transtornos imunológicos como a imunossupressão.
  • Transtornos neurológicos: como os já mencionados síndrome de Wernicke ou Korsakoff, ambliopia, neuropatias periféricas, etc.
  • No caso de estar grávida e ingerir álcool, o futuro bebê poderia ter a síndrome alcóolica fetal.

Tratamento do alcoolismo crônico

Devido à síndrome de abstinência e a possível aparição do delirium tremens, como consequência da privação de bebidas alcóolicas, sempre que um/a se proponha a deixar de consumir álcool por consumo crônico ou abuso, é melhor fazê-los sob supervisão médica. Alguns tratamentos farmacológicos para o alcoolismo crônico são:

  • Dissulfiram: como tratamento farmacológico paliativo.
  • Naltrexona, bupropiona: como tratamento de substituição do álcool.
  • Vareniclina: agonista parcial do receptor nicotínico para a antidependência, mesmo que seja um fármaco que se encontra em vigilância por risco de suicídio.
  • Benzodiazepina: como tratamento paliativo
  • O acamprosato e os ISRS também foram utilizados em alguma ocasião, mas também estão em farmacovigilância por risco de suicídio.

Além de tratar os sintomas que a abstinência produz, é importante tratar, no caso dos que tiveram, aqueles transtornos e doenças psicológicas que poderiam surgir como consequência do consumo do álcool. Para isso, a terapia baseada na corrente cognitivo-comportamental foi a que demonstrou maior eficácia.

Nestes casos de consumo, será importante informar ao paciente que a recaída em processos longos é praticamente inevitável, portanto é importante emponderá-lo para voltar a começar nesses casos e evitar emoções associadas ao fracasso.

Remédios caseiros para o alcoolismo crônico

Existem tratamentos naturais para tratar o alcoolismo crônico. Vejamos os mais destacados:

  • Aumentar o consumo de vitaminas do grupo B.
  • Diminuir paulatinamente o consumo de álcool.
  • Beber muita água.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. American psychiatric association, (2014). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales DSM – 5. Madrid, España. Editorial medica panamericana.
Bibliografia
  • Belloch, A., Sandín, B., Ramos, F., (2009). Manual de psicopatología, volumen II. Madrid. McGraw Hill / Interamericana de España, S.A.U.