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Antecedentes da agressividade - Psicologia Social

 
Equipe editorial
Por Equipe editorial. 15 março 2021
Antecedentes da agressividade - Psicologia Social

Muitas teorias psicológicas afirmam que o comportamento agressivo é um padrão de respostas adquiridas em função de determinados estímulos ambientais através de uma variedade de procedimentos. A ocorrência da agressão sempre pressupõe a frustração. Qualquer acontecimento frustrante leva inevitavelmente à agressão, a frustração é uma fonte de ativação e pode levar à agressão, mas de forma indireta. O que ela gera é ativação (ou provocação) e esta, por sua vez, proporciona energia à todas as respostas que uma pessoa está disposta a fazer. Neste post de Psicologia-Online te explicamos os antecedentes da agressividade.

Índice

  1. Hipótese clássica da frustração-agressão
  2. Frustração-ativação
  3. Frustração e afeto negativo
  4. Calor e agressividade
  5. Razões que explicam as diferenças entre estudos de arquivo e de laboratório

Hipótese clássica da frustração-agressão

Críticas à hipótese clássica da frustração-agressão:

  • Bandura: as pessoas podem aprender a modificar suas reações diante da frustração.
  • Bus: a hipótese só se cumpre se a agressão é útil para superar a frustração, mas não em outros casos.

Dados a favor: Berkowitz deu lugar à atuais perspectivas sobre a frustração como antecedente da agressão. O fato de que se possa aprender outras reações à frustração não nega a existência de uma determinação inata. O inato seria que a frustração aumentasse a probabilidade de um certo tipo de resposta. A aprendizagem pode alterar ou disfarçar a manifestação dessa resposta.

Frustração-ativação

Hipótese revisada: a agressividade se produz quando disposições preexistentes foram ativadas no sujeito que pratica a agressão.

Geen

Ampliação da hipótese frustração-agressão. Frustração: Supõe uma mudança para pior na situação da pessoa. Compromete esforços anteriores e coloca perigo nos futuros. É, por sua vez, aversiva e ativante. Pode ser considerada como uma fonte de mais estresse. Qualquer mudança (em condições ambientais, dor física, ataque interpessoal), que implique em uma deterioração com respeito ao que a pessoa havia definido como aceitável, pode colocar em marcha a agressão.

Frustração e afeto negativo

Berkowitz

Conexão indireta entre frustração e comportamento agressivo através do afeto negativo: "sentimento desconfortável provocado por condições aversivas". Quando uma pessoa enfrenta uma experiência aversiva, se desencadeiam uma série de cognições, emoções e respostas expressivo-motoras. A reação inicial à frustração é afetiva. Por trás dela se inicia o processo associativo simples. Resultado final: tendência a agredir ou tendência a fugir em função da situação, como propõe o modelo de Blanchard.

Calor e agressividade

Quetelet formulou uma "Lei térmica da delinquência" Þ "Os delitos violentos são mais prováveis nos períodos de forte calor". Estudos de arquivo: Carlsmith e Anderson: Estudo dos distúrbios urbanos em cidades estadunidenses durante o período de 1967-1971. Resultado: Relação direta e linear entre temperatura e distúrbio. Anderson e Anderson: Dois estudos mais detalhados:

  1. Em Chicago, 90 dias do verão de 1967. Relação direta e linear entre a temperatura média diária e o número de assaltos.
  2. Assassinatos e violações cometidas em Houston durante o período de 2 anos. Se contrastou a temperatura máxima de cada dia estudado. Relação direta e linear entre temperaturas e delitos.

Anderson: Estudo mais completo. Delitos violentos cometidos em todo o território dos EUA durante uma década completa (1971-1980). Relação direta e linear entre temperatura e delitos violentos. Menos intensa entre temperatura e delitos não violentos.

Estudos de laboratório: Rule: Submeteram sujeitos a uma temperatura quente (33ºC) ou fresca (21ºC). A tarefa era escrever o final de uma história simples. Mais tarde se oferecia ao sujeito a possibilidade de administrar descargas à pessoa que havia produzido descargas nela. Se manipulava a temperatura ambiente (fresco 21ºC / quente 33ºC). Baron e Bell: Resultado: Menor intensidade do ataque em temperaturas elevadas. Os sujeitos não provocados são os mais agressivos na condição quente. Baron recorre ao "Efeito modulador do afeto negativo", para explicar a ausência de relação direta entre calor e comportamento agressivo.

Interpretação: quando existe afeto negativo a agressividade aumenta, mas apenas se a intensidade do afeto não ultrapassar certos limites: Uma intensidade extrema de afeto negativo pode produzir respostas de fuga. A provocação ou ataque, gera afeto negativo, a temperatura também Þ O limite pode ser ultrapassado de modo que a luta ceda espaço para a fuga. As situações intermediárias produziram um afeto negativo intermediário e, como resultado, uma alta agressividade. Calor sem provocação e Provocação sem calor: Relação de U invertida entre calor e agressão.

Último contraste: manipularam como origem do afeto negativo, não apenas o calor, mas também o frio (limonada moderadamente fria ou muito fria). O afeto negativo intermediário (temperaturas moderadamente frias ou moderadamente quentes), aumentou a agressividade. O afeto negativo intenso (frio ou calor extremos), reduziram a agressão. Se oferece aos sujeitos um copo de limonada fresca em:

  • A situação quente/provocação: se reduz o afeto negativo a um nível médio e a agressividade aumenta.
  • A situação quente/sem provocação: se reduz o efeito negativo e diminui a agressividade.

Razões que explicam as diferenças entre estudos de arquivo e de laboratório

A relação entre calor e agressividade não é direta nem linear, mas é mediada pelo afeto. Um afeto negativo excessivamente forte pode produzir a fuga e a não-agressividade.

Não se conhece a influência do calor sobre o afeto negativo nos dados de arquivo (As pessoas que escolhem escapar do calor ou participar dos distúrbios são desconhecidas).

Os contextos de laboratório permitem aos sujeitos escapar de situações calorosas (Ninguém os obriga a permanecer no experimento contra sua vontade).

Glass e Singer

O estresse provocado pelo ruído não depende tanto de sua intensidade como de sua previsibilidade e controlabilidade (Um ruído intenso gera menos estresse que outro, se se pode prever ou controlar, independentemente de sua intensidade).

As pessoas são capazes de se adaptar ao barulho e de agir com eficácia no que se trata de seus efeitos estressantes, no entanto, o ruído contínuo tem um efeito cumulativo que se traduz em uma redução da tolerância à frustração (possível antecedente da agressão): o barulho pode contribuir DE FORMA INDIRETA à agressão.

Mas o ruído também pode contribuir com a agressão de FORMAS DIRETAS: gerando uma ativação que proporciona energia a uma reação agressiva que já era provável na pessoa. Não é necessário que este sinta hostilidade ou raiva da vítima.

Geen e O'Neal

Sujeitos viam um filme (violento ou não violento) e logo eram submetidos ou não a um barulho alto. Houve maior agressão nos sujeitos submetidos ao filme violento - ruído forte.

Donnerstein e Wilson

Quando a pessoa tem motivos para agredir, o ruído intensifica o comportamento agressivo. As pessoas que tinham sido atacadas e eram expostas a um ruído desconfortável e incontrolável, agrediam mais intensamente que aquelas que haviam sido atacadas, mas sem exposição posterior ao ruído.

Geen

Demonstrou que, não é tanto o caráter desconfortável do ruído que é crucial neste afeto, mas sim sua controlabilidade (Os sujeitos que tinham a possibilidade de controlar o término do ruído, resultaram ser menos agressivos).

Geen e McCown

Demonstraram que, as diferenças no comportamento agressivo entre as pessoas expostas a um barulho controlável ou não, se devem a diferenças de ativação (Pressão sanguínea como índice de ativação). O barulho desconfortável e incontrolável intensifica a agressividade através do processo de ativação.

Dolor Berkowitz

A dor gera afeto negativo, no qual é o antecedente imediato das reações agressivas à experiência de dor. Importância em distinguir com clareza entre o estímulo desconfortável e a explicação que tem a pessoa para esse estímulo, que terão como consequência o estado geral de afeto negativo que o sujeito experimenta.

O ataque interpessoal

Para muitos autores, o ataque interpessoal é o antecedente mais importante da agressividade (mais que a frustração). Dois aspectos fundamentais:

  1. As intensidades respectivas de ataque e frustração.
  2. Nem todos os ataques são antecedentes de agressão.

Se não se percebe intencionalidade no ataque, ou se acredita realmente em ausência de malícia, a pessoa não chega a sentir estresse nem, portanto, a ativar-se. O ataque mesmo sem ser percebido como proposital ou malicioso, ativa ou estressa a pessoa. No entanto, a agressão não se produzirá porque a pessoa inibe o comportamento agressivo, na crença de que não é socialmente aceitável responder agressivamente a um ataque não proposital.

Violação das normas

Mummendey: na maior parte dos casos, a agressão não é um ato isolado. A agressão ocorre regularmente como um episódio ou um ato de sequência de interações entre duas ou mais pessoas. 4 aspectos fundamentais a se ter em mente:

  • A interpretação mútua das pessoas implicadas na interpretação e elaboração de julgamentos sobre se o comportamento é ou não apropriado e se houve intenção de prejudicar ou causar dano.
  • Contexto situacional no qual tal interação ocorre.
  • Existência de uma divergência de perspectivas segundo a posição de cada pessoa (atacante ou agressor).
  • Desenvolvimento ao longo do tempo.

Da Gloria e De Ridder

Existência de certa norma implícita sempre presente na interação entre pessoas. O caráter aversivo de uma situação se tolera se considerada necessária para a realização do objetivo. Se essa norma é violada, o comportamento será considerado injustificado e provocará agressão.

Violência no contexto familiar

Formas em que a violência no contexto familiar pode ser um antecedente da agressão:

  • Aprendizagem social de pais que recorrem à violência para impor disciplina. As crianças aprendem que a força física é um procedimento adequado para solucionar conflitos.
  • Treinamento explícito da conduta agressiva.
  • Pais, mães e irmãos explicam às crianças quando é conveniente agredir ao outro. Existência de discórdias no lar e falta de afeto.

Condições para que a violência na família se converta em um antecedente da agressão:

  • Nível de estresse e conflito na família.
  • Dessensibilização da violência. Fomento de uma norma cultural implícita, segundo a qual a violência na família é algo aceitável.

Aprofunde-se com o artigo que explica 11 características das pessoas agressivas.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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