Gimnofobia (medo da nudez): o que é, sintomas, causas e tratamento

Gimnofobia (medo da nudez): o que é, sintomas, causas e tratamento

Certamente você conhece alguém, ou talvez você mesmo tenha receio de mostrar seu corpo nu, e até mesmo alguém se mostrar nu te faz sentir incomodado/a e com vontade de sair do local. O que acontece se essa sensação acontece cada vez mais, até o ponto de tornar impossível estar em situações onde alguém mostre seu corpo nu? Ou talvez você aguente, mas fica com uma vontade tremenda de sair correndo dali?

Nestes casos poderíamos começar a falar de gimnofobia ou medo da nudez. Se você conhece alguém que tenha esta condição, ou simplesmente te gerou curiosidade, continue lendo! Neste artigo de Psicologia-Online, falaremos com detalhes sobre a gimnofobia: o que é, sintomas, causas e tratamento.

O que é gimnofobia

A gimnofobia provém do grego gymnos (nu) e phobos (medo irracional ou fobia), poderíamos defini-la como o medo irracional dos corpos nus. Dadas as particularidades apresentadas, é possível situar este quadro clínico dentro do grupo das fobias específicas delimitadas ou fobias simples.

Se você quer saber quais se incluem neste grupo, neste artigo você encontrará exemplos de quais são as fobias mais comuns.

Critérios diagnósticos da gimnofobia segundo o DSM-V

Segundo o Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais DSM-5[1], os critérios diagnósticos da gimnofobia são os seguintes:

  • Medo ou ansiedade de corpos nus provocada quase sempre imediatamente.
  • Evita-se de forma ativa, ou se enfrenta com intenso medo ou ansiedade, a exposição a corpos nus.
  • O medo ou a ansiedade são exagerados em respeito ao perigo real que supõe para o entorno sociocultural em que a pessoa se encontra.
  • O medo, ansiedade ou os comportamentos evitativos são persistentes e possuem uma duração mínima de 6 meses.
  • Causa mal-estar clinicamente significativo ou afeta a uma ou mais de uma área de funcionamento da pessoa que sofre com essa condição.
  • Não pode ser melhor explicada por outros transtornos mentais, doenças médicas ou consumos de substâncias.

Neste caso, especificaríamos o código "outros", já que não se trata de uma fobia a algum animal, situação do entorno natural nem de sangue, injeções ou danos.

Sintomas da gimnofobia

A gimnofobia não se manifesta da mesma forma em adultos e crianças. A seguir, veremos quais são os principais sintomas do medo da nudez em cada caso.

Sintomas da gimnofobia em adultos

O quadro clínico de gimnofobia em adultos apresenta os seguintes sintomas:

  • Sintomas de evitação de situações nas quais possa haver corpos nus, como poderiam ser as duchas públicas de academias, praias nudistas e relações sexuais.
  • Presença de níveis elevados de ativação.
  • Incapacidade de desenvolver com normalidade atividades comuns. As pessoas que sofrem com ela são incapazes de alcançar seus objetivos ou de manter certos hábitos de saúde.
  • Alteração e aumento do ritmo cardíaco.
  • Perda de controle sobre o comportamento na presença do estímulo.

Estes sintomas geralmente são frequentes e intensos e podem perdurar depois da exposição a corpos nus, ou até mesmo podem aparecer de maneira antecipatória.

Sintomas da gimnofobia em crianças

O medo da nudez em crianças se manifesta da seguinte maneira:

  • Choro.
  • Birra.
  • Inibição comportamental.
  • Busca de contato físico com o adulto de referência.

Causas da gimnofobia

Existem vários fatores que predispõem e precipitam o indivíduo a padecer de medo da nudez. O modelo explicativo integrador postula que a aparição de fobias específicas, como a gimnofobia, é devido à transmissão genética e ambiental. Sendo assim, existe uma herança genética e uma herança ambiental modelada pelo estilo/modelo educativo evitador e superprotetor dos pais ou cuidadores que interagem com elas.

As heranças genéticas e ambientais provocam ansiedade, viés atencional, mal-estar fisiológico e comportamentos de inibição, evitação e fuga. Esta vulnerabilidade também se vê implicada em uma relação bidirecional com as contingências educativas e ambientais que, junto com acontecimentos vitais estressantes e a aprendizagem social, fomentam a aparição de fobias específicas.

A partir desta vertente teórica, a seguir, descreveremos quais são as causas da gimnofobia mais frequentes, divididas em fatores que predispõem e precipitam a gimnofobia:

Fatores que predispõem a gimnofobia

Os fatores que predispõem o medo da nudez são:

  • Fatores genéticos e hereditariedade, colocando o foco, atualmente, na epigenética e a interação entre genes ao longo do desenvolvimento.
  • Temperamento e inibição comportamental: ausência de comportamento exploratório em crianças, busca de contato e presença contínua do adulto cuidador nas situações menos familiares, assim como tendência ao pranto e medo em situações novas e de conflito.
  • Comportamentos parentais de risco: estilo superprotetor e controlador.
  • Sensibilidade à ansiedade: preocupação pelas sensações corporais ou disposição para acreditar que os sintomas de ansiedade são prejudiciais.
  • Afeto negativo neuroticismo.

Fatores precipitantes da gimnofobia

Os fatores que precipitam a aparição da gimnofobia são:

  • Condicionamento clássico ou pavloviano, assim como o condicionamento operante. Existe um reforço negativo (fuga/evitação dos corpos nus) e também a aprendizagem social ou vicário em algumas ocasiões.
  • Acontecimentos vitais estressantes em idades precoces e entornos imprevisíveis.
  • A puberdade com suas mudanças hormonais, assim como as flutuações repentinas como consequência destas mudanças e que afetam aos receptores GABA, aumentando assim a excitabilidade dos circuitos neurais do medo.

Tratamento da gimnofobia

Se você se pergunta como tratar a gimnofobia, o mais efetivo, do mesmo modo que para outras fobias simples ou específicas, são as terapias de exposição (ao vivo ou interoceptiva) e a dessensibilização sistemática, junto com técnicas de controle fisiológico como o treinamento de respiração abdominal, relaxamento progressivo de Jacobson ou mindfulness.

Atualmente, também se demonstrou que o uso e aplicação das novas tecnologias da informação e a comunicação favorecem o prognóstico do medo à nudez. Por isso, estão começando a colocar em prática técnicas como a realidade virtual, a realidade aumentada, tratamento cognitivo-comportamental informatizado, ou por internet e, jogos com fins terapêuticos ou jogos sérios.

Por outro lado, também se demonstrou a eficácia das terapias cognitivos e motivacionais centrados nas cognições sobre a nudez que o paciente apresenta. A seguir, te mostramos as mais importantes:

  • Psicoeducação.
  • Treinamento em autoinstruções
  • Técnicas de resolução de conflitos.
  • Reestruturação cognitiva.
  • Reforço positivo.

Quanto à abordagem farmacológica, não se demonstrou uma melhoria significativa em combinar psicofármacos com terapia psicológica, frente à terapia psicológica sem administração de psicofármacos.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. American psychiatric association, (2014). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales DSM–5. Madrid, España. Editorial medica panamericana.
Bibliografia
  • Belloch, A., Sandín, B., Ramos, F., (2009). Manual de psicopatología, volumen II. Madrid. McGraw Hill / Interamericana de España, S.A.U.
  • Ezpeleta, L., & Toro, J. (2014). Psicopatología del desarrollo. Madrid: Pirámide.