Feridas emocionais da infância: o que são e como curá-las

Feridas emocionais da infância: o que são e como curá-las

As feridas emocionais da infância geralmente se relacionam com os chamados "traumas", e constituem a consequência psicológica e emocional negativa que certas experiências desagradáveis da infância provocam em uma determinada pessoa.

Estas feridas condicionarão a vida posterior das pessoas afetadas, pois a liberação destas supõem um passo necessário para recuperar o equilíbrio mental e seguir adiante com suas vidas. Neste artigo de Psicologia-Online, vamos expor este tema, explicando o que são as feridas emocionais da infância e como curá-las. Além disso, te contamos por que são produzidas e quais tipos de feridas emocionais existem.

Feridas emocionais da infância: o que são

As feridas emocionais da infância são a pegada psico-emocional que acaba inserida em nosso interior como consequência de experiências dolorosas acontecidas durante nossa infância que condicionarão negativamente nossa vida em maior ou menor medida.

Estas feridas funcionam, normalmente, em nível inconsciente devido a dois motivos, principalmente:

Ocorre no período primário da vida

Acontece entre a gestação e os dois primeiros anos de vida, o que dificulta a tomada de consciência da experiência ao ter se dado durante um período de vida no qual o raciocínio não funcionava e, portanto, não existia a possibilidade de articular racionalmente a experiência vivida.

As feridas emocionais provocadas neste período de vida são as mais difíceis de sanar devido a este mesmo motivo, pois faz com que o registro tenha ocorrido apenas em nível sensitivo-cinestésico e, portanto, de maneira muito mais visceral e difícil de racionalizar e eliminar.

Tentativa de evitar a dor

A experiência é tão desagradável que a pessoa que sofre, para evitar a dor que a recordação da experiência negativa provoca, transborda ao inconsciente e se perde, ao menos temporariamente, a consciência dela. Este seria o caso de, por exemplo, uma situação de abuso sexual infantil.

No entanto, mesmo que sejam derivadas do inconsciente, condicionam nossa vida da mesma forma e, com o passar dos anos, em função do incômodo que geram em nosso dia a dia, se tornará necessário levá-las à luz para trabalhá-las e saná-las e, deste modo, poder recuperar a paz perdida.

As feridas emocionais dão lugar a um leque de comportamentos disfuncionais ou mecanismos de defesa que, precisamente por sua inconsciência, funcionam de modo automático com o objetivo último de evitar viver de novo a dor experimentada na situação original que a ferida emocional nos provocou.

Por que as feridas emocionais surgem

As feridas emocionais da infância surgem como consequência de experiências traumáticas acontecidas durante este período de vida. Em função da força da ferida emocional, a submissão inconsciente da pessoa aos mecanismos de defesa criados como consequência desta vivência dolorosa serão maiores ou menores.

Os fatores que determinam o peso ou força da ferida emocional são os seguintes:

  • A intensidade da dor experimentada a partir da vivência concreta.
  • A frequência de tal experiência.
  • A qualidade e nível de confiança na rede social que nos protege.
  • As características pessoais da pessoa que experimenta a experiência ruim.

Como identificar feridas da infância?

A maior privação de liberdade e submissão são comportamentos disfuncionais que se dão nos casos de abusos físicos, sexuais e/ou psicológicos nos quais a inocência das crianças é totalmente vulnerável e o terror que tais experiências gera nelas as leva a criar uma barreira de proteção psicológica ao redor delas, o que dificulta em grande medida a desenvolver projetos de vida equilibrados e saudáveis a nível emocional.

Você pode descobrir se tem feridas emocionais se realizar um trabalho de autoanálise sobre os seguintes comportamentos ou sentimentos que as pessoas com traumas infantis experimentam em seu dia a dia:

  • Grande rejeição por si mesmos e uma enorme desconfiança pelos outros.
  • Dificuldades na hora de estabelecer relações sociais em qualquer âmbito de sua vida.
  • Vida familiar complexa.
  • Dificuldades em nível relacional no interpessoal, educativo, profissional.
  • Pensamentos negativos sobre si mesmos e consideração de que sua vida é um fracasso.

Amplie seus conhecimentos com nosso post sobre violência infantil.

Tipos de feridas emocionais da infância

Se você se pergunta quais são as feridas emocionais da infância, deve saber que, como ocorre na maior parte de classificações realizadas na área da psicologia ou em qualquer outra, as tipologias podem ser muito variadas.

Neste caso, consideramos três tipos de feridas emocionais principais que englobam as diferentes manifestações concretas:

  • Feridas provocadas por abandono: nestes casos, as crianças são abandonadas por seus progenitores ou cuidadores principais. Durante este período vital as crianças são totalmente dependentes de seus cuidadores, pois o abandono provoca enorme feridas emocionais em nível tanto físico como psicológico e emocional.
  • Feridas provocadas por abusos ou negligências: neste segundo caso, os pais não abandonam o filho mas dão um cuidado que carece de tudo o que ele precisa para cobrir suas necessidades básicas fisiológicas, emocionais, sociais, psicológicas, etc. Estas situações de maltrato provocam, da mesma forma, fortes e dolorosas feridas emocionais nas crianças que condicionarão suas vidas adultas.
  • Feridas provocadas por eventos traumáticos (acidentes ou mortes de entes queridos): nestes casos, não se produz nenhum maltrato por parte dos pais que, mas forma inesperada, ocorre um evento negativo que afeta gravemente a psique e o emocional do pequeno e, consequentemente, seu desenvolvimento posterior.

Como curar as feridas da infância

Da mesma forma que ocorre com qualquer trabalho psicológico de cura pessoal, as feridas emocionais da infância precisam de um processo terapêutico através do qual a pessoa integrará o evento ocorrido como um fato de sua vida, mas deixará de se sentir governado pelo medo e os mecanismos defensivos criados para passar a retomar as rédeas de sua vida satisfatoriamente.

Este processo pode ser feito de maneira pessoal ou através de acompanhamento psicológico, em função da força espiritual que a pessoa possua, a rede de apoio que a sustente, a intensidade da ferida, etc. Em ambos os casos, o processo para curar as feridas da infância passa pelas seguintes fases:

  1. A negação.
  2. A crise pessoal muito forte, que levará à necessária recuperação consciente da vivência traumática.
  3. A aceitação, como passo seguinte.
  4. O empoderamento, o momento final crucial no qual se deseja o "não útil" e se alimenta todo o potencial pessoal silenciado até o momento.

No caso de que queira ampliar esta informação sobre como sanar as feridas emocionais da infância, leia nosso artigo sobre Como superar um trauma emocional.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

Se pretende ler mais artigos parecidos a Feridas emocionais da infância: o que são e como curá-las, recomendamos que entre na nossa categoria de Crescimento pessoal e autoajuda.

Bibliografia
  • González, A. (2021). Las cicatrices no duelen. Editorial Planeta.
  • Jackson, D. (2020). Infancia interrumpida. Editorial Gaia.