Dermatilomania: o que é, causas, sintomas e tratamento

Dermatilomania: o que é, causas, sintomas e tratamento

Os seres humanos têm certos comportamentos que, às vezes, são realizados de forma inconsciente. Os comportamentos automáticos ocorrem sem um esforço mental que nos faça darmos conta da tarefa que estamos realizando, como por exemplo tocar o cabelo constantemente. Entretanto, há vezes em que esses tipos de conduta podem nos causar danos e/ou mal estar e, ao tentar abandoná-las, não obtemos muito sucesso.

Mesmo sendo consciente dessas condutas, nem sempre podemos parar de realizá-las. Um exemplo é o caso das pessoas que sofrem de dermatilomania, um transtorno no qual os pacientes realizam ações que provocam danos à própria pele. Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre essa conduta, este artigo de Psicologia-Online falará sobre a dermatilomania: o que é, causas, sintomas e tratamento.

O que é a dermatilomania

A dermatilomania consiste no ato repetitivo de coçar, beliscar, arranhar, descascar, cutucar ou morder a própria pele.[1] Ocorre principalmente no rosto, braços e mãos, e pode ser realizada com as unhas ou com um objeto (como agulha ou tesoura).

O comportamento repetitivo pode ocorrer durante muito tempo (inclusive horas) e provoca lesões na pele, que a pessoa pode tentar esconder.

A dermatilomania, também chamada de escoriação psicogênica ou transtorno de escoriação, aparece nas classificações de diagnóstico do DSM-5 (da Associação Americana de Psiquiatria) e no CIE-11 (da Organização Mundial de Saúde):

  • No DSM-5, é uma categoria diagnóstica própria e está dentro do grupo de "Transtorno Obsessivo Compulsivo e Transtornos Relacionados".
  • Enquanto isso, na classificação do CIE-11, está na categoria "Transtorno de Comportamento Repetitivo com Foco no Corpo" dentro do grupo "Transtornos Obsessivos-Compulsivos e Outros Transtornos Relacionados".

A dermatilomania é um tipo de transtorno obsessivo compulsivo? Embora em ambas as classificações ela esteja agrupada com transtornos obsessivo-compulsivos, a principal diferença da dermatilomania para eles é que não necessariamente tem que existir uma obsessão, embora apareça um comportamento compulsivo.

Contudo, de forma similar ao transtorno obsessivo compulsivo, a pessoa considera seus comportamentos repetitivos incômodos e tenta se desfazer deles ou, ao menos, diminuí-los.

Tipos de dermatilomania

De acordo com Arnold, L.M., Auchenbach, M.B. e McElroy, S.L.[2], antes da inclusão da dermatilomania nas classificações diagnósticas, havia sido proposta uma classificação dentro do transtorno de escoriação que incluía três subtipos:

  • Subtipo impulsivo: em que o paciente mostra pouca resistência à realização do ato e o autoflagelo está mais relacionado à excitação, prazer ou redução de tensões.
  • Subtipo compulsivo: o paciente demonstra resistência à realização do ato e se machuca para prevenir uma uma situação da qual tem medo ou para evitar o aumento da ansiedade.
  • Subtipo misto: neste subtipo aparecem características dos dois anteriores.

Causas da dermatilomania

Vejamos quais são as causas da dermatilomania. A origem dos problemas dermatilomaníacos pode estar na resposta dada pelo paciente a determinadas coceiras e/ou sensações cutâneas a partir das quais surgem os comportamentos impulsivos-compulsivos[3].

Torales Benítez, J., Rodríguez Masi, M. e Riego Meyer, V.[4]sugerem como gatilhos mais comuns para a coceira: olhar e sentir a pele, tédio, fadiga ou estresse. As emoções desagradáveis como tristeza ou raiva, sensação de ansiedade ou outras situações como estar na cama, falar ao telefone ou assistir televisão também poderiam provocar o surgimento do ato problemático.

Por último, a nível biológico foi sugerida outra possível causa da dermatilomania: um déficit de serotonina está relacionado com as condutas repetitivas por um lado; por outro, também foi proposto que a escoriação neurótica pode estar ligada a uma conduta higiênica que sobreviveu ao longo da evolução humana.

Sintomas da dermatilomania

Os sintomas da dermatilomania são:

  • A pessoa se coça, belisca, cutuca, morde, arranha ou descasca a pele do corpo ou do couro cabeludo repetidamente.
  • Sente a coceira como algo irracional e causa mal estar.
  • Como consequência do ponto anterior, ela tenta diminuir ou eliminar a conduta.
  • A pessoa pode tentar ocultar as feridas provocadas por coçar-se repetidamente.

Tratamento da dermatilomania

É importante fazer um tratamento para a dermatilomania, já que se trata de um transtorno que tende a se tornar crônico caso não se faça uma intervenção sobre ele. Como curar a dermatilomania? Como parar a mania de coçar a cabeça e como parar de se coçar? Vejamos como superar a dermatilomania.

A terapia cognitivo comportamental seria o tratamento adequado para a dermatilomania. Segundo Torales Benítez, J. y Arce Ramírez, A.[5], outras técnicas apropriadas (levando em conta que se deve considerar o nível de consciência do paciente sobre seus atos repetitivos para escolher entre uma e outra) são:

  • Controle de estímulos.
  • Treinamento de reversão de hábito.
  • Psicoeducação.
  • Técnicas de relaxamento, como por exemplo a meditação guiada.
  • Reestruturação cognitiva.
  • Técnicas de controle de contingências.

A terapia de aceitação e compromisso também é recomendada em casos de transtorno de escoriação.

A terapia farmacológica pode ajudar também nos casos em que o paciente não responde à psicoterapia.

Por último, observa-se que a yoga, o exercício aeróbico, a acupuntura e as técnicas de biofeedback podem acrescentar benefícios ao tratamento da dermatilomania.[3]

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. CRUZADO Rodríguez, J.A. (2014) Trastorno Obsesivo Compulsivo y Trastornos Relacionados. En Caballo, V.E., Salazar, I.C. Y Carrobles, J.A. (2014) Manual de Psicopatología y Trastornos Psicológicos. Madrid. Pirámide.
  2. FERNANDÉZ Rodríguez, M., García Miranda, I. Y Villaverde González, A. (2020). La excoriación psicógena: un trastorno del espectro obsesivo-compulsivo. Norte de Salud Mental, 16 (62) 77-83.
  3. TORALES, J., Ruiz Díaz, N., Barrios, I., Navarro, R., García, O., O´Higgins, M., Castaldelli-Maia, J.M., Ventriglio, A. y Jafferany, M. (2020) Psychodermatology of skin picking (excoriation disorder): A comprehensive review. Dermatologic Therapy, 33 (4) doi: 10.1111/dth.13661.
  4. TORALES Benítez, J., Rodríguez Masi, M. y Riego Meyer, V. (2014) Clínica del trastorno de excoriación. En Torales, J. (2014) El Trastorno de Excoriación: de la emoción a la lesión. Asunción: EFACIM.
  5. TOLARES Benítez, J. y Arce Ramírez, A. (2014) Terapia cognitivo-conductual en el trastorno de excoriación. En Torales, J. (2014) El Trastorno de Excoriación: de la emoción a la lesión. Asunción: EFACIM.
Bibliografia
  • Organización Mundial de la Salud (OMS) (2018) Clasificación Internacional de Enfermedades, 11.a revisión. Disponível em: <https://icd.who.int/es> Acesso em: 03 de junho de 2021.