Brainspotting: o que é e como funciona

Brainspotting: o que é e como funciona

Os seres humanos podem ter uma infinidade de lembranças que marcaram suas vidas. Sem darmos conta, este fato pode ser motivo de sofrimento, angústia e/ou mal-estar quando experimentamos novas experiências.

Pode ser que isto não te soe estranho e agora mesmo está vindo à sua mente algum momento importante em que você tenha sentido uma emoção intensa. Em certos casos, a intensidade de alguma experiência é tão impactante que é muito difícil apagá-la de nossa memória.

Embora eliminar os momentos difíceis possa ser uma tarefa praticamente impossível, podemos tentar abordá-los com algum método que nos forneça resultados novos.

Existe uma modalidade terapêutica que se encarrega disto mesmo através de diferentes terapias convencionais, conhecida como Brainspotting. Neste artigo de Psicologia-Online, te explicaremos o Brainspotting: o que é e como funciona.

O que é Brainspotting

A palavra Brainspotting possui em sua etimologia um significado particular derivado do inglês que quer dizer "ponto cerebral". Mais tarde, a psicologia tomou este significado e o implementou na abordagem de experiências traumáticas.

O Brainspotting foi descoberto no ano 2003 pelo psicólogo David Grand, enquanto desenvolvia a terapia EMDR (Dessensibilização e reprocessamento por Movimentos Oculares). Em linhas gerais, este psicoterapeuta compreendeu que o impacto de eventos traumáticos ocorridos em algum momento da vida era menor quando se reduzia a faixa de movimentos oculares.

Isto nos leva a pensar no papel dos mecanismos de defesa da mente diante de situações de grande sofrimento e difíceis de processar. Quando uma pessoa enfrenta experiências traumáticas e não possui recursos para elaborá-la, estas experiências ficam bloqueadas no cérebro. Deste modo, ocorrem ativações de certas conexões neuronais vinculadas à angústia, ansiedade ou medo.

A quem o Brainspotting é dirigido

Agora que já sabemos o que é o Brainspotting, podemos começar a falar dos destinatários dessa abordagem terapêutica. É importante mencionar que nem todas as pessoas com algum dos sintomas que dificultam suas atividades cotidianas terão que realizar sessões deste tipo de terapia, já que a escolha será determinada pelos objetivos que tenham.

A seguir, te mostraremos a quem é dirigido o Brainspotting:

  • Jovens que tenham atravessado situações de abuso sexual infantil, violência familiar, maus tratos verbais e/ou físicos.
  • Adultos que tenham vivido situações traumáticas que afetem sua performance acadêmica, profissional, social e/ou familiar.
  • Pessoas que apresentam sintomas corporais que não possam ser explicados por uma condição orgânica.

Em termos gerais, a ideia é que a pessoa que procure a ajuda de um psicoterapeuta especializado na técnica de Brainspotting ficou exposta a um trauma. No entanto, a decisão do tipo de tratamento mais adequado para o paciente será tomada pelo profissional da saúde, depois de avaliar suas características pessoais.

Como funciona a técnica do Brainspotting na psicologia clínica

Finalmente, neste tópico falaremos do funcionamento do Brainspotting na psicologia clássica. A seguir, detalharemos como esta técnica funciona:

  1. Inicialmente, é necessário um grau pleno de atenção por parte do paciente em suas emoções mais profundas e seu estado corporal.
  2. Depois de um determinado período de tempo, o foco principal será colocado em permitir que o paciente se lembre do evento traumático que marcou sua vida.
  3. Uma vez que se tenha atingido este nível de concentração e atenção, o psicoterapeuta fará com que a pessoa coloque seu olhar em um ponto fixo. Em seguida, solicitará ao paciente seguir os dedos do terapeuta com o olhar. Em linhas gerais, isto fará com que se dê conta de que existe uma conexão importante entre as sensações corporais da pessoa e seus eventos traumáticos.
  4. Quando o paciente já é consciente do trauma, o terapeuta observará sua reação.
  5. Este processo se repetirá várias vezes até que a aparição do momento traumático já não produza nenhum efeito desagradável para o paciente.

Esta abordagem possui uma eficácia e eficiência elevada e são muitas as pessoas que viram seus sintomas reduzidos depois de algumas sessões.

No entanto, é importante esclarecer que a técnica do Brainspotting não possui um tempo determinado para alcançar um sucesso terapêutico, já que os resultados dependerão de fatores alheios à mesma, como por exemplo a frequência das sessões, o grau de aceitação da pessoa, a idade, as experiências terapêuticas prévias ou doenças pré-existentes, entre outros.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • Rodríguez Álvarez, M. (2016). Dos técnicas para trabajar el trauma: Hipnosis y Brainspotting. Revista Hipnológica, 9 (2), 4-10.
  • Santana Llerena, B. (2020). Aplicación del Brainspotting en el Tratamiento de Eventos Traumáticos. Universidad Tecnológica Indoamericana. Facultad de Ciencias Humanas y de la Salud.