Como parar de se vitimizar

Como parar de se vitimizar

Você conhece alguém que se faz de vítima? Acredita que pode ser uma pessoa com tendência a se vitimizar? Às vezes, adquirir atitudes pouco desejáveis ou nos rodear de pessoas que façam isso pode ser muito frustrante para nosso desenvolvimento pessoal e nossa comodidade emocional.

Neste artigo de Psicologia-Online iremos explicar como parar de se vitimizar, veremos como evitar esse tipo de comportamento e como sermos um pouquinho mais conscientes de nós mesmos.

O que é se vitimizar

Em primeiro lugar, definir essa expressão nos ajudará a dar um contexto sobre o tema. A que nos referimos exatamente quando usamos o termo "fazer-se de vítima"?

O significado de vítima é "pessoa que sofre prejuízo por culpa alheia ou por causa fortuita". Curiosamente, o dicionário também tem uma definição para o termo se fazer de vítima: "queixar-se de forma excessiva procurando a compaixão dos demais”.

Nessas definições podemos detectar dois extremos, a definição de vítima tem um "culpado" alheio à pessoa, em troca, na segunda definição se usa a reclamação e a intenção de chamar a atenção de alguma forma dos demais.

Se focarmos exclusivamente na análise da expressão a sensação que pode ser produzida é a intencionalidade da pessoa que "se faz de vítima". Isso pode resultar em uma rejeição dessa pessoa ou de nós mesmos quando detectamos que temos um comportamento vitimista.

Por que as pessoas se vitimizam

Quando pensamos em atitudes que consideramos negativas ou pouco desejadas, é muito difícil reconhecê-las em nós mesmos, já que nosso cérebro está preparado para omitir o que não é capaz de sustentar. Mas é certo que todos, em maior ou menor grau, já nos comportamos nos vitimizando em algum momento de nossas vidas.

Estamos acostumados a ler este tipo de artigo a partir de uma perspectiva desapegada de nós mesmos, ou seja, quando começamos a ler a atitude, o comportamento ou as características de se fazer de vítima, pensamos em alguma pessoa que conhecemos ou que temos ao nosso redor, porém quase nunca fazemos o exercício de autocrítica.

Te convido a tentar refletir sobre o tema, tentando identificar algum momento em que seu comportamento tenha sido similar ou acredita que poderia ter esse tipo de atitude, porque a partir da humildade de observar a si mesmo, você poderá adquirir um conhecimento muito valioso que te permitirá reconhecer atitudes que estejam impedindo seu desenvolvimento emocional.

Um dos grandes erros que cometemos ao identificar uma pessoa com atitudes de reclamações constantes, passiva ou vitimista é a ideia de que seu comportamento é uma escolha, ou seja, que faz porque ela gosta ou porque quer. Isso não é assim, os comportamentos ou papéis que desempenhamos em nossa vida são consequências de nossas experiências, educação, cultura, disposição, conhecimento próprio e muitos outros fatores, portanto não é uma "escolha". Por isso, não é que nos agrade nos fazer de vítima, mas é a forma que aprendemos a nos comportar.

Motivos para se vitimizar

Quando as pessoas agem com atitudes vitimistas é pelos seguintes motivos:

  1. Sensação de vulnerabilidade. Deve-se considerar que quando adquirimos um comportamento a partir de uma perspectiva de vítima, é porque de alguma forma nos sentimos assim, ou seja, nos sentimos indefesos, vulneráveis ou em desvantagem pela situação ou pessoas que nos cercam.
  2. Dificuldade. Assumir que algo nos supera é assumir nossa vulnerabilidade e, em muitos casos, não temos as ferramentas emocionais necessárias para nos permitir sentir nosso medo ou dor.
  3. Pressão social. Na sociedade ocidental nos educam com a crença da força, acreditar que conseguiremos todo o que nos propomos a fazer e a ideia de esforço constante.
  4. Falta de educação emocional. Não nos ensinam a conviver com as emoções que nos provocam desagrado ou nos geram ansiedade, isso faz com que a gente crie modelos para evitar diante de situações que não sabemos encarar e o terror que nos provoca em "fracassar". Quando temos um conhecimento e respeito de nossas emoções e como elas agem diante das circunstâncias que nos rodeiam, por exemplo, o fato de "fracassar" não é considerado uma derrota, mas como um aprendizado, adquirindo conhecimento ao redor e nossas limitações, permitindo que possamos voltar a tentar o que nos havíamos proposto.
  5. Insegurança. Em troca, a partir da insegurança e da pouca conexão com nossas emoções, um "fracasso" não teria espaço, já que fica assumido que "não podíamos", isso para uma pessoa com baixo conhecimento emocional ou que tende a se fazer de vítima é totalmente insustentável e optaria por culpar alguém, evitando a responsabilidade de suas limitações. No seguinte artigo você encontrará informações de como superar a insegurança emocional.

Consequências de se vitimizar em um relacionamento

Se você acredita que tem uma relação com alguém que tem a mania de se fazer de vítima, considere que possivelmente não é sequer consciente o que ela está fazendo. Tentar mostrar para uma pessoa a sua atitude vitimista pode ser uma má ideia, já que a pessoa que assumiu esse papel não terá a capacidade de identificá-lo e te culpará, projetando seus sentimentos negativos e sentindo que é você que quer machucá-la.

Por outro lado, é saudável quer que tipo de relação você tem com essa pessoa, às vezes, o comportamento de um vem fomentado pelo comportamento do outro. Ou seja, você pode se perguntar "de que forma eu fomento esse comportamento vitimista?"

Em alguns casos, um pode assumir o papel de protetor fazendo que a outra pessoa com tendência a evitar responsabilidade vá assumindo cada vez mais o comportamento de vítima.

Se você assume o papel de protetor, se preocupando demais por alguém, tentando resolver seus problemas, cruzando a linha da individualidade, é positivo que você comece a adquirir responsabilidade sobre si e aprenda a desapegar dessas atitudes, deixando espaço para que a outra pessoa aprenda a se responsabilizar por suas próprias ações, sendo assim, mais livre e autônoma em sua vida, dessa forma você está fomentando o crescimento dessa pessoa ao tempo que também fomenta o seu crescimento.

Se, por outro lado, você acha que seu comportamento é o de vítima, é conveniente que você se faça a mesma pergunta: "como fomento o comportamento protetor? Detectar os comportamentos que adquirimos dentro da relação, para que você procure alguém que te proteja ou resolva seus problemas ou vazios emocionais, te ajudará a poder começar a ser autossuficiente e responsável de suas ações.

É necessário levar em consideração que qualquer relação que se constitui a partir da necessidade, seja do tipo que seja, não é uma relação saudável, visto que sempre terá uma das partes que tenha poder sobre a outra, podendo, inclusive, ir intercalando os papéis já que se adquire o costume de "dar e receber". Uma relação saudável não se baseia no que conseguimos dela, mas sim em quem somos e como compartilhamoms o que somos com o outro.

Como parar de se vitimizar

É de se supor, como em tudo, que existem diferentes níveis de comportamentos vitimistas. Se foi possível fazer uma autocrítica e você identificou algum momento em que você se comportou a partir de uma posição de vítima, vamos ver como parar de se fazer de vítima.

1. Faça uma autoanálise

Tente ver o motivo por ter se comportado a partir de uma posição vitimista, não coloque a responsabilidade no outro, se pergunte:

  • Por que agi de forma submissa?
  • Por que não me responsabilizei?
  • O que me dava medo?
  • O que eu tentava evitar?

Com estas simples perguntas você pode começar a investigar sobre você, começando a adquirir responsabilidade sobre o nosso comportamento.

2. Analise seu entorno

Em alguns casos o comportamento vem influenciado do ambiente, como explicávamos antes, uma tendência pode vir influenciada por outra, se você se der conta que está em um entrono de proteção ou excessivo controle, é saudável que você ganhe um espaço, permitindo observar seu comportamento fora desse ambiente e identificar se existem mudanças em suas atitudes.

3. Responsabilize-se

Às vezes, queremos saber de onde vêm nossas atitudes e nos concentramos em encontrar respostas, as atitudes passivas e sentimentos de vítima costumam acontecer por superproteção ou vivências nas quais nos sentimos indefesos em etapas no início de nosso desenvolvimento. Mas o certo é que descobrir a origem não é sinônimo de saúde, na verdade, se converte em um escape para não se responsabilizar do comportamento presente.

4. Empodere-se

Qualquer comportamento que usamos no presente, mesmo que tenha origem no passado, exclusivamente pode se resolver no presente. Colocando consciência, explicando como nos vinculamos, o que buscamos nos demais, o que evitamos e quais atitudes temos frente às diversidades, com toda essa informação e pouco a pouco podemos ir adquirindo responsabilidade e nos empoderar como pessoas livres.

5. Peça ajuda profissional

Se você acha que não é capaz de fazer esse processo sozinho/a ou sente que não tem nenhum tipo de responsabilidade do que acontece em sua vida, é recomendável que socorra a um profissional, iniciar uma terapia de crescimento emocional pode ajudar a adquirir conhecimento e poder para manejar sua vida a partir de quem você é, se respeitando e construindo vínculos saudáveis.

Neste outro artigo você pode identificar como saber se preciso de terapia.

6. Se conheça

A única forma de mudar qualquer tipo de atitude que nos satisfaça é o conhecimento, realizarmos perguntas do tipo:

  • Quem sou?
  • Do que gosto?
  • O que não me agrada?
  • O que eu gostaria de melhorar?

Buscar respostas para essas perguntas por meio de leituras, conversas com pessoas de nosso entorno ou de entornos diferentes, terapia ou qualquer atividade que te ajude a se conhecer um pouco mais.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • Fromm, E. (2004). El miedo a la libertad. Barcelona: Paidós.
  • Fromm, E. (2017) Tener o ser. Barcelona: Paidós.
  • Goleman, D. (1996) Inteligencia Emocional. Barcelona: Kairós.
  • Pradervand, P. (2007) ¿Victima o responsable? Yo decido. Barcelona: Sal Terrae.