Fobias sociais: causas, sintomas e tratamento

Fobias sociais: causas, sintomas e tratamento

Entre as pessoas que sofrem com transtornos de ansiedade, a "fobia social" é um dos quadros mais frequentes, bem como um dos mais perigosos: por estar quase sempre (em torno de 80%) acompanhado de outro quadro, como alcoolismo, dependência química, depressão, agorafobia, entre outros. Isso se vê com grande frequência entre adolescentes. Neste artigo de Psicologia-Online vamos descobrir as causas, sintomas e tratamento das fobias sociais para que você saiba como tratar essa condição.

Os transtornos de ansiedade e a fobia social

Agora, lembremos: o que significa sofrer um transtorno de ansiedade? As pessoas que possuem transtornos de ansiedade apresentam uma resposta de angústia exagerada diante de situações ou estímulos que, para outras pessoas, seriam totalmente "normais", levando-as a evitar o problema ou a situação temida, ou a desenvolver um "ataque de pânico" pela exposição à situação.

Por exemplo, nas fobias sociais, muito provavelmente essa pessoa não vai a encontros por sentir que ao seu redor há uma grande atenção voltada para ela (podendo ser real ou não), e nessa atenção é incluída, sem dúvida alguma, todo um julgamento negativo sobre seu modo de agir. Devido a isso, ela sofre um medo intenso (ansiedade e angústia), que não possui relação direta com a situação vivida (com o que realmente pensam sobre ela nesse encontro), resultando, então, em um ataque de pânico.

O ataque de pânico é a aparição temporária e isolada de um medo intenso, que pode durar poucos minutos (com muita intensidade), e é acompanhada por uma série de sintomas físicos e emocionais.

Sintomas dos transtornos de ansiedade

Os sintomas são:

  • Palpitações;
  • Taquicardia;
  • Transpiração;
  • Tremores ou choques;
  • Sensação de asfixia ou falta de ar;
  • Aperto no peito;
  • Náuseas;
  • Tontura, instabilidade, desmaio;
  • Calafrios, sufocamentos;
  • Medo de perder o controle - medo de morrer ou medo de ficar louco.

Causas da fobia social

Na fobia social, e em todos os transtornos de ansiedade no geral, os três últimos exemplos citados acima são os medos subjacentes de toda manifestação patológica de ansiedade. Inconscientemente a pessoa sofre um forte medo de morrer, de ficar louca ou, de alguma forma, perder o controle (muitas vezes isso origina em determinados acontecimentos traumáticos que a pessoa tenha vivido, geralmente, de caráter repentino, e que a tenha impactado emocionalmente).

  • Esse medo surge repentinamente e desorganiza a personalidade.
  • Altera severamente sua qualidade de vida (social, profissional, familiar e com os todos seus vínculos);
  • Provoca alterações e prejuízos nas capacidades próprias do indivíduo.

Possuindo a base necessária para entender ao que nos referimos quando dizemos que alguém sofre de transtornos de ansiedade, vamos especificar o quadro de "fobia social", que é o que iremos explicar a seguir.

Na fobia social a pessoa sente um medo intenso ao se submeter a situações públicas, em que receba algum tipo de avaliação (ou que sinta que receba) ou julgamento, por ser muito constrangedor. Isso acontece porque a pessoa também pensa que essa situação a levaria, sem dúvida alguma, a se sentir humilhada e desvalorizada pelos demais. Como pode ser percebido, a pessoa teme o "olhar crítico" do outro.

Devido a esses pensamentos, sua ansiedade aumenta de forma tão significativa, pela qual chega a desenvolver o ataque de pânico, que descrevemos anteriormente, com todas ou alguma das manifestações físicas que o acompanham, e com duração e número de ocorrências variáveis de acordo com cada pessoa.

Os medos mais frequentes das pessoas com fobia social

Os medos mais frequentes são:

  • Medo de falar em público;
  • Provas orais;
  • Relacionar-se com estranhos;
  • Começar relacionamentos afetivos;
  • Comer/beber em público;
  • Trabalhar quando observado;
  • Ir a reuniões sociais;
  • Interagir em um grupo, etc.

Todas essas situações estariam refletindo um denominador comum, dado por:

  • Medo de fazer papel de ridículo ou de sentir-se envergonhado;
  • Medo de ser avaliado por outras pessoas;
  • Medo de ser o centro das atenções.

Por fim, o medo é em relação à rejeição, à crítica. Se analisarmos a situação, as pessoas com fobia social projetam uma crítica negativa ou rejeição das outras pessoas, que, na realidade, é o que elas sentem com elas mesmas ao se exporem a qualquer situação.

São elas que não se aceitam em primeiro lugar. Logo terá que avaliar, em cada história particular de sua vida, quais foram os acontecimentos ou os fatores que levaram a essa falta de confiança em si próprio. Veremos mais à frente o tratamento.

É importante considerar que embora seja uma patologia altamente incapacitante pela deterioração que provoca nas relações pessoais/profissionais/sociais etc. e pelo grau de isolamento que a pessoa se submete, também devemos dizer que é possível que a pessoa tenha uma boa recuperação por meio de diagnóstico e tratamento adequados.

Tratamento da fobia social

O tratamento terá diferentes características, conforme cada caso, mas com um objetivo em comum: conseguir que a pessoa possa integrar um "Grupo Terapêutico" para superar esse medo quanto à integração grupal, com o benefício secundário de saber que também existem muitos outros que sofrem (em silêncio) da mesma coisa que ela, e se identificar e se enriquecer com as experiências dos demais (sendo essa uma das finalidades das Terapias Grupais).

Considero que, em alguns caos, também será necessário uma abordagem em sessões individuais para poder se aprofundar nas origens da fobia em particular (o que será diferente em cada história, e nas vivências que cada indivíduo tenha tido do mundo ao longo da vida). De toda forma, a conclusão de um "Grupo Terapêutico" será uma das ferramentas mais valiosas para trabalhar.

Como em todo grupo, existem "identificações" com as histórias e relatos de outras pessoas, e esse será um fator importante para poder ajudar a cada um dos pacientes a desmitificar que "isso só acontece com eles...", assim, cada um poderá usar ferramentas que auxiliem as outras pessoas em como cada um vai superando as temidas situações de exposição.

Por fim, em alguns casos (a depender) se complementarão com medicação específica, em que se trabalhará junto ao psiquiatra a abordagem da patologia. Nesse caso, em especial, considero que todo aquele paciente que possa chegar até uma consulta e contar com uma "rede de sustentação" (família, amigos, companheiro/a etc.) que ajudem no início do tratamento, optaria por utilizar a medicação como último recurso, somente se fosse inevitável para o caso. Desse modo, o paciente aprenderá a confiar nos "seus recursos" e não na medicação como o fator necessário para que ele possa agir.

Outros pontos que devem ser trabalhados na terapia

Por outro lado, vou enumerar alguns dos pontos mais importantes para se trabalhar dentro do tratamento de pacientes com fobia social.

Aqui novamente vão algumas diretrizes e exercícios a considerar, que podemos aplicar tanto nos pacientes que sofrem desse quadro como em qualquer outro que tenha transtorno de ansiedade, dado que o que realmente estaremos "exercitando" e ajudando a controlar na pessoa será a manifestação comum a todos os quadros de ansiedade, que é o ataque de pânico.

Antes vale esclarecer que há vários anos, quando essa patologia ainda não estava totalmente diagnosticada pelos médicos, e devido à ampla sintomatologia física que possui, muitos pacientes temiam estar sofrendo de ataques cardíacos, ou qualquer outra doença orgânica mais severa. Inclusive, era muito frequente que, no lugar de realizar a consulta com o/a psicólogo/a ou psiquiatra, eram realizadas consultas com cardiologistas, gastroenterologista ou médicos/as do aparato digestivo, dermatologistas etc.

Com o passar dos anos, e também com as mudanças na qualidade de vida, fizeram com que, infelizmente, seja uma das patologias de maior incidência social a nível mundial. Mas algo positivo a se notar é que geralmente se tratam de quadros com bom prognóstico nos tratamentos (exceto nos quadros em que há comorbidade entre um TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo -, e um quadro depressivo, sendo um dos mais complicados para tratar).

Voltando a falar das fobias sociais, mencionarei a seguir alguns pontos para se levar em consideração para os pacientes com a referida patologia.

Sintomas da fobia social

Para que se produza um transtorno de ansiedade, devem acontecer duas coisas:

  1. Que a pessoa avalie quão perigosa uma situação que não é;
  2. Que sinta que não possui recursos para poder enfrentá-la, quando, na verdade, conta com eles.

Lembremos das situações mais temidas, medos que podem ser considerados sinais da fobia social:

  • Falar em público;
  • Interagir com pequenos grupos;
  • Festas ou encontros sociais;
  • Falar com pessoas importantes;
  • Urinar em um banheiro público;
  • Comer ou beber em lugares públicos;
  • Realizações de prova (geralmente oral).

Pensamentos frequentes:

  • “Vou parecer ridículo/a";
  • “Vou gaguejar ou dizer bobagens”;
  • “Sou um chato/a”;
  • “Ninguém vai se interessar pelo que tenho a dizer”;
  • “Sou pouco interessante ou atrativo”;
  • “Todos vão perceber que estou nervoso/a e vão tirar sarro de mim”.

Preocupação:

  • Sobre o seu desempenho;
  • Pela possibilidade de que os demais percebam sua sintomatologia.

Os sintomas da fobia social mais frequentes são:

  • Palpitações;
  • Tremor;
  • Transpiração;
  • Desconfortos gastrointestinais;
  • Tensão muscular;
  • Rubor facial, etc.

Disfunção de atenção:

  1. Hipervigilância corporal;
  2. Auto-observação, preocupação constante sobre sua imagem e o que pode gerar no outro.

As pessoas patologicamente ansiosas veem a si mesmas como pessoas sem controle (daí que vem o maior medo que é perder o controle de si mesmo, podendo, inclusive, chegar à loucura ou à morte). Nem sempre são medos inconscientes.

Sinais de ameaça social:

  • Nível de luz;
  • Que os outros estejam sentados;
  • Se vai dançar;
  • Se vão ter homens/mulheres lindos/as ou interessantes;
  • Quais temas serão abordados;
  • Idade das pessoas que assistem ao evento;
  • Duração do evento, etc.

Convicções subjacentes:

  • As situações sociais são perigosas...
  • Toda questão relacionada com o social deve ser perfeita...
  • Faltam condições...

Previsões:

  • Vergonha;
  • Humilhação;
  • Rejeição;
  • Não ser considerado ou não ser levado em conta.

Exemplos de tratamento da fobia social

1ª Etapa Individual: terapeuta como representante do contexto social.

Função do "observador-participante”:

  1. Atenção aos próprios sentimentos para gerar hipóteses terapêuticas na interação.
  2. Evitar perpetuar o ciclo interpessoal disfuncional e confirmar sua percepção;
  3. Trabalhar no "aqui e agora", propiciando um aprendizado baseado na experiência concreta em vez de um exercício intelectual abstrato.

Pautas centrais do "Tratamento individual":

  1. Psicoeducação;
  2. Voltar a fazer treinamento respiratório (exercícios de respiração e relaxamento);
  3. Voltar a focalizar na atenção;
  4. Reestruturação cognitiva;
  5. Tarefas comportamentais para fazer como "dever" (compromisso com seu tratamento fora da sessão);
  6. Tarefas cognitivas para fazer como "dever" (idem).

Trabalhar com Reestruturação Cognitiva:

  1. Técnicas de psicoeducação;
  2. Ajudar com os níveis de ansiedade;
  3. A "ansiedade antecipatória" (A.A.) é fundamental. É a ansiedade que antecipa a ansiedade por "saber" o que vai acontecer;
  4. Ajudar a discriminar e diferenciar sentimentos de pensamentos;
  5. Autorrelatos (que é importante que os faça, para poder ver a evolução).

Lista de distorções cognitivas:

  • Pensamento extremista (tudo/nada)... ajudá-lo a criar "áreas cinzas";
  • Generalização (por uma determinada situação, que engloba toda a cena);
  • Desqualificação do positivo (minimiza as coisas positivas);
  • Ler a mente (“adivinhação do que o outro pensa, ou o que acontecerá");
  • Prever os fatos;
  • Raciocinar o emocional;
  • Pautas centrais do "Tratamento Grupal".

Técnicas:

  • Dramatização;
  • Situações típicas da vida;
  • Inversão de papéis;
  • Técnicas do duplo;
  • Solilóquio;
  • Costas com costas;
  • Construção de imagens etc.

Qualquer proposta deve contemplar uma aproximação gradual e progressiva que nos possibilite ir trabalhando as estruturas disfuncionais no jogo.

Criar situações realistas para que o paciente possa realmente enfrentá-las.

Questões para considerar

Antes de realizar uma dramatização você deve levar em consideração o seguinte:

  • Escolher a situação;
  • Armar o contexto;
  • Considerar que outros pacientes irão participar;
  • Função que será exercida pelo profissional-auxiliar;
  • Quais gatilhos para ansiedade irá utilizar;
  • Fator surpresa.

Antes da exposição:

  • Gerar o "filme" na cabeça;
  • Ter em mente o objetivo da dramatização;
  • Identificar as distorções cognitivas que serão trabalhadas.

Durante a exposição:

  • Interromper para identificar o processo disfuncional que dificulta a atuação do paciente;
  • Avaliar se continua ou refaz a situação.

Essa foi uma aproximação a esta patologia que é tão frequente nesses tempos e nas diferentes culturas, mas não devemos nos esquecer que:

“Si você tem medo, aja... a única forma de começar a lutar contra o medo, é a ação".

Neste outro artigo de Psicologia-Online você pode conhecer outros tipos de fobias.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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