Licantropia clínica: sintomas, causas, tratamento e casos reais

Licantropia clínica: sintomas, causas, tratamento e casos reais

A mente do ser humano tem a possibilidade de criar múltiplos cenários nos quais adquire papéis diferentes. Às vezes, pensamos que temos diferentes tipos de personalidade. Também podemos acreditar que não somos pessoas, mas, sim, animais que possuem capacidades próprias.

Existem lendas que falam sobre como um homem pode se transformar em um animal. Você já ouviu falar do lobisomem? Apesar de que a lenda do lobisomem seja uma história de ficção, é certo que existe um transtorno psicológico que pode afetar o ser humano. Quer saber mais sobre isto? Neste artigo de Psicologia-Online, te daremos informações sobre a licantropia clínica, seus sintomas, causas, tratamento e casos reais.

O que é licantropia clínica

Em primeiro lugar, vejamos o que significa licantropia clínica na psicologia. Apesar de que a licantropia clínica esteja associada especialmente à transformação da pessoa em um lobo, é possível que a pessoa imagine que está se transformando em outros animais neste transtorno.

Portanto, o paciente pode acreditar que se transforma em um lobo, um gato, uma hiena, um tigre, um cavalo, um sapo, um cachorro, uma ovelha, uma vaca, um porco, uma abelha, um pássaro e até mesmo uma serpente, entre outros.

Como se chama uma pessoa que acredita ser um animal? De forma geral, o termo utilizado é "transespécie", e para o caso específico dos lobos, se utiliza o termo "licantropo".

Na verdade, seria possível considerar a licantropia clínica como um tipo de psicose, isto é, como uma doença mental que afeta pessoas que apresentam alucinações e delírios.

No seguinte artigo, você encontrará informações sobre o que é a psicose, seus sintomas, causas e tratamento.

Sintomas da licantropia clínica

Como saber se você tem licantropia? Como uma pessoa com licantropia clínica se comporta? Frequentemente, podemos encontrar alguns sintomas que aparecem nas pessoas que sofrem desse quadro clínico. A seguir, descreveremos os mais importantes.

  • Ter comportamentos similares aos do animal no qual creem que se transformaram. Por exemplo, se a pessoa pensa que é um lobo, pode ficar em quatro apoios, grunhir, emitir sons parecidos, entre outras coisas.
  • Em certos momentos de lucidez, o paciente pode mencionar que se sente um animal específico. Isto não quer dizer que esteja mentindo, mas sim que está convencido de que é um animal.

Diante da presença destes sintomas, é importante procurar algum serviço de saúde mental como um hospital com serviço de psiquiatria e psicologia, já que é necessária a consulta com um profissional para determinar se se trata de um caso de licantropia clínica.

Causas da licantropia clínica

Poderíamos indicar alguns fatores que influenciam no surgimento desta patologia. O modo com que se desenvolvem dependerão das características de cada pessoa como o sexo, a idade, os antecedentes clínicos, a predisposição ao desenvolvimento de doenças orgânicas, ao histórico familiar, entre outros. Descreveremos as possíveis causas mais relevantes da licantropia clínica:

Alterações neurológicas

Foi estudado que pacientes que manifestavam se sentir como animais tinham lesões em certas áreas do cérebro como o encéfalo, área encarregada da percepção sensorial e motora. Isto tem como consequência um dano no córtex somatossensorial, o qual implica que as pessoas com estas alterações têm uma compreensão diferente de seu corpo, sua mente e seu entorno.

Fatos históricos e culturais

A licantropia clínica também pode ter sua origem em certos rituais realizados na antiguidade como a imitação dos comportamentos dos lobos para obter qualidades que puderam melhorar a sobrevivência. Em outras palavras, se buscava ter a ferocidade e a força dos lobos para sobreviver. É possível que as pessoas que apresentam estas características busquem formas de enfrentar situações de muito estresse e ansiedade.

Expressão de ideias e emoções ocultas

A psicanálise busca a origem de certos problemas do ser humano. Desde esta perspectiva, o fato de que a pessoa se sinta um animal pode estar vinculado a um modo de mostrar sensações de raiva e agressividade que não se mostram na vida cotidiana por fazer parte de uma sociedade na qual existem normas de convivência.

Tratamento da licantropia clínica

Existem alguns tratamentos que podem ajudar às pessoas que tenham licantropia clínica. É importante que saibamos que a indicação do tratamento deve ser realizada por um profissional da saúde já que isto permitirá que se faça um traçado preciso da evolução do paciente em cada momento, levando em conta as características principais. Os tratamentos disponíveis para a licantropia são:

Farmacologia

A ministração de alguma medicação psiquiátrica pode ser útil para este tipo de quadros. Geralmente, se trata de medicações antipsicóticas que reduzem os sintomas que aparecem na licantropia, já que agem no organismo bloqueando a recepção de dopamina, um neurotransmissor do cérebro encarregado de reações motoras e emocionais. Alguns antipsicóticos são a Sulpirida e a Olanzapina. No seguinte artigo, você pode ver o que é a dopamina e quais são suas funções.

Psicoterapia

A terapia pode ajudar a resolver situações que puderam causar sensações desagradáveis no passado. Existem vários tipos de psicoterapias como as terapias de curta duração, a psicanálise, entre outras. No caso da licantropia, uma terapia pode servir para que a pessoa entenda como se manifestam as emoções ocultas no momento em que acredita ser um animal.

Casos reais de licantropia clínica

Existiram alguns casos reais ao longo da história. No entanto, o caso mais conhecido é o de Manuel Blanco Rosamanta, mais conhecido como "O homem lobo galego assassino". Por volta de 1870, este homem chegou a assassinar treze pessoas durante suas travessias pelos bosques da Galícia.

No entanto, quando se cominou a sentença final para ele, não foi concedida uma pena de prisão devido ao fato de que os juízes consideraram que ele realmente era um homem lobo.

Hoje em dia, os avanços da medicina e da psicologia permitem dar um tratamento adequado às pessoas que sofrem deste quadro clínico.

Imagem: Reprodução/El Español

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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