Esquizofrenia: sintomas, tipos, tratamento e causas

Esquizofrenia: sintomas, tipos, tratamento e causas

Já se escreveu e falou muito sobre esquizofrenia, no entanto, na realidade, a doença continua a ser desconhecida para uma grande parcela da população que, por não ter muitas informações sobre ela, pode acabar repetindo estereótipos que são prejudiciais aos pacientes que têm esse transtorno mental. Por isso, nesse artigo de Psicologia-Online iremos te oferecer um resumo com tudo o que você precisa saber sobre a patologia de uma maneira simples e fácil de entender. O objetivo dessa matéria não é se estender muito sobre questões técnicas, que podemos encontrar em qualquer manual de psicopatologias, mas sim apresentar uma visão global da esquizofrenia. Assim, continue lendo o artigo para saber o que é esquizofrenia: sintomas, tipos e tratamento.

O que é esquizofrenia

Hoje em dia, ainda estamos mais preparados para compreender e aceitar doenças físicas. Transtornos e distúrbios psicológicos, que não têm causas conhecidas ou fáceis de reconhecer, que variam de uma pessoa para outra e que também contam com resultados menos visíveis em relação a tratamento, muitas vezes nos confundem.

O que são transtornos mentais

A qualidade da nossa saúde mental depende do nosso estilo de vida e da natureza das relações afetivas que temos. Não existem parâmetros absolutos que definem o que é ter uma boa saúde mental e o que já passa a ser um transtorno mental. Pode-se considerar psicologicamente normal todo aquele que se comporta e atua como a maioria das pessoas ao seu redor. Do contrário, muitos afirmariam que essa pessoa se encontra doente.

Desde a perspectiva médica, um distúrbio mental seria um conjunto de comportamentos separados da realidade. Além disso, as pessoas que têm algum transtorno mental têm afetadas sua conduta e a maneira com a qual se comunicam com os demais. Já do ponto de vista social, uma pessoa com uma psicopatologia é aquela que não consegue se ajustar ao ambiente.

O que é esquizofrenia: história e definição

O termo "esquizofrenia" foi introduzido pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler em 1911. No entanto, esse transtorno já havia sido identificado pelo alemão Emil Kraepelin em 1896 sobre o nome de "demência precoce", o que indicava que as pessoas afetadas pelo distúrbio necessariamente sofriam de graves deterioramentos cognitivos e comportamentais, algo parecido com as demências apresentadas por pessoas mais idosas, mas nesses casos ainda na fase juvenil.

Bleuler observou os estudos realizados pelo seu colega alemão e identificou, porém, que uma demência precoce não ocorria em todos os casos da doença e, por isso, considerou mais apropriado dar o nome para o transtorno de esquizofrenia, que em grego significa "cisão das funções mentais".

A idade de aparecimento dessa psicopatologia compreende dos 15 aos 45 anos de idade, mesmo que também possam ser registrados casos de esquizofrenia infantil, que podem ser mascarados como problemas escolares ou mau-comportamento.

Quem sofre de esquizofrenia experiencia uma distorção dos pensamentos e sentimentos. O que caracteriza a esquizofrenia é que ela afeta a personalidade do paciente de forma total. Assim, quem tem a doença começa a sentir, pensar, falar e agir de uma forma diferente da que costumava antes. Essa pessoa pode começar a ficar mais isolada, evitar sair com os amigos, dormir muito ou muito pouco, além de falar ou rir sozinho e sem motivo aparente. Mesmo assim, é importante ressaltar que esses sintomas podem não aparecer em alguns pacientes com a patologia.

Além disso, é essencial apontar que a pessoa esquizofrênica não consegue explicar o que está acontecendo com ela, podendo também ter medo de tentar fazê-lo ou de acreditar que esteja doente. Por isso, na maioria dos casos, ela não pedirá ajuda e nem se queixará do que está passando e, no começo, também não aceitará tomar nenhum medicamento ou ir a um especialista.

Esquizofrenia: sintomas

Agora que já explicamos o que é esquizofrenia, falaremos um pouco sobre os sintomas da esquizofrenia. Sobre o assunto, em primeiro lugar é importante definir que sintomas são as manifestações que a pessoa apresenta em relação a uma anomalia ou doença, como as dores, inflamações e mudanças no ritmo biológico. No entanto, o problema da esquizofrenia, assim como de outras psicopatologias, é que a maioria dos sintomas são subjetivos e variam de paciente para paciente. Em transtornos psicológicos existem dois tipos de sintomas:

  • Sintomas positivos: são todos os sintomas que o paciente apresenta e que as pessoas sem psicopatologias não costumam apresentar, como ter alucinações, delírios ou pensamentos suicidas.
  • Sintomas negativos: são todas as coisas que o paciente deixa de fazer ou de manifestar e que os indivíduos que tem uma boa saúde mental conseguem realizar cotidianamente, como pensar com fluidez e lógica, ter sentimentos em relação a outras pessoas ou ter vontade de sair da cama e enfrentar o mundo cada dia.

Em seguida, te explicaremos com mais detalhes quais são os principais sintomas de esquizofrenia, tanto os positivos quanto os negativos.

Esquizofrenia: sintomas positivos

Quando falamos nos sintomas de esquizofrenia positivos os principais são:

  • Alucinações: são erros dos sentidos, percepções interiores que se produzem sem um estímulo externo. Nas alucinações, o paciente não consegue reconhecer que o que está acontecendo no momento faz parte apenas das suas vivências interiores e que não é real no mundo externo. As alucinações podem ser visuais, auditivas, tácteis, gustativas e olfativas.
  • Delírio: trata-se de uma convicção equivocada de origem patológica que se manifesta contra razões contrárias e sensatas. Nele, o alcance com a realidade está restringido. O paciente com esquizofrenia vê o delírio como a única realidade válida. Ou seja, mesmo que os próprios pensamentos sejam contrários às leis da lógica, o paciente não consegue fazer essa objeção. Quando esse estado é advertido, é essencial pensar no início de um tratamento ou de hospitalização, já que o desespero pode chegar a fazer com que o paciente tente se suicidar. Tipos de delírio podem ser de persecução, de culpa, de grandeza, de referência, religioso e somático.
  • Transtornos do pensamento: a maneira de falar costuma nos dar indícios significativos sobre o surgimento ou não da esquizofrenia. Muitos dos pacientes relatam que perderam o controle sobre seus pensamentos, que estes foram roubados deles ou que estão sendo dirigidos por forças ou poderes estranhos. Entre sintomas relacionados à linguagem pode surgir falta de lógica, distração, pressão de fala, além de tangencialidade e descarrilhamento do pensamento.

Nas crises psicóticas, os sintomas descritos anteriormente podem ser acompanhados também de:

  • Sintomas positivos no âmbito dos sentimentos: como angústia e excitabilidade.
  • Sintomas positivos vegetativos: insônia, palpitações, suores, enjoos e transtornos gastrointestinais e/ou respiratórios.
  • Sintomas positivos motores: comportamento agressivo e/ou agitado, inquietude corporal, movimentos estranhos e incomuns e conduta repetitiva.

Esquizofrenia: sintomas negativos

Na esquizofrenia também há uma outra série de sintomas, menos alarmantes, mas que podem ser confundidos com preguiça ou mau-comportamento. Esses são chamados de sintomas negativos que são, por exemplo, a apatia, a falta de energia, a falta de prazer e a insociabilidade.

Mesmo não sendo tão fortes quanto os sintomas positivos ou ativos, os negativos devem ser tratados na mesma medida pois também afetam todos os âmbitos da vida do paciente: social, familiar e laboral. Em alguns aspectos, um esquizofrênico tem menos capacidade de ação que uma pessoa "saudável".

Esses sintomas também podem ser vistos antes das alucinações e delírios começarem a acontecer, mas em sua forma mais clara só se manifestam depois do desaparecimento dos sintomas positivos, ou seja, na fase residual da psicopatologia.

É importante ressaltar que nem todas as pessoas que sofrem de esquizofrenia têm esses impedimentos ou sintomas negativos e que já em uma terceira fase da doença os pacientes não contam mais com esses sintomas em absoluto ou se ainda os tiverem apenas de maneira pouco acentuada.

A seguir, te daremos mais detalhes sobre alguns dos principais tipos de sintomas negativos da esquizofrenia:

  • Pobreza afetiva: esse sintoma se manifesta como um empobrecimento da expressão de emoções e sentimentos e uma diminuição da capacidade emocional. Também se manifesta em outros aspectos do comportamento como: expressão facial imutável, o rosto parece gelado, duro como pedra e de expressões mecânicas; movimentos espontâneos menos frequentes e escassez de gestos expressivos, não usa as mãos para se expressar, permanece imóvel e sentado; escasso contato visual, pode olhar os demais, mas permanece com o olhar distante; incongruência afetiva, o afeto expressado é inapropriado, sorri quando se falam de assuntos sérios; ausência de inflexões vocais, a fala tem uma qualidade monótona e as palavras importantes não são enfatizadas através de mudanças no tom da voz ou no seu volume.
  • Alogia: esse sintoma refere-se ao empobrecimento do pensamento e da cognição. Manifesta-se através de pobreza e restrição da quantidade do uso de linguagem espontânea, mesmo que as respostas sejam compridas, seu conteúdo é pobre; linguagem vaga e repetitiva, estereotipada e com bloqueios, há uma interrupção da linguagem antes de que um pensamento ou ideia tenha sido completado; latência de resposta incrementada, o paciente demora mais tempo do que o normal em responder uma pergunta.
  • Abulia - apatia: esse sintoma se manifesta como uma falta de energia e de impulsos. A apatia é a falta de interesse. E diferentemente da falta de energia da depressão, na esquizofrenia ela é relativamente crônica e normalmente vem acompanhada de uma afetividade triste. Também se manifesta em problemas como falta de higiene, falta de persistência no trabalho, escola ou qualquer outra tarefa; sentimento de cansaço e de lentidão; e propensão ao esgotamento físico e mental.
  • Anedonia - insociabilidade: a anedonia é a dificuldade de experimentar interesse ou prazer pelas coisas que antes gostava de fazer ou por atividades normalmente consideradas prazerosas. Assim, o paciente tem poucos hobbies ou nenhum, tende a mostrar uma diminuição do interesse e da atividade sexual em função do que seria considerado normal para sua idade e pode mostrar uma incapacidade para criar relações próximas e íntimas apropriadas para sua idade, sexo e estado familiar. As relações com amigos são restritas e pouco é feito para desenvolvê-las ou melhorá-las.
  • Problemas cognitivos da atenção: esse sintoma se manifesta em problemas na concentração e na atenção, já que o paciente esquizofrênico só é capaz de se concentrar esporadicamente e se distrai em meio a uma atividade ou conversa. Esse sintoma se manifesta principalmente em situações sociais, é possível ver no olhar da pessoa que ela não está seguindo o argumento de uma conversa, que lhe interessa pouco o tema ou que ela sente necessidade de terminar bruscamente uma discussão ou tarefa aparente.

Esquizofrenia: tipos

A esquizofrenia é uma psicopatologia complexa e, por isso, conta com vários tipos. Abaixo apresentamos os principais tipos de esquizofrenia. É importante ressaltar, no entanto, que cada paciente apresenta um quadro único da doença e que, muitas vezes, ele pode ser misto e variar com o tempo, o que o faz mais difícil de classificar. Saiba um pouco mais sobre os principais tipos de esquizofrenia:

Esquizofrenia paranoide

Esse tipo de esquizofrenia se caracteriza pelo predomínio de ideias delirantes e por alucinações, principalmente auditivas. Os delírios e alucinações às vezes se dão em conjunto. A esquizofrenia paranoide é o tipo mais frequente de esquizofrenia, costuma ter início entre os 20 e 30 anos e é o que melhor evoluciona apesar da "grandeza" do quadro.

Esquizofrenia catatônica

Nesse tipo de esquizofrenia, predomina o transtorno dos movimentos motores, o que especialistas definem como "estupor catatônico". Apesar de ter a consciência acordada, o paciente não reage às tentativas de entrar em contato com ele mesmo. Seu rosto permanece imóvel e inexpressivo, não se percebe nenhum movimento interior e até fortes estímulos de dor não conseguem provocar reação alguma.

Nos casos mais graves, o paciente não consegue falar, comer ou beber durante períodos suficientemente longos para colocar sua vida em risco. No entanto, no interior do paciente podem existir verdadeiras tempestades de sentimentos, mesmo que essas só se manifestem externamente por uma aceleração do pulso.

Também é possível notar a repetição constante de um mesmo movimento (automatismo) e caretas. Nos quadros de extrema gravidade, os pacientes com esquizofrenia catatônica podem se manter equilibrados sobre apenas uma perna por semanas, por exemplo. No entanto, esses casos são muito raros graças às possibilidades de tratamento atuais. Os comportamentos mais extremos só costumam acontecer quando o doente não está recebendo o tratamento adequado ou quando este se torna ineficaz. O prognóstico desse tipo de esquizofrenia costuma ser pouco animador.

Esquizofrenia hebefrênica

Na esquizofrenia hebefrênica ou desorganizada, predomina um afeto absurdo e não apropriado. Os pacientes desse tipo da psicopatologia também costumam rir quando recebem más notícias, exercer comportamentos mais infantis e ter uma desinibição dos sentimentos. Os pacientes também costumam ter comportamentos estranhos, como rir sem motivo aparente ou fazer caretas.

Além disso, mostram falta de participação e de interesse nas coisas. Há casos nos quais também se manifestam alucinações e delírios, mesmo que essas condições sejam moderadas nesse tipo de esquizofrenia e que na maioria dos casos os surtos não sejam claramente delimitáveis.

A esquizofrenia hebefrênica costuma a começar já na puberdade ou adolescência e por isso também pode ser chamada de esquizofrenia juvenil ou até esquizofrenia infantil, quando esta começa ainda na infância (psicose infantil). Além disso, pelos desenvolvimentos hebefrênicos serem lentos e algumas vezes passarem despercebidos, alguns jovens acabam sendo diagnosticados equivocadamente com esquizofrenia simples.

Devido à ausência de sintomas claros, a hebefrênica é um tipo de esquizofrenia difícil de reconhecer e os indícios costumam ser apenas um maior descuido pessoal e o surgimento de algumas condutas e comportamentos solitários. O prognóstico nesses casos costuma ser desfavorável em comparação a outras esquizofrenias devido à personalidade imatura do paciente.

Esquizofrenia simples

Na esquizofrenia simples, os principais sintomas estão relacionados a mudanças na personalidade do paciente. Com esse tipo da patologia, ele prefere ficar isolado e longe dos acontecimentos diários e enfrentar as situações cotidianas com frieza e insensibilidade.

Esquizofrenia indiferenciada

A esquizofrenia indiferenciada é um tipo de esquizofrenia no qual não predomina nenhum sintoma concreto para o diagnóstico. Esse tipo da psicopatologia se assemelha mais a uma mistura dos anteriores.

Esquizofrenia residual

Na esquizofrenia residual, deve ter ocorrido ao menos um episódio de esquizofrenia anteriormente, mas no momento atual não há sintomas psicóticos importantes. É a fase na qual os sintomas negativos são mais evidentes. No entanto, esse tipo de esquizofrenia não se manifesta em todos os pacientes.

Esquizofrenia: fases

Quando os sintomas de uma esquizofrenia se apresentam pela primeira vez na vida de uma pessoa e desaparecem por completo depois de pouco tempo, se fala de um episódio esquizofrênico ou psicótico. Em geral, depois desses episódios não se percebe a presença de sintomas negativos.

No entanto, pode-se falar em esquizofrenia e não apenas de um surto esquizofrênico quando já na primeira ocasião na qual se apresentam as manifestações da psicopatologia estas se mantêm durante um tempo superior quando os sintomas voltam a aparecer do início depois de algum tempo ou quando a doença termina em uma sintomatologia negativa. Assim, na esquizofrenia é possível distinguir três fases:

  • 1ª fase ou fase prodrômica: essa é a fase na vida da pessoa que se produz antes do desencadeamento da psicopatologia. Pode-se constatar que em algumas pessoas que sofrem da doença, já se podia perceber desde a infância ou da juventude alguns aspectos curiosos e distintos para a idade, como uma conduta solitária, calada e com um rendimento mais baixo. No entanto, há casos nos quais anomalias de natureza esquizofrênica não são detectadas. Essa fase também é a que antecede uma crise e, por isso, há uma série de sintomas que nos podem ajudar a detectá-la, como sentimentos de tensão, nervosismo, agitação ou comoção; perda de apetite ou desorganização da alimentação; dificuldade para se concentrar e para dormir; perda de memória e dificuldade para se lembrar de algo com precisão; menos prazer nas coisas e mais sinais de depressão e tristeza; preocupação apenas com uma ou duas coisas; menor contato afetivo nas suas amizades e relações afetivas; paranoias; e perda de interesse nas coisas.
  • 2ª fase ou fase ativa: essa é a fase na qual se desencadeia realmente a doença e que se nota o aparecimento dos surtos ou crises e dos sintomas positivos, como alucinações, delírios e transtornos do pensamento. Essa também é a fase na qual a família e os amigos mais próximos se alarmam e costumam procurar ajuda médica. Essas crises podem surgir repentinamente e desenvolver o quadro por completo em apenas alguns dias. Em outros casos, o começo da doença pode se dar de maneira muito lenta e até de forma desapercebida. A duração dos surtos varia de pessoa em pessoa e pode se estender desde uma semana até um ano. O mesmo paciente costuma ter surtos de durações parecidas e o mesmo acontece com os intervalos entre os surtos. De acordo com as características de cada paciente, esses intervalos podem oscilar entre meses e vários anos, mas geralmente são de mesma duração para cada um.
  • 3ª fase ou fase residual: essa fase, como já afirmamos anteriormente, não é sofrida por todos os pacientes. Nela, os sintomas negativos chegam ao seu ápice e, por isso, o deterioramento pessoal, social e laboral é grave.

Esquizofrenia: causas e diagnóstico

Por ser complexa, a esquizofrenia é uma psicopatologia que gera muitas perguntas e dúvidas nas pessoas que não a têm, como quais são suas causas e como é feito o seu diagnóstico. Além disso, outras dúvidas muito comuns são se a esquizofrenia é hereditária ou se a esquizofrenia tem cura ou não. Assim, nessa parte do artigo te responderemos essas quatro perguntas.

Esquizofrenia: causas

Muito já se investigou sobre a esquizofrenia pela sua gravidade, mas esta continua a ser um grande mistério em várias áreas. Uma delas é sobre as causas da doença. Pesquisadores e especialistas ainda não conseguem explicar todos os mecanismos cerebrais responsáveis pelo aparecimento da doença em algumas pessoas.

No entanto, se sabe que a esquizofrenia é uma patologia química cerebral que acontece devido alterações de inúmeros sistemas bioquímicos, vias neuronais cerebrais e neurotransmissores. Essas alterações são resultado de combinações entre os genes, que são ativados por situações e fatores da vida da pessoa que servem como gatilhos para o desenvolvimento da doença.

Sabe-se também que em algumas famílias a esquizofrenia é mais frequente que em outras. Devido à predisposição de seus genes, uma pessoa pode sim ter uma probabilidade maior de desenvolver a psicopatologia, mesmo que isso não seja o único fator de risco. Com ele deve ser juntada uma carga emocional especial. Os sintomas patológicos da esquizofrenia devem ser entendidos como uma tentativa de escapar de alguma maneira dessa carga excessiva.

E o que pode influenciar nessa carga? São inúmeros os fatores, mas alguns podem ser acontecimentos estressantes, normalmente imprevisíveis, como a morte de uma pessoa próxima, a perda de um trabalho ou um aumento súbito de responsabilidades; ou até felizes, como o nascimento de uma criança ou um casamento.

Uma carga emocional permanente também pode significar uma exigência excessiva para uma pessoa vulnerável. Atitudes muito preocupadas da família ou do parceiro podem inibir a pessoa e diminuir sua autonomia. Ao mesmo tempo, atitudes de negação dessas pessoas indispensáveis na vida de alguém que possa ter esquizofrenia podem fazer com que o paciente se critique e se desvalorize.

No entanto, também é importante dizer que nenhum desses fatores psicológicos ou ambientais podem ser classificados como as causas definitivas do aparecimento e desenvolvimento da esquizofrenia. Muito ainda deve investigado sobre a doença para que maiores conclusões sobre o assunto sejam tomadas.

Esquizofrenia: diagnóstico

Todavia não existe um exame médico que possa diagnosticar com precisão a esquizofrenia. A doença é descoberta através de uma longa e detalhada entrevista feita por um psiquiatra do paciente e de sua família, por muitos chamada de teste de esquizofrenia. Para isso, o profissional também pode pedir a realização de exames de sangue, ressonâncias magnéticas e tomografias da região do cérebro para poder descartar outras doenças que podem apresentar alguns dos mesmos sintomas de esquizofrenia, como a psicose.

Esquizofrenia tem cura?

A resposta para essa pergunta é simples: não. A esquizofrenia é uma doença ainda sem cura conhecida, e prever o avanço do desenvolvimento da doença e do estado do paciente é muito difícil. Em grande parte dos casos, os sintomas melhoram muito com medicamentos. Já em outros, episódios e surtos repetidos podem gerar algumas dificuldades funcionais no indivíduo com a patologia, que poderá precisar de moradia assistida e outros programas de apoio social.

Por essa imprevisibilidade, é de extrema importância que uma pessoa diagnosticada com esquizofrenia não pare de realizar o tratamento e tomar sua medicação. Se isso acontecer, os sintomas da doença irão retornar.

Esquizofrenia: tratamento

O tratamento da esquizofrenia se baseia fundamentalmente em fármacos chamados antipsicóticos, que controlam os sintomas positivos ou ativos. No entanto, ele deve ser complementado com um tratamento psicossocial (psicológico, ocupacional e social) para que, além de deixar a ter alucinações e delírios, o paciente também possa recuperar os hábitos do seu dia dia e normalizar suas relações afetivas e sua integração com a sociedade.

Tratamento de esquizofrenia: medicação antipsicótica

O tratamento farmacológico da esquizofrenia é realizado através de medicamentos chamados no início de neurolépticos (nl), por seus efeitos catalépticos, mas atualmente conhecidos como antipsicóticos (ap). Desde a introdução do antipsicótico clorpromazina em 1954, os medicamentos psicotrópicos se converteram no pilar do tratamento para a esquizofrenia e para outras doenças psiquiátricas.

Numerosos estudos já documentaram a eficácia dos antipsicóticos no tratamento da esquizofrenia e dos antidepressivos nos transtornos afetivos. Os antipsicóticos ou neurolépticos mostraram sua eficiência tanto no tratamento agudo dos sintomas psicóticos quanto no nível de recaídas. Foram descobertos no começo da década de 1950 e provêm de cinco famílias químicas, que oferecem os mesmos efeitos terapêuticos. Não há diferenças em relação ao funcionamento dos tipos distintos de antipsicóticos, no entanto, cada psiquiatra pode receitar o fármaco que acredita ser melhor para seu paciente. Graças aos tratamentos farmacológicos, foram abertas possibilidades para uma rápida reabilitação.

A esquizofrenia vem acompanhada de uma alteração do metabolismo cerebral com um funcionamento excessivo da dopamina. Os antipsicóticos bloqueiam o efeito exagerado dessa substância e restabelecem o equilíbrio no metabolismo cerebral. Esses fármacos também funcionam como um tranquilizador em casos de inquietude motora, condutas agressivas e tensões interiores. As alucinações, delírios e transtornos esquizofrênicos da percepção praticamente desaparecem com o uso correto deles.

Quando os surtos que acompanham a doença se repetem, um tratamento permanente com esses medicamentos oferece uma proteção importante e relativamente segura contra recaídas e crises mais agudas. No entanto, os neurolépticos também modificam outros aspectos metabólicos cerebrais e, por isso, infelizmente também provocam efeitos colaterais indesejados.

Além disso, podem ser distinguidos dois grandes grupos de antipsicóticos. O primeiro é chamado de clássico ou típico, pois se caracteriza por bloquear os receptores dopaminérgicos D2. São muito eficientes para combater os sintomas positivos da esquizofrenia, mas provocam bastante efeitos colaterais. Já o segundo grupo é conhecido como os atípicos, que atuam sobre os receptores serotoninérgicos, produzindo menos efeitos colaterais, mas acabando sendo melhores para combater os sintomas negativos.

Uma inovação importante são os antipsicóticos injetáveis, que podem ser aplicados nos glúteos e que atuam por um longo período de tempo. Suas maiores vantagens são o fato de garantirem a liberação da substância no organismo e possibilitar uma redução da dose ao administrá-los e um tratamento mais eficiente aos pacientes que apresentam dificuldades de absorção do medicamento oral.

Do mesmo modo que pessoas com esquizofrenia podem reagir a situações do dia dia de maneiras distintas, também variam muito as reações de cada antipsicótico no paciente. Pessoas esquizofrênicas respondem de maneiras muito diferentes ao tratamento e, em alguns casos, os efeitos colaterais podem ser mais fortes ou fracos.

Sobre estes, também podemos diferenciar os que aparecem durante a primeira fase do tratamento com os fármacos e os que aparecem em casos nos quais a medicação é administrada por um grande período de tempo. A maioria dos efeitos colaterais aparece ainda nas primeiras semanas de tratamento. Além disso, os principais são cansaço, boca seca, enjoos, transtornos circulatórios e da vista, dificuldades em urinar, constipação e leve atordoamento. Alguns desses efeitos podem se manter por uma duração de tempo maior ou até começar mais tarde. Todos eles, no entanto, são descritos nas bulas dos medicamentos.

Outros efeitos colaterais que podem aparecer são: espasmos musculares, síndrome de Parkinson produzida pela medicação, acatisia, discernimento tardio, maior sensibilidade à luz solar, aumento de peso e limitações no âmbito sexual, como a perda da excitação. Outros medicamentos, no entanto, podem provocar o contrário, ou seja, uma excitação sexual constante. Para as mulheres, outros efeitos que devem ser considerados são irregularidades na menstruação ou até hemorragias durante ela.

Também é importante mencionar que existem medicamentos que diminuem ou acabam com os efeitos colaterais dos antipsicóticos, e que, para o tratamento da esquizofrenia, também pode ser necessário o uso de antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores de humor.

Tratamento de esquizofrenia: reabilitação psicossocial

O tratamento psicofarmacológico é essencial no tratamento da esquizofrenia, porém também é necessário um bom apoio terapêutico para que o tratamento evolucione bem. Esse apoio é conhecido como reabilitação psicossocial. A reabilitação é entendida atualmente como uma ajuda ao desempenho psicossocial da pessoa com esquizofrenia.

Os centros de reabilitação psicossocial funcionam dentro de um modelo comunitário, no qual se trabalha com o paciente em seu contexto familiar e não em uma instituição. Nesse tipo de tratamento, procura-se diminuir ou até eliminar o deterioramento de distintas áreas que impedem uma integração normal do paciente ao seu entorno, treinando as habilidades que permitem que a pessoa tenha uma maior autonomia e integração social, melhorando assim também sua qualidade de vida.

Para cada paciente se desenvolve um plano individualizado de reabilitação que dependerá do estado da doença e de quais são os principais problemas na parte de integração social para o seu caso. Na reabilitação psicossocial, trabalham-se as seguintes áreas:

  • Psico-educação do paciente e da família: prover de uma informação atualizada e compreensível sobre transtornos e distúrbios mentais, seus sintomas e a importância da medicação antipsicótica e ajudar o paciente e seus familiares a entender a doença para poder melhor aceitá-la e conviver com ela.
  • Habilidades sociais: trabalhar a partir de atividades em grupo técnicas educativas para melhorar as habilidades sociais do paciente. Sua evolução progressiva vai desde a configuração em pequenos grupos para jogar e realizar tarefas cooperativas até o treinamento mais individual de habilidades específicas, como pedir favores, aceitar críticas e fazer comentários próprios para cada tipos de conversa e situação.
  • Educação para a saúde: fomentar a saúde do paciente com os módulos de sexualidade, alimentação, sono, prevenção à ansiedade, autoestima e autoimagem e capacidades cognitivas.
  • Orientação e tutoria: orientar e aconselhar sobre qualquer tipo de dúvida que o paciente possa ter sobre a esquizofrenia e que não possam ser tratadas no âmbito de programas elaborados em grupos, e avaliar a realização dos objetivos previamente traçados pela pessoa esquizofrênica.
  • Atividades do dia dia: provocar a aquisição e a manutenção de uma ampla gama de habilidades necessárias para a vida cotidiana. Isso é realizado em programas voltados a cuidados pessoais, atividades domésticas e orientação cultural.
  • Desenvolvimento pessoal: realizar trâmites da vida cotidiana; favorecer a orientação do paciente em relação à realidade social, cultural, esportiva e política; e ensinar recursos para buscar trabalho e se manter nele.
  • Atividades esportivas: estimular fisicamente o paciente com o uso de técnicas esportivas ao mesmo tempo que também são trabalhadas técnicas de coordenação, trabalho em equipe e higiene.
  • Outras áreas: oferecer assistência em outras áreas, como as de ajuda socioeconômica e sanitária, de formação de trabalho, de alternativas de moradias, de práticas de uso do tempo livre e de educação básica.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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