Psicologia clínica

Dores psicológicas: tipos e como tratar

 
Gianluca Francia
Por Gianluca Francia, Psicólogo. 30 novembro 2021
Dores psicológicas: tipos e como tratar

A vida traz consigo momentos difíceis como a perda de uma pessoa próxima, uma decepção ou uma traição. A dor psicológica é, de fato, uma condição que, cedo ou tarde, afeta a todos. Não é um termo de formal de diagnóstico, mas é utilizado para descrever a dor que pode ser atribuída aos fatores psicológicos, que podem compreender certas crenças, medos, recordações ou emoções que detectamos no início ou com o agravamento da dor. Neste artigo de Psicologia-Online, vamos fazer um resumo sobre o tema, abordando as dores psicológicas: tipos e como tratar.

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Índice

  1. O que são dores psicológicas
  2. O transtorno álgico
  3. Tipos de dores psicológicas e duração
  4. Como reconhecer as dores psicológicas
  5. Como tratar as dores psicológicas

O que são dores psicológicas

Existe dor psicológica? Pensar na dor como psicológica significa supor que ela tem uma origem puramente psíquica. A dor psicológica é a experiência de mal-estar mental, é sentir emoções desagradáveis e dolorosas. Mesmo que também possa parecer com uma sensação física, possui origem psicológica.

Vejamos as causas psíquicas da dor. A dor psicológica é causada por um estímulo, também psíquico, que poderia ser um sonho, uma alucinação ou uma recordação. Isto não significa que a dor psicológica seja um sonho, ou uma alucinação ou uma lembrança, e sim que tal dor pode derivar de um mecanismo similar do qual deriva um acontecimento considerado apenas de origem psíquica como um sonho.

A dor emocional também pode ser explicada em um processo de identificação; isto pode ocorrer, por exemplo, quando um sujeito perde um ente querido, que sofreu muito.

Por outro lado, a dor psicológica também pode se referir a dor psicogênica ou dor somática. Complexo de definir, ainda mais de tratar, a dor psicogênica continua sendo um desafio para a medicina contemporânea desde o ponto de vista fisiopatológico e terapêutico. A definição do MDE IV de "transtorno álgico" reflete melhor as características clínicas deste fenômeno, entre as muitas definições nosográficas que aconteceram nos últimos trinta anos.

Dores psicológicas: tipos e como tratar - O que são dores psicológicas

O transtorno álgico

Ao longo dos anos, e com a ampliação do conhecimento sobre a dor, foram encontrados e modificados, para a dor psicológica, diferentes definições e critérios diagnósticos; o que melhor reflete suas características parece ser a definição do MDE de transtorno álgico, diagnóstico psíquico que melhor se ajusta à dor psicológica.

Está inserida no capítulo dos transtornos somatoformes, mas é pouco utilizada na prática clínica; um diagnóstico que pode ser utilizado quando a dor representa o componente principal do quadro clínico e gera um mal-estar clinicamente significativo, limitante, em ausência de condições psíquicas patológicas, mas na presença de algum fator psicológico que exerce um papel determinante no início, na implementação ou na manutenção da própria dor.

No seguinte artigo, você encontrará mais informações sobre O que é a somatização na psicologia.

Tipos de dores psicológicas e duração

A dor, por ser uma experiência pessoal, é subjetiva e não é fácil de ser quantificada, mas podemos apresentar tipos diferentes de acordo com sua duração:

  • Aguda. O componente sensorial parece mais importante; geralmente desaparece com a reparação do dano.
  • Crônica. Os fatores afetivos e de avaliação adquirem maior importância, associadas a mudanças profundas na personalidade e no estilo de vida.
  • Transitória. Desaparece com o fim do estímulo.
  • Reincidente. Dor psicológica de repetição.
  • Persistente. Permanência do estímulo nociceptivo.

A dor psicológica é complicada de ser manejada e deve ser abordada por várias perspectivas. No tópico seguinte, veremos como tratar as dores psicossomáticas.

Dores psicológicas: tipos e como tratar - Tipos de dores psicológicas e duração

Como reconhecer as dores psicológicas

Vejamos agora alguns elementos de ocorrência frequente, muitas vezes em conjunto, em pacientes com dor com componente psicológico:

  1. Histórico de doenças em um familiar ou conhecido com sintomas similares aos do paciente.
  2. Histórico de abuso infantil ou adulto. Neste artigo, falamos com profundidade sobre a violência infantil.
  3. Histórico de "alergias múltiplas" e intolerância aos medicamentos.
  4. Antecedentes de sintomas somatoformes ou condições médicas de natureza duvidosa.
  5. Histórico de tentativas terapêuticas infrutíferas e invasivas com danos iatrogênicos.
  6. Histórico de contenciosos forenses com ausência no histórico de patologia psiquiátrica.

Características clínicas

  1. Dor que começa de repente e cresce com o tempo.
  2. Dor de alta intensidade, qualitativamente variável, que não se modifica com posturas, movimento, variabilidade circadiana.
  3. Falta de resposta ou apenas resposta transitória aos analgésicos.
  4. Escolha da localização e do tipo de sintoma com um fundo simbólico.
  5. Existência de uma incapacidade grave, desproporcional à objetividade clínica.
  6. Negatividade das provas diagnósticas ou clara desproporção/incoerência entre a evidência de doença e o quadro clínico.
  7. Presença de transtornos sensitivos e motores associados à distribuição "não anatômica".

Comportamentos e convicções

  1. Convicção de ter uma doença orgânica e rejeição de possíveis interpretações psicológicas ou psiquiátricas.
  2. Presença de atitude defensiva, raiva e grande criticismo aos antecedentes.
  3. Omissão de documentos e informação médica que apoiam a psicogenicidade.
  4. Descrição dos sintomas e a incapacidade com intensa participação emocional.
  5. Pain behaviour exagerado na presença de pessoas "sensíveis" (trabalhadores da saúde, cônjuges e familiares, colegas e empregadores).
  6. Incongruência entre a estimação alta da dor e o pain behaviour muito pobre ou ausente.
  7. Comportamento manipulador em relação ao meio ambiente para assegurar vantagens primárias e secundárias.
  8. Fenômenos do doctors shopping (busca espasmódica de um novo especialista que possa finalmente compreender a dor para resolvê-la, com grande gasto de tempo/dinheiro e risco de dano iatrogênico), com coleção de enorme documentação médica.
  9. Desemprego e falta de motivação para voltar ao trabalho.
Dores psicológicas: tipos e como tratar - Como reconhecer as dores psicológicas

Como tratar as dores psicológicas

Agora que você já sabe que existe dor psicológica, como tratá-la? A dor psicológica não é uma invenção, não é uma loucura, mas deve ser o ponto de partida para reconhecer uma situação real de sofrimento. A pessoa deve, antes de tudo, se sentir compreendida de modo que aceite e legitime o mal-estar como tal e logo poder empreender um caminho de tratamento.

Como tratar dor psicossomática

Nos últimos anos, os estudos sobre a dor crônica demonstraram que um tratamento multidimensional é extremamente eficaz como estratégia no tratamento do paciente. Por um lado, um tratamento psico-reabilitativo, por outro, o tratamento farmacológico. Vejamos as opções de tratamento para as dores psicossomáticas:

  • As intervenções psicológicas como a terapia cognitivo-comportamental, as técnicas de relaxamento ou com a hipnose ou simplesmente um intervenção de apoio, tem uma notável eficácia na nocicepção.
  • As terapias físicas (acupuntura, magnetoterapia, eletroanalgesia, etc.) e as terapias farmacológicas realizadas com analgésicos, neuromoduladores ou remédios psiquiátricos, conseguem ter uma importante eficácia também sobre aspectos psicossociais da dor.
  • O manejo da dor psicológica pode ser similar ao da dor crônica. No entanto, neste tipo de enfoque multidimensional para os pacientes com dor psicológica, é necessário avaliar cuidadosamente o uso de medicamentos e, portanto, evitar os que têm um alto potencial de abuso, como os opiáceos e as benzodiazepinas, que podem gerar dependência.

O uso simultâneo de várias técnicas é fundamental para uma gestão multidimensional eficaz.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • Gianfrancesco, F. (2020). Dolore psicogeno. Recuperado de: https://www.nurse24.it/dossier/dolore/dolore-psicogeno.html
  • Vendramini, M. T. (2007). Oltre l’evento. La morte nella relazione educativa. Milán: Franco Angeli.

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