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Emoções negativas: medo e ansiedade

Anna Badia Llobet
Por Anna Badia Llobet, Psicóloga e redatora. 3 dezembro 2019
Emoções negativas: medo e ansiedade

Falamos muito sobre emoções, mas o que são exatamente as emoções? As emoções são respostas psicofisiológicas, cognitivas e comportamentais produzidas diante de um evento externo interno. Essas reações são involuntárias e de origem biológica. As emoções são o mecanismo interno que nos leva a viver, ou melhor, a sobreviver, pois a principal função das emoções é garantir nossa sobrevivência. A parte do cérebro encarregada de produzir essas reações é o sistema límbico.

Cada emoção é diferente, mas podemos diferenciar dois grandes tipos de emoções: as emoções positivas e negativas. As emoções são divididas em positivas e negativas dependendo se sentem-se de maneira agradável ou desagradável. No entanto, toda emoção é necessária e o mais importante é ouvi-las e saber entendê-las, algo que não é tão fácil com as emoções consideradas negativas. Por isso, nesse artigo de Psicologia-Online, focaremos em algumas emoções negativas: o medo e a ansiedade. Neste artigo, você encontrará o que são as emoções negativas, quais são e como são controladas.

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O que são emoções negativas

Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que a divisão entre emoções positivas e negativas é uma classificação popular e que o correto é falar de emoções adaptativas e desadaptativas. É importante saber que não há emoções boas ou más, mas que todas as emoções são, antes de tudo, necessárias para sobreviver. As emoções funcionam como bússolas, nos guiando para o que é melhor para nós ou nossa sobrevivência. Portanto, todas as emoções podem nos ajudar a nos adequar às situações e às necessidades de cada momento. Todas as emoções, também aquelas consideradas emoções negativas, consistem em um mecanismo de sobrevivência. Cada emoção tem sua função e é essencial ouvir a emoção e entendê-la.

Uma vez introduzido o tema das emoções negativas e positivas, veremos o que são as emoções negativas. As emoções consideradas negativas são aquelas que produzem uma sensação desagradável ou um sentimento negativo. Elas produzem uma sensação desagradável para indicar que a situação na qual nos encontramos tem algum perigo, risco ou desafio para nós e nos convida a ter um comportamento adaptado às necessidades da situação. Por exemplo, se estamos diante de um exame difícil e sentimos medo, é completamente normal, adaptativo e bom para nós, pois desta forma sabemos que estamos enfrentando uma situação complicada, que constitui um desafio. O medo faz com que sejamos mais prudentes e cautelosos, que estejamos atentos aos detalhes. Isso se traduzirá em nosso comportamento, fazendo-nos dar ao exame a importância que merece, dedicar mais tempo ao estudo e estar bem atentos durante o exame.

Emoções negativas: lista

Entre as emoções consideradas negativas, existem as emoções básicas ou primárias e as emoções secundárias ou complexas.

As emoções consideradas negativas básicas são a tristeza, o nojo, o medo e a raiva. Por outro lado, as consideradas emoções negativas secundárias ou sentimentos negativos são:

  • Solidão
  • Desespero
  • Culpa
  • Indiferença
  • Apatia
  • Vazio
  • Melancolia
  • Vergonha
  • Arrependimento
  • Decepção
  • Aversão
  • Humilhação
  • Rejeição
  • Insegurança
  • Ansiedade
  • Ridicularização
  • Terror
  • Opressão
  • Inutilidade
  • Insuficiência
  • Preocupação
  • Frustração
  • Agressividade
  • Ódio
  • Desconfiança
  • Fúria
  • Hostilidade
  • Raiva
  • Ressentimento
  • Ciúmes
  • Pena

O que é medo para a psicologia

Como vimos, uma das emoções consideradas negativas é o medo. A seguir, aprofundaremos sobre o que é o medo, que tipos de medo existem, segundo Rachman, o que causa o medo e como superar o medo caso não seja uma reação adequada à situação.

Definição de medo

O medo na psicologia é uma das emoções consideradas negativas. O medo é uma emoção básica e universal essencial para garantir nossa sobrevivência que é ativada diante de um estímulo que representa um perigo. O medo consiste em um sinal que adverte de que se aproxima um perigo ou desafio, uma situação complexa ou algo que pode envolver um dano físico ou psicológico.

Tipos de medo

O psicólogo canadense Stanley Rachman distingue entre medo agudo e medo crônico. Além disso, o medo pode ser adaptativo ou desadaptativo.

  • O medo agudo é provocado por estímulos tangíveis e diminui quando o desencadeador desaparece ou é evitado. Por exemplo, ter medo quando uma cobra é vista.
  • O medo crônico é mais complexo em termos das situações que o desencadeiam, pode estar associado a fontes tangíveis ou não. Por exemplo, o medo de ficar sozinho.
  • O medo adaptativo ou funcional é o que se ajusta ao estímulo que o provoca. É considerado útil. Por exemplo, o medo que você sente quando está à beira de um penhasco faz com que você se afaste e não corra o risco de cair.
  • O medo desadaptativo ou disfuncional é o que não se ajusta ao estímulo que o provoca. É considerado prejudicial. Por exemplo, o medo de altura impede que você pegue aviões, elevadores, de sair para o terraço de um piso elevado.

O que causa o medo

Os principais desencadeadores do medo são a percepção de dano ou de perigo, tanto de caráter físico como psicológico. Além disso, através do processo de condicionamento, estímulos originalmente neutros, que são repetidamente associados com sinais de danos reais, acabam também produzindo uma resposta emocional de medo. Ou seja, embora esses estímulos objetivamente não apresentem perigo, eles se tornam novos desencadeadores de medo específicos de cada pessoa. É possível que esse processo seja adaptativo e útil para a sobrevivência, no entanto, ás vezes produz reações de medo diante de situações sem um perigo real ou significativo, dando origem as fobias (medos irracionais e persistentes).

Segundo o psicólogo estadunidense Richard Lazarus, diante de um acontecimento, o que fazemos é analisá-lo e categorizá-lo como ameaça ou não ameaça para nós. Se a categorizarmos como ameaça, procederemos à avaliação se temos as estratégias de enfrentamento necessárias para lidar com o que a situação requer. Se acreditamos que não temos os recursos necessários para enfrentar uma ameaça, a situação nos produz medo.

Outro fator que influencia é fazer uma avaliação na qual é estimado ter baixa capacidade de controle e de previsão futura da situação. Ou seja, sente a emoção de medo quando acredita não poder controlar nem prever o que acontecerá.

Efeitos e sintomas do medo

O medo é uma das emoções mais intensas e desagradáveis que existem. Os efeitos subjetivos do medo são apreensão, inquietação e desconforto. Sua característica principal é a sensação de tensão nervosa e preocupação pela própria segurança ou pela saúde, geralmente acompanhada pela sensação de perda de controle.

Os efeitos fisiológicos do medo são os seguintes:

  • Aumento da frequência cardíaca
  • Aumento da pressão arterial sistólica e diastólica
  • Aumento da força contrátil cardíaca
  • Redução do volume sanguíneo e da temperatura periférica (isso causa palidez e o frio na reação típica de medo de "congelar")
  • Aumento da tensão muscular
  • Aumento da frequência respiratória (respiração artificial e irregular)
  • Sensação de rigidez
Emoções negativas: medo e ansiedade - O que é medo para a psicologia

O que é ansiedade para a psicologia

A seguir, aprofundaremos sobre o que é ansiedade, os tipos de ansiedade e os efeitos e sintomas da ansiedade.

Definição de ansiedade

A ansiedade é uma das emoções consideradas negativas. O que é a ansiedade? A definição de ansiedade é um estado de agitação e inquietação, semelhante ao produzido pelo medo, mas sem um estímulo desencadeador específico, embora às vezes esteja associada a estímulos específicos, como é o caso da ansiedade social. A distinção entre ansiedade e medo consiste na reação do medo que é produzido diante de um perigo real e a reação é proporcional a ele, enquanto que a ansiedade é desproporcionalmente intensa. Além disso, nenhum estímulo perigoso está presente fisicamente.

A ansiedade pode levar a transtornos psicopatológicos chamados transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada ou as fobias. Estes estão relacionados com uma reação de medo excessiva e inapropriada. A ansiedade é a reação que produz a maior quantidade de transtornos mentais, comportamentais e psicofisiológicos.

Tipos de ansiedade

Destacam-se dois tipos de reações de ansiedade:

  • A ansiedade específica: é despertada por um estímulo específico que pode ser real ou simbólico, mas que não está presente nem é iminente.
  • A ansiedade inespecífica: não está associada a estímulos determinados.

O que causa a ansiedade?

A origem da ansiedade depende de vários fatores que se relacionam entre si. Os principais fatores são:

  • A personalidade. De acordo com os traços de personalidade, uma pessoa pode ter uma predisposição maior ou menor à ansiedade.
  • Receber um estilo educacional super protetor.
  • Viver acontecimentos traumáticos ou experiências desagradáveis.
  • Ver acontecimentos traumáticos ou experiências desagradáveis vividas por outras pessoas.

Os desencadeadores da ansiedade não são estímulos que podem prejudicar diretamente a pessoa, mas são reações aprendidas de ameaça e estão determinados por características pessoais. Portanto, a ansiedade se origina e é mantida, em grande parte, pelo efeito do aprendizado. Segundo o psicólogo Stanley Rachman, as expectativas de perigo podem ser geradas por meio de três processos de aprendizado diferentes:

  • Condicionamento clássico: quando um estímulo neutro é associado com um estímulo que gera medo, o estímulo neutro pode acabar gerando ansiedade.
  • Aprendizagem observacional: quando se observa outras pessoas e aprende com o comportamento dela e dos eventos que lhes ocorrem.
  • Transmissões de informações que contribuem para o aparecimento de expectativas de perigo.

Para que a ansiedade surja, as situações devem ser avaliadas como muito importantes para o bem-estar tanto físico como psíquico da pessoa e contrárias às metas que a pessoa pretende alcançar. Também são avaliadas como difíceis de enfrentar, pois dependem de algo externo. É avaliado também que diante desta situação é necessário um certo grau de urgência em agir.

No caso da ansiedade patológica, a mera lembrança de situações desagradáveis ou simplesmente pensar no futuro com um certo medo, são desencadeadores típicos dessas reações.

Efeitos e sintomas da ansiedade

Os efeitos e sintomas subjetivos da ansiedade são: tensão, nervosismo, desconforto, preocupação, apreensão e, inclusive, podem levar a sentimentos de pavor ou pânico, dificuldades em manter à atenção e a concentração, juntamente com pensamentos do tipo intrusivos.

Quanto a atividade fisiológica da ansiedade, os efeitos fisiológicos são semelhantes aos produzidos pelo medo, embora menos intensos. A ansiedade produz também dilatação da pupila e aumento da transpiração. Também é produzido um aumento significativo da atividade adrenal, que aumenta a secreção de adrenalina e noradrenalina e reduz os níveis de catecolaminas. Também aumenta a secreção de carboidratos e lipídios no fluxo sanguíneo.

Todas essas mudanças na atividade fisiológica podem ser tão acentuadas que fazem com que a pessoa chegue a percebê-los, ou seja, pode produzir sensações como taquicardia, tonturas, rubor, tensão estomacal ou transpiração. A percepção de tais alterações fisiológicas, por sua vez, torna-se um desencadeador da própria ansiedade.

Finalmente, o medo e a ansiedade podem resultar em ataques de pânico, que são condições extremas de bloqueio acompanhadas de hiperventilação, tremores, tonturas e taquicardias, além de sentimentos altamente catastróficos e de perda total do controle da situação.

Emoções negativas: medo e ansiedade - O que é ansiedade para a psicologia

Como lidar com as emoções negativas

Diante de qualquer tipo de emoção, e especialmente com as emoções e sentimentos negativos, o necessário é aprender a gerenciá-los. Ou seja, aceitá-los, ouvi-los e aproveitar a informação que oferecem. O que não ajuda em relação à gestão emocional é reprimir ou negar as emoções. Neste artigo, focamos nas emoções consideradas negativas: o medo e a ansiedade.

Como superar o medo desadaptativo

O medo é uma emoção normal, saudável e necessária que nos adverte de um perigo. O medo nos motiva a fugir ou lutar, essa resposta tenta promover a proteção da pessoa. O problema surge quando esse medo não é adequado à situação ou perigo. Esse tipo de medo é chamado desadaptativo ou disfuncional. Nesses casos, o perigo não é real e a situação não exige uma resposta de luta ou fuga. Portanto, o corpo tem uma reação que não nos ajuda, mas pelo contrário: complica nossas vidas. Nesses casos, como superar o medo?

  1. Em primeiro lugar, devemos entender que o corpo reage em resposta à percepção de perigo diante de uma situação. Portanto, será necessário avaliar e reestruturar esses pensamentos e cognições a esse respeito.
  2. Em segundo lugar, devemos aprender técnicas de relaxamento e respiração que ajudam a diminuir a ativação excessiva do organismo.
  3. Em terceiro lugar, devemos enfrentar a situação. Através de técnicas de terapia cognitivo-comportamental dirigidas por um profissional da psicologia conseguiremos nos habituar e diminuir a reação ao estímulo temido. As técnicas mais eficazes para superar o medo desadaptativo são a exposição e a dessensibilização sistemática.

Deve-se ter em mente que o medo é a reação emocional mais relevante nos procedimentos de reforço negativo e facilita o aprendizado de novas respostas que separam a pessoa do perigo. Por isso, quando evitamos os estímulos que produzem um medo disfuncional, o que fazemos é reforçar o medo. Ou seja, estamos lembrando ao corpo que isso é perigoso e cada vez a resposta do medo é maior.

Também deve ser levado em consideração que, na resposta ao medo, o organismo responde mobilizando uma grande quantidade de energia para executar a resposta de maneira muito mais intensa que em condições normais. No entanto, se a reação se torna excessiva, a eficácia diminui, pois a relação entre ativação e desempenho mantém a forma de U invertida.

Como controlar a ansiedade patológica

A ansiedade é um estado de hipervigilância que permite realizar uma exploração exaustiva do meio ambiente, à medida que as informações ameaçadoras são amplificadas e as irrelevantes são negligenciadas. O problema surge quando a ansiedade é desproporcional e deixa de ser útil para enfrentar a situação. Quando a ansiedade complica a realização das atividades diárias que anteriormente eram realizadas normalmente, certamente estamos diante de um transtorno de ansiedade. Nesses casos, é essencial aprender a lidar corretamente com a ansiedade. Como controlar a ansiedade?

  1. Em primeiro lugar, devemos entender que o corpo reage em resposta à percepção de perigo em uma situação. Portanto, será necessário avaliar a origem da ansiedade.
  2. Em segundo lugar, os fatores detectados como predisponentes (certos traços de personalidade, certo estilo educacional), desencadeadores (eventos, situações, pensamentos) ou mantenedores (ações que reforçam a ansiedade).
  3. Em terceiro lugar, através de técnicas como a reestruturação cognitiva, a exposição, a dessensibilização sistemática e as técnicas de relaxamento lideradas por um profissional da psicologia, consegue-se diminuir a ansiedade. Especificamente, é possível aumentar a tolerância às incertezas, acostumar-se aos sintomas da ansiedade, mudar os pensamentos automáticos e as crenças irracionais, etc.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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KARINA FERREIRA MARQUES
BOM Muito útil
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