Ansiedade no relacionamento: o que fazer

Ansiedade no relacionamento: o que fazer

O amor é considerado uma das drogas mais viciantes, devido à quantidade de dopamina que produz em nosso corpo. Em certos casos, o amor também cria uma "síndrome de abstinência" que pode dar lugar à ansiedade no casal. Por outro lado, a sensação de se sentir amado se assemelha ao prazer dos opiáceos, isto é, toda relação amorosa positiva provoca nos circuitos cerebrais a mesma sensação de prazer que as drogas mais sintéticas.

A gratificação do dependente com sua droga é reproduzida de forma biológica, da mesma forma que o prazer de nos sentirmos conectados com as pessoas amadas. Por este motivo, quando começamos a sentir ansiedade por nosso companheiro/a devemos reverter de novo estes circuitos para voltar a perceber gratificação ao estar junto dele ou dela. Neste artigo de Psicologia-Online falaremos sobre Ansiedade no relacionamento: o que fazer nestas situações.

Pessoas ansiosas no relacionamento

Como saber se tenho ansiedade no relacionamento? A ansiedade é uma resposta antecipando uma ameaça futura, associada com tensão muscular, vigilância em relação a um perigo futuro e comportamentos cautelosos ou evasivos. Em certos casos, o nível de medo ou ansiedade fica reduzido por comportamentos evasivos generalizados.

Para saber realmente se seu relacionamento está te produzindo ansiedade, você deverá observar se algum destes sintomas aparece quando estão juntos ou quando pensa nele/a:

  • Alta valência negativa no que se refere ao relacionamento.
  • Evasão excessiva e escape de seu/sua companheiro/a e dos estímulos associados que podem provocar sensação de bem-estar.
  • Estimativas errôneas de ameaça, isto é, nos significados atribuídos ao estímulo (seu/sua companheiro/a) e a resposta derivada do medo.
  • Perda de interesse e evasão de atividades satisfatórias.
  • Não procura sensações novas.
  • Medo excessivo da separação que afeta um grande número de situações cotidianas.
  • Este medo é derivado de um medo evolutivo normal baseado nas teorias do apego.
  • Reside no sistema de apego e envolve as figuras com que está vinculado.
  • Mostra uma elevada sensibilidade ao serem observados, avaliados ou desaprovados durante sua atuação diante de seu/sua companheiro/a ou em relação a outros.
  • Estabelece regras marcadas e estritas sobre o que se entende por comportamento adequado.
  • Tem uma baixa autoestima.
  • Sofre de ansiedade antecipatória.

Por que aparece a ansiedade em relacionamentos

A seguir, te mostramos as possíveis causas pelas quais seu relacionamento te produz ansiedade:

Ansiedade por separação (apego ao seguro)

A teoria do apego, cuja formulação foi iniciada por John Bowlby, trata sobre a necessidade humana universal de formar vínculos afetivos estreitos aos que pode recorrer em momentos de sofrimento ou estresse. A imagem de si mesmo/a está relacionada com o grau no qual se experimenta ansiedade sobre ser rejeitado ou abandonado, pois as pessoas que possuem uma visão positiva de si mesmas tendem a experimentar baixa ansiedade nestes casos, já que se consideram dignas de serem amadas e cuidadas.

Por outro lado, as pessoas que possuem uma visão negativa de si mesmas tendem a manifestar preocupação e medo diante do abandono de sua figura de apego. Do mesmo modo, as pessoas com apego inseguro tendem a implantar menos comportamentos de cuidado pelo outro e a ter expectativas mais negativas a respeito do apoio do/a companheiro/a, o que resultaria em uma satisfação menor. As pessoas com estilos de apego inseguro são mais reativas aos comportamentos de seus/suas companheiros/as e experimentavam menor satisfação que as pessoas seguras no apego.

Medos e inseguranças

A imagem do outro estaria associada ao grau de evitação que a pessoa manifesta a respeito das relações próximas. Desta forma, as pessoas que possuem uma imagem positiva do outro em termos de sua confiabilidade e disponibilidade, terão maior facilidade para estabelecer relações próximas. Pelo contrário, aquelas pessoas pouco perceptivas que tenham uma visão negativa dos outros, tenderão a evitar se envolver mais intimamente nos vínculos.

Estas duas dimensões, ansiedade e evitação, foram associadas a diferentes aspectos do funcionamento interpessoal pelo que uma falta de confiança poderia contribuir a uma maior ansiedade diante de seu/sua companheiro, de maneira que uma forma de diminuir a ansiedade poderia ser o aumento da confiança.

Situações externas a seu relacionamento

Algumas situações externas podem gerar ansiedade no relacionamento e fazer com que ele se esgote psicologicamente. Alguns exemplos destes possíveis problemas que repercutem em nossa relação podem ser a infertilidade, o estresse laboral, a falta de tempo e de um espaço independente no lar ou experiências com outros casais, entre outras.

Como lidar com a ansiedade no relacionamento

Quando existe ansiedade no relacionamento, é importante conhecer quais são as causas que estão fazendo com que aflore isso em você para, assim, atacá-las. Uma vez identificadas, será mais fácil encontrar a solução de tal problema.

A seguir te explicamos o que você pode fazer para que seu relacionamento deixe de te dar ansiedade:

  • Controlar a dependência emocional: a dependência emocional é um conjunto de comportamentos viciantes por outras pessoas que produzem assimetrias de papel. Jorge Castelló a define como um "padrão persistente de necessidades emocionais insatisfeitas que se tenta suprir de forma não adaptativa com outras pessoas", algo que pode gerar ansiedade se esta não for suprida. Portanto, seria conveniente trabalhar na gestão da dependência para diminuir a ansiedade.
  • Aumentar a confiança no/a companheiro/a.
  • Melhorar sua autoestima: ter uma percepção positiva de si mesmo/a ajudará a diminuir essa ansiedade e medo de ser rejeitado/a.
  • Fazer terapia: quando a ansiedade que sentimos em nosso relacionamento vem da relação de apego que temos, por nossa falta de autoestima ou confiança, ir a terapia com um psicólogo poderá nos ajudar a adquirir ferramentas que nos ajudem a controlar a situação da melhor maneira.
  • Valorizar a continuidade: em alguns casos, podemos nos dar conta que essa ansiedade vem de como nosso/a parceiro/a está neste momento, algo que pode nos fazer questionar a continuidade da relação se avaliarmos que nem ele ou ela nem nós estamos promovendo nenhuma mudança que nos ajude a sentir mais tranquilidade.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • American psychiatric association, (2014). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales DSM – 5. Madrid, España. Editorial medica panamericana.
  • Guzmán, M., & Contreras, P. (2012). Estilos de apego en relaciones de pareja y su asociación con la satisfacción marital. Psykhe (Santiago), 21(1), 69-82.