Neuropsicologia

Encefalinas: o que são, função e tipos

 
Iván Piquero
Por Iván Piquero, Psicólogo. 5 julho 2021
Encefalinas: o que são, função e tipos

A dor é uma sensação desagradável que nos alerta diante de possíveis anomalias (como a inflamação do apêndice) ou a periculosidade de nossos comportamentos (como ocorre quando nos queimamos). Sua função é importante para nossa própria sobrevivência ao nos afastar de perigos externos e nos mover em busca de ajuda quando percebemos que nosso organismo não está funcionando corretamente.

Mesmo com sua importante função, constantemente tentamos nos desfazer dela. Um método muito comum para nos desfazermos da dor é ingerir fármacos analgésicos que agem sobre a própria sensação de dor. No entanto, sabia que nosso corpo conta com substâncias analgésicas?

Um exemplo disso são os peptídeos opioides endógenos. O sistema opioide endógeno está agrupado em três famílias: endorfinas, encefalinas e dinorfinas. Neste artigo de Psicologia-Online expomos brevemente uma delas, as encefalinas: o que são, função e tipos.

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Índice

  1. O que são as encefalinas
  2. Função das encefalinas
  3. Tipos de encefalinas

O que são as encefalinas

As encefalinas, como peptídeo opioide endógeno junto às endorfinas e as dinorfinas, foram descobertas em 1975 por John Hughes e Hans Korsterlitz em seus estudos com porcos. Estes peptídeos opioides endógenos se unem e interagem com os receptores mu, delta e kappa.

Onde são produzidas as encefalinas? O dicionário médico da Clínica Universidade de Navarra[1] define as encefalinas como um pentapeptídeo opiáceo que o sistema nervoso libera, localizadas tanto no sistema nervoso central, como no sistema nervoso periférico:

Um peptídeo é um componente das proteínas. Trata-se de moléculas que se formam a partir de dois ou mais aminoácidos. As encefalinas são pentapeptídeos, portanto são peptídeos formados por cinco aminoácidos.

Por outro lado, um opiáceo como a morfina, refere-se a fármacos analgésicos que são seletivamente afins aos receptores opioides. A analgesia é o conceito utilizado para descrever a ausência ou redução na sensação de dor. Dado que as encefalinas tem propriedades analgésicas, estas atuam sobre a sensação de dor.

Levando em consideração as definições anteriores, podemos conceitualizar os peptídeos opiáceos como aquelas substâncias endógenas com atividade opioide, isto é, substâncias com propriedades opioides geradas pelo próprio organismo.

Por último, as encefalinas, como o resto de peptídeos opioides endógenos, são armazenados em vesículas neuronais, uma vez que são sintetizados e podem então ser liberados para o espaço sináptico (ou fenda sináptica). É então quando atuam como neurotransmissor ao aparecer um estímulo nervoso. No seguinte artigo você encontrará mais informações sobre os neurotransmissores.

Função das encefalinas

Segundo a definição do dicionário médico da Clínica Universidade de Navarra[1] as encefalinas têm uma função depressora sobre os neurônios do sistema nervoso central. Sua ação repercute em numerosos processos corporais, destacando entre todos eles seu efeito sobre a percepção da dor.

Relação entre encefalinas e dor

Dentre todas as funções das encefalinas, a função que tem sobre a dor tem sido provavelmente a que mais recebeu atenção. Como adiantamos na introdução, as encefalinas, como peptídeos opioides endógenos, têm um efeito analgésico, isto é, agem sobre a dor, e isto é realizado através da modulação da transmissão nociceptiva.

Os nociceptores (receptores sensoriais encarregados da dor) começam a corrente através da qual se transmite a informação ao sistema nervoso central. Na medula espinhal, segundo Florentino Muñoz, E.J. (2010)[2] as fibras nociceptivas transmitem a informação através da liberação de determinados neurotransmissores como o glutamato e a substância P. Assim, a informação é transmitida até chegar ao cérebro.

Como então as encefalinas atuam sobre a dor? Seu mecanismo seria precisamente a modulação da resposta da dor através da inibição do sinal nociceptivo na medula espinhal. Portanto, a modulação da dor é a principal ação das encefalinas.

Outros efeitos das encefalinas

Mesmo que sua função sobre a dor seja uma das mais conhecidas e importantes, já apontamos que as encefalinas também estão relacionadas com outros processos. Segundo Florentino Muñoz, E.J. (2010)[2], as encefalinas também têm efeito sobre:

  • O controle da homeostase, isto é, da regulação que o organismo faz de seus próprios processos, tais como a temperatura corporal ou o nível de açúcar no sangue.
  • A proliferação celular.
  • O controle cardiovascular.
  • O estresse.
  • Atividades da resposta imune: a função imunorreguladora das encefalinas provocaram a volta do sistema imune a seu estado basal depois de ter sido ativado.
  • O sistema opioide endógeno também participa de algumas dependências como a de nicotina, de álcool ou de cocaína, sendo necessário para que tais substâncias exerçam seus efeitos prazerosos. Neste artigo explicamos os tipos de vício e suas consequências.
  • Por último, as encefalinas também estariam relacionadas com atividades como o sexo.

Tipos de encefalinas

Após ver como são e como agem as encefalinas, vejamos se existem diferentes tipos. Como indicamos, as encefalinas são formadas por cinco aminoácidos. Em função de sua composição podem se dividir em dois tipos que apresentam quatro aminoácidos comuns e diferem em um:

  • Metionina-encefalina: trata-se de um tipo de encefalina que, além dos quatro aminoácidos comuns, contém metionina.
  • Leucina-encefalina: diferentemente do anterior, o quinto aminoácido é composto por leucina em vez de metionia.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. CLÍNICA UNIVERSIDAD DE NAVARRA (2020). Diccionario médico. Recuperado de https://www.cun.es/diccionario-medico
  2. FLORENTINO MUÑOZ, E.J. (2010). Péptidos opioides endógenos, dolor y adicción. Synapsis, 3(1), 33-39.
Bibliografia
  • ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (2020). APA Dictionary of Psychology. Recuperado de https://dictionary.apa.org
  • GONZÁLEZ DE RIVERA, J.L. (1980). Aspectos endocrinos de las enfermedades mentales. Psiquis, 4: 94-97
  • OLMEDA GARCÍA, M.S. (1987). Conocimientos actuales en neurotransmisión cerebral. Revista Asociación Española de Neuropsiquiatría, 7 (21): 224-246
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