Doença do riso: sintomas, causas e tratamento

Doença do riso: sintomas, causas e tratamento

Rir traz numerosos benefícios para nossa saúde, tanto física como mental. Uma prova disso, é que até mesmo é utilizado como recurso terapêutico. Associamos a risada às emoções agradáveis, aos bons momentos, à diversão, etc. No entanto, é possível que em algum momento a risada tenha te causado algum constrangimento. Alguma vez você sofreu um ataque de riso incontrolável em algum contexto inapropriado? Se já aconteceu com você, conseguirá identifica facilmente a vergonha associada.

Agora, existem patologias que provocam ataques de riso incontroláveis, podendo aparecer também em contextos inapropriados. É possível que se você tenha visto o filme "Coringa", identifique este problema. Quer saber o que há detrás destes ataques de riso? Continue lendo este artigo de Psicologia-Online no qual tratamos da doença do riso: sintomas, causas e tratamento.

Como se chama a doença do riso incontrolável

Como apontamos na introdução, é muito possível que todos em algum momento experimentemos ataques de riso. Longe da satisfação e dos benefícios desta, os ataques de riso podem se tornar patológicos ao aparecer no contexto de algumas condições médicas. Quando falamos de doença do riso podemos estar nos referindo a:

  • Condição pseudobulbar ou instabilidade emocional, que pode aparecer em algumas doenças.
  • Crises epiléticas gelásticas que também provocam ataques de riso incontroláveis.

Condição pseudobulbar

Os pacientes com condição pseudobulbar mostram expressões incontroláveis de riso e/ou choro que não podem ser controlados. Trata-se de pacientes que mostram instabilidade emocional que, seguindo a definição do dicionário psicológico da Associação Americana de Psiquiatria[1], a instabilidade emocional consiste em uma condição altamente variável no qual se produzem mudanças repentinas.

Os resultados do estudo de Quarracino, C. et al (2014)[2] indicam que é mais frequente encontrar a condição de choro e a condição combinada de riso e choro e menos a condição única de riso.

Crises epiléticas gelásticas

No caso das crises gelásticas, os pacientes mostram ataques de riso incontroláveis e, mesmo que a aparência possa confundir, trata-se de uma crise epilética. Não obstante devemos apontar que não se trata de um problema muito frequente.

Segundo Islas García, D. et al. (2020)[2], no início as crises gelásticas são caracterizadas por episódios espontâneos, incontroláveis e explosivos de riso. Os pacientes mais velhos relatam sentir mal-estar epigástrico e uma necessidade de rir que não pode ser suprimida.

Estas crises se apresentam de forma mais leve em pacientes que não mostram deterioramento cognitivo, nem alterações no comportamento e são mais graves naqueles casos nos quais as crises aparecem antes e seguem com deterioramento cognitivo.

Causas da doença do riso

As causas da doença do riso podem ser por condição pseudobulbar ou por crises gelásticas. Vejamos as causas em cada caso:

Causas da condição pseudobulbar

Não parece haver um consenso a respeito das causas fisiopatológicas da condição pseudobulbar, mesmo que se tenham estabelecido hipóteses relacionadas com a localização da lesão ou a condição pré-mórbida dos pacientes.

Quanto a localização da lesão, de acordo com a publicação de Quarracino, C. et al., (2014)[2], a condição pseudobulbar foi relacionada com alterações subcorticais e frontais, lóbulos temporais e até mesmo com uma condição cerebelar.

A mesma publicação encontra maior frequência em doenças nas quais a via piramidal e/ou extrapiramidal é afetada.

Causas das crises gelásticas

As crises epiléticas podem ser provocadas por múltiplos fatores, desde fatores genéticos até lesões cerebrais adquiridas. Objetivamente, as crises gelásticas estão associadas a hamartomas hipotalâmicos. O hipotálamo é uma estrutura cerebral subcortical que, além de estar relacionada com o apetite, a sede, o sono ou a sexualidade, também se encontra envolvida no controle da atividade autônoma e/ou involuntária. Por outro lado, um hamartoma faz referência a uma malformação.

Transtornos associados a doença do riso

O que os pacientes com riso patológico têm? Segundo Quarracino, C. et al. (2014), a condição pseudobulbar está frequentemente relacionada com doenças neurológicas como:

  • A doença de Parkinson.
  • A esclerose múltipla.
  • O derrame cerebral.
  • A esclerose lateral amiotrófica.
  • Epilepsia. No caso das crises gelásticas, como já indicamos, a doença subjacente aos ataques de riso incontroláveis são as crises epiléticas.

Tratamento da doença do riso

O tratamento do riso patológico também varia em função do transtorno ou doença que o cause.

Tratamento da condição pseudobulbar

A condição pseudobulbar é tratada mediante terapia farmacológica:

  • Dextrometorfano e quinidina.
  • Antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina.

Esta terapia pode ser complementada com terapia psicológica, que deverá se ocupar de todos os sintomas associados que podem surgir no caso, desde a gestão das emoções negativas (como a vergonha) aos sintomas ansioso depressivos que podem estar presentes.

A doença pode chegar a ser incapacitante. Se o paciente não puder controlar suas explosões emocionais é possível que, por exemplo, comece a evitar lugares onde há grande quantidade de pessoas, ir ao trabalho, etc. Portanto, o apoio psicológico e social será fundamental para o tratamento destes pacientes.

Se você viu o filme do Coringa, sabe como o transtorno do coringa, que é a doença do riso, pode afetar bastante negativamente a vida de uma pessoa.

Tratamento das crises epiléticas gelásticas

O tratamento médico pode consistir em terapia farmacológica, intervenção cirúrgica e/ou radioterapia.

Dependendo do caso, a terapia psicológica será encaminhada ao acompanhamento no processo de intervenção, ao controle e manejo dos problemas de comportamento, a possível sintomatologia ansioso depressiva que possa surgir e/ou ao tratamento da condição cognitiva que o paciente possa apresentar.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. ASSOCIACIÓN AMERICANA DE PSICOLOGIA (2020). APA Dictionary of Psychology. Recuperado de https://dictionary.apa.org
  2. QUARRACINO, C., Garreto, G.S., Arakaki, T., Franco, A., González, L., Bohorquez Morera, N., Lepera, S., Silva, B., Garcea, O., Rey, R.C. y Rodríguez, G.E. (2014). Frecuencia de afección seudobulbar en pacientes con esclerosis lateral amiotrófica, enfermedad de parkinson, esclerosis múltiple y accidente cerebrovascular. Neurología Argentina, 6 (3): 142-148
  3. Islas García, D., Alderete Berzaba, J., Quiróz Serna, C.V. y Perera Canul, R.N. (2020). Crisis gelásticas secundarias a hamartoma hipotalámico. Anales Médicos, 65 (3): 233-238
Bibliografia
  • ARIAS, M. (2011). Neurología de la risa y del humor: risa y llanto patológicos. Revista de neurología, 53 (7): 415-421.