Família reconstituída: possíveis problemas e soluções

Família reconstituída: possíveis problemas e soluções

Segundo dados do INE, em 2011, 7,4% das famílias eram reconstituídas. É cada vez mais comum casais que se separam depois de anos de relacionamento e formam uma nova família, com um(a) novo(a) companheiro(a) e os filhos e filhas das relações anteriores. Esta mudança pode induzir ao surgimento de problemas entre os membros da nova família. As dificuldades mais comuns e desafios a se superar vão desde as mudanças na organização e nas rotinas, até ao ciúme. Por isso, neste artigo de Psicologia-Online, queremos te falar dos problemas mais comuns na família reconstituída e as soluções adequadas para cada um deles.

O que é uma família reconstituída

Uma família reconstituída, ou família reunida, é aquela formada por um casal onde pelo menos um dos membros traz um filho ou filha de uma relação anterior.

Para que exista uma família reconstituída, é necessário que tenha existido uma ruptura de uma família anterior, seja por separação ou pelo falecimento de um dos membros do casal.

Nas famílias reconstituídas surgem novos papéis como o da madrasta, do padrasto, da irmã postiça, do irmão postiço ou "meia irmã e meio irmão" (quando o novo casal gera uma descendência).

Tipos de famílias reconstituídas

Existem diferentes tipos de famílias reconstituídas.

  • Mãe ou pai viúvo. Neste tipo de família, o pai ou a mãe fica com a guarda dos filhos ou filhas quando seu(sua) companheiro(a) falece e inicia um novo relacionamento.
  • Mãe ou pai separado. O pai ou a mãe traz filhos ou filhas para a nova relação, depois da separação de ambos progenitores.
  • Família complexa. Ambos os membros do novo casal trazem filhos ou filhas para a nova relação.
  • Com filhos comuns. Neste tipo de família, além de introduzir filhos de relações anteriores, o novo casal possui filhos em comum. Seria uma família reconstituída com um novo filho.

Vantagens e desvantagens da família reconstituída

As relações entre os membros de uma família reconstituída geralmente não são fáceis. No entanto, existem algumas vantagens em relação à família tradicional ou a monoparental.

Vantagens

  • A economia familiar costuma ser melhor do que se a família é monoparental. Mesmo que o padrasto ou madrasta não tenham a obrigação de se ocupar dos enteados, o fato dos dois membros do casal contribuírem para arcar com os gastos acaba sendo benéfico.
  • Novo suporte. Se a relação entre o novo casal e dos pais com os filhos é boa, surge uma cumplicidade entre eles.
  • Companhia e trabalho em equipe. Os membros do novo casal se sentem acompanhados e diminui a dificuldade de criar os filhos sozinho. Seja através de opiniões ou através da repartição das tarefas, as responsabilidades acabam ficando mais leves.
  • Aumento de tolerância e respeito. De forma geral, conviver com pessoas novas desenvolve mais tolerância e respeito pelos outros.
  • Maturidade. Todos os membros da nova família desenvolvem sua maturidade para se adaptar à uma nova situação, na qual podem e normalmente surgem complicações de convivência, sobretudo no início.
  • Desenvolvimento de habilidades sociais. Aqui você pode ver o que são as habilidades sociais com exemplos práticos.

Contudo, nem tudo é positivo nas famílias reconstituídas.

Desvantagens

  • Ciúmes. A boa relação entre padrasto ou madrasta com enteado pode provocar ciúmes nos filhos.
  • Rebeldia diante de uma nova autoridade. Algumas crianças não aceitam que o novo(a) companheiro(a) de seu progenitor dê ordens à elas ou decidam sobre suas vidas. Isto geralmente fica mais complicado na adolescência.
  • Vida dividida. Se os pais compartilham a custódia, os filhos vivem em duas casas com tudo que isto traz junto: duas rotinas, dois sistemas de regras, duas celebrações, etc. Essa situação pode se tornar muito cansativa.
  • Problemas com o(a) ex. Não é fácil chegar a acordos com o(a) ex sobre a educação e cuidado com os filhos, e se adicionarmos filhos do novo casal fica ainda mais complicado, pois isso pode gerar conflitos.
  • Adaptação. A adaptação à nova família geralmente é difícil, principalmente para as crianças.

Problemas e soluções das famílias reconstituídas

Nos dias atuais encontramos muitas formas de família e há cada vez mais famílias reconstituídas, sobretudo pelo aumento dos divórcios. O conceito não é novo, mas antigamente a mais habitual era da mãe ou pai viúvo, e agora é da mãe ou pai divorciado. De fato, este tipo de família está aumentando tanto que dentro de pouco tempo poderá se tornar até mais comum que a família tradicional.

Contudo, é fácil conviver em uma família reconstituída? Vamos ver os problemas que podem surgir nestas uniões, assim como as possíveis soluções para que funcione da melhor forma possível.

Os filhos rejeitam o(a) novo(a) companheiro(a)

Os filhos não aceitarem o(a) novo(a) companheiro(a) de seu progenitor e não aceitarem ele(a) como membro da família é um dos problemas mais comuns nas famílias reconstituídas.

A solução é compreender que o(a) novo(a) companheiro(a) tem um novo papel na família reconstituída, o de madrasta ou padrasto, portanto, não deve tentar substituir o pai ou a mãe dos enteados.

Relação ruim com o(a) ex

Para que isto não seja um problema, é conveniente que o contato com o(a) ex se concentre unicamente nas questões relacionadas com os filhos ou filhas em comum. Um diálogo correto e uma comunicação assertiva contribuem para um entendimento melhor. Se isto não for possível, o trabalho com um profissional pode ajudar a solucionar as diferenças e a tomar as melhores decisões para os filhos.

Novas regras de convivência

Nas famílias complexas, onde cada membro do novo casal traz filhos para a família reconstituída, as regras de convivência anteriores podem diferir e criar conflitos.

Solução: estabelecer um novo sistema que leve em conta as regras de convivência anteriores, assim como novas em comum, pode facilitar a adaptação. Se trata de chegar a acordos onde todos cedam algo para se ajustar à uma nova forma de conviver.

Mudanças de casa

Mudança de casa dos enteados para a casa do(a) novo(a) companheiro(a) de seu progenitor. Nesta situação, sobretudo se o(a) novo(a) companheiro(a) também tenha filhos ou filhas, os novos integrantes podem se sentir deslocados ou fora de lugar.

Solução: estabelecer espaços próprios, se possível, para cada um dos filhos. Se for necessário que compartilhem quartos, criar espaços separados parecidos dentro dos mesmos.

Ciúmes entre enteados(as)

A educação, os privilégios e a atenção em relação aos diferentes filhos e enteados podem diferir. Se isto acontecer, é muito provável que surjam ciúmes entre eles.

Solução: na nova família deve se chegar a um acordo onde todos os membros desfrutem de privilégios e educação similares, na medida do possível. Isto geralmente não é fácil de adaptar, principalmente quando os filhos são grandes. A atenção do casal para cada um dos filhos e enteados deve ser equilibrada para que nenhum se sinta excluído. É bom fomentar a realização de atividades de lazer em família e é ainda melhor se forem atividades novas para todos. Assim os vínculos se fortalecem e novas recordações e situações engraçadas são criadas para a nova família.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • Hayman, S. (2010). Mis hijos y tus hijos: Crear una nueva familia y convivir con éxito. Madrid: Pirámide.