
A palavra preocupação vem do latim praeoccupatio, formada por prae (antes) e occupatio (ato de ocupar). Ou seja, significa “ocupar-se antes”. Quando estamos preocupados, nossa mente se antecipa a algo que ainda não aconteceu, tentando controlar o incerto. Essa antecipação nos desconecta do presente, consumindo energia com possibilidades que, muitas vezes, nem se concretizam. Preocupar-se é como viver problemas futuros no agora, sem a chance de agir com clareza.
Reconhecer esse padrão é o primeiro passo para retomar o foco e a serenidade. Ao invés de se preocupar, que tal se preparar?
Por esse ser um assunto que interessa a tantas pessoas, vamos falar neste artigo de Psicologia-Online, sobre algumas maneiras para ajudar a você a parar de se preocupar, através do tema: Como parar de se preocupar.
1. Volte para o presente
Preocupar-se é viver no “e se?”. E se der errado? E se não der tempo? Mas o único tempo que podemos viver é o agora. Uma boa forma de romper o ciclo da preocupação é se ancorar no presente. Observe ao redor: o que você vê, ouve, sente? Respire.
Traga sua atenção de volta. Quanto mais tempo sua mente passar no agora, menos espaço haverá para as projeções mentais que alimentam a ansiedade. O futuro não pode ser controlado, mas o presente pode ser vivido.

2. Questione os seus pensamentos
Nem todo pensamento é verdade, especialmente os que vêm carregados de medo. Quando a preocupação surgir, pergunte-se: “Isso é um fato ou é uma hipótese da minha mente?” Muitas vezes, estamos reagindo a cenários que sequer existem.
Escrever os pensamentos pode ajudar a vê-los com mais clareza e identificar distorções. Pensar demais não resolve, só desgasta. Ao colocar luz sobre os exageros mentais, você recupera o controle. Pensar diferente é possível, e questionar é o primeiro passo para aliviar a mente.

3. Separe tempo para se preocupar
Pode parecer estranho, mas funciona: reserve um momento do dia, de 10 a 15 minutos, só para se preocupar. Durante esse tempo, escreva tudo o que vier à cabeça, sem filtro. Depois, pare. Se pensamentos preocupantes surgirem fora desse horário, diga a si mesmo: “Penso nisso no momento certo”. Isso treina o cérebro a não se perder em ciclos repetitivos. A preocupação tende a se espalhar quando ganha espaço ilimitado. Dar contorno a ela é uma forma gentil de retomar o comando.

4. Faça atividades manuais
A preocupação ocupa a mente, então ocupar as mãos pode ser um antídoto. Atividades manuais, como cozinhar, desenhar, escrever à mão, mexer com plantas, tricotar, ajudam a tirar o foco dos pensamentos repetitivos e reconectar você ao corpo.
É como se a energia mental excessiva encontrasse uma rota de escape saudável. Quando estamos engajados com o que fazemos, acessamos um estado de presença que reduz a ansiedade. Não subestime o poder de fazer algo simples e concreto para acalmar a mente.

5. Pratique o que está sob o seu controle
A preocupação muitas vezes gira em torno do que não podemos mudar. Que tal inverter o foco? Pergunte-se: “O que está ao meu alcance agora?” Pode ser uma pequena ação, um preparo, uma conversa, um passo. Direcionar a energia para aquilo que você pode fazer, em vez de gastar força com o incerto, traz mais clareza e calma. O cérebro adora previsibilidade e agir, mesmo que em algo simples, já dá a sensação de estrutura. Foco na ação é alívio na mente.

6. Nomeie o que você sente
Preocupação é pensamento, mas por trás dela, quase sempre há uma emoção tentando se expressar. Medo, insegurança, tristeza, frustração… Quando nomeamos o que sentimos, damos um passo importante para sair do modo automático. “Estou ansioso porque não sei como será.” “Estou com medo de falhar.” Isso acalma o sistema nervoso e amplia a consciência emocional. Sentimentos precisam de espaço, não de julgamento. Ao reconhecer a emoção que sustenta a preocupação, você diminui seu impacto. Sentir é humano. Negar, só alimenta o ciclo.

7. Reduza os estímulos antes de dormir
A preocupação adora aparecer à noite, quando o corpo tenta descansar, mas a mente segue ligada. Reduzir os estímulos como luzes fortes, redes sociais, notícias ou tarefas mentais, ajuda a sinalizar ao cérebro que é hora de desacelerar. Criar um ritual leve antes de dormir, como tomar um chá, ler algo tranquilo ou ouvir uma música suave, prepara o terreno para um sono mais reparador. Mente cansada preocupa mais. Mente descansada escolhe melhor os pensamentos que vai alimentar.

8. Compartilhe com alguém de confiança
Ficar sozinho com as preocupações é como andar em círculos dentro da própria mente. Quando você compartilha com alguém que escuta com empatia, algo muda. Às vezes, só de colocar em palavras, o peso já diminui. Outras vezes, a pessoa traz uma nova perspectiva ou só segura sua mão em silêncio, o que já é muito. Não é fraqueza precisar de apoio. É coragem. Preocupações se multiplicam no silêncio, mas tendem a se reorganizar quando acolhidas em um espaço seguro e humano.

9. Treine sua atenção como um músculo
A mente preocupada adora fugir do agora. Treinar a atenção, aos poucos, ajuda a trazer o foco de volta como um músculo que se fortalece com prática. Isso pode ser feito com respirações conscientes, caminhadas observando o ambiente, momentos de silêncio ou até lavando a louça prestando atenção na água e no sabão. Não precisa ser complexo, precisa ser constante. A cada vez que você volta ao momento presente, está dizendo à sua mente: “Eu escolho onde colocar minha energia.”
10. Lembre-se de que pensar demais não previne o sofrimento
A mente preocupada acredita que pensar demais é uma forma de se proteger. Mas, na verdade, é só um jeito de sofrer antes da hora e às vezes, por coisas que nem vão acontecer. Pensar não é o mesmo que resolver. Nem sempre mais análise traz mais segurança. Às vezes, traz só mais confusão. A vida pede presença, não previsões. Quando você perceber que está preso no looping mental, respire e diga a si mesmo: “Eu posso pausar.” Você não é seus pensamentos você é quem os observa com gentileza.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- SILVA, André Luiz Moreno da. Preocupação: avaliação e seus efeitos sobre a memória de trabalho. 2013. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/263435. Acesso em: 23 de março de 2025.