Mutismo seletivo: sintomas, causas e tratamento

Mutismo seletivo: sintomas, causas e tratamento

Se você já assistiu The Big Bang Theory, certamente conhece o Rajesh Koothrappali, astrofísico indiano que tem tanta ansiedade ao falar com mulheres e estar na presença delas que, quando tem uma diante de si, não consegue articular uma palavra sequer. O que acontece com este curioso personagem de ficção? Ele sofre de mutismo seletivo, mas o que é exatamente esta condição?

Quer saber quais são os sintomas, causas e tratamento desta problemática? Em que situações esse fenômeno geralmente acontece? Se você tem interesse em saber as respostas a estas perguntas, não hesite e continue lendo! Neste artigo de Psicologia-Online, falaremos sobre o Mutismo seletivo: sintomas, causas e tratamento.

O que é o mutismo seletivo

Segundo o DSM-V[1], o mutismo seletivo é definido com os seguintes critérios:

  • Fracasso constante para falar em situações sociais específicas nas quais existe expectativa de falar, apesar de fazê-lo em outras situações.
  • A alteração interfere em eventos educativos e/ou profissionais ou na comunicação social.
  • A duração da alteração é de no mínimo de um mês.
  • O não poder falar não pode ser atribuído à falta de conhecimento ou à comodidade com a linguagem falada necessária para a situação social.
  • A alteração não é explicada melhor por um transtorno da comunicação. Além disso, não se produz exclusivamente durante o curso de um transtorno do espectro autista, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico.

Sintomas do mutismo seletivo em adultos

Os principais sintomas que se manifestam nos casos de mutismo seletivo em adultos são os seguintes:

  • Não iniciam o diálogo ou não respondem reciprocamente quando falam com outras pessoas.
  • Falta de discurso em interações sociais com crianças e adultos.
  • Falam em casa na presença de seus familiares mais próximos, mas não o fazem diante de outros familiares como avós ou primos.
  • Elevada ansiedade social.
  • Baixo rendimento acadêmico ou profissional.
  • Falta de expressão que interfere na comunicação social.
  • Uso de meios não verbais para se comunicar.
  • Desejo intenso de participar em atividades quando não é necessário falar.
  • Timidez extrema.
  • Medo de humilhação social.
  • Isolamento.
  • Retraimento social.
  • Traços compulsivos.
  • Negativismo.
  • Comportamento controlador.

Causas do mutismo seletivo

Devido à sobreposição significativa entre o mutismo e o transtorno social, acredita-se que podem existir fatores genéticos compartilhados entre ambas as condições. Além disso, foram determinados certos fatores temperamentais e ambientais de risco influentes como causas do mutismo seletivo. Os veremos a seguir:

  • Afetividade negativa (neuroticismo).
  • Inibição comportamental.
  • Histórico familiar de timidez.
  • Isolamento social.
  • Ansiedade social.
  • Inibição social por parte dos pais, já que podem servir de modelo para o desenvolvimento da reticência social e o mutismo seletivo.
  • Pais controladores ou protetores. Descubra as consequências da superproteção dos pais.

Tratamento do mutismo seletivo

O tratamento para o mutismo seletivo passa pelo treinamento em técnicas para enfrentar situações ansiogênicas e situações estressantes. Objetivamente, o treinamento de controle da ansiedade consiste de 3 fases diferenciadas que geralmente podem ser desenvolvidas em 5 sessões.

Mesmo assim, as sessões podem se estender até 8 ou 9 dependendo do desenvolvimento do programa, do processo terapêutico ou das possíveis dificuldades que podem surgir em sua implementação. Vejamos quais são as fases deste treinamento e suas características.

1. Discriminação e detecção da resposta de ansiedade

Na primeira fase do tratamento do mutismo seletivo é fundamental identificar quais são os sintomas concretos de cada paciente para abordá-los desde esta perspectiva, atendendo aos sinais e sintomas específicos que demonstra.

Além disso, também é necessário realizar uma sessão de psicoeducação para explicar em que consistirá a técnica a ser aplicada, assim como as variáveis que intervêm na manutenção do mutismo e suas causas. Também se deve mencionar aqueles fatores que estejam presentes, mas que já não podem ser modificados porque são predispostos.

2. Treinamento em relaxamento

A segunda fase do treinamento consiste em fornecer ao paciente técnicas de relaxamento mental que podem ser usadas diante do estímulo social associado que provoca ansiedade até o ponto de não poder falar. Com o objetivo de aplicá-las nessas situações, estas técnicas geram uma resposta oposta à inicial, de forma que não possam ocorrer as duas respostas simultaneamente.

3. Treinamento em imaginação de cenas geradoras de ansiedade e relaxamento

Na terceira e última fase do tratamento do mutismo seletivo o paciente é treinado da seguinte forma:

  1. Deve visualizar cenas de relaxamento.
  2. Imaginar as cenas que provocam o mutismo e geram reações de ansiedade.
  3. Uma vez que esteja imerso neste estado ansiogênico, deverá imaginar as cenas de relaxamento previamente aprendidas para erradicar a resposta ansiosas que essas situações provocam.

Durante este processo, é importante que o paciente vá praticando em casa o que for fazendo nas sessões com o objetivo de interiorizar o que foi aprendido e acelerar o processo de cura.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. American psychiatric association, (2014). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales DSM – 5. Madrid, España. Editorial medica panamericana.
Bibliografia
  • Ezpeleta, L. y Toro, J. (coords.) (2016). Psicopatología del desarrollo. Madrid: Ed. Pirámide.
  • Rosique, M.T., (2019). Avances en técnicas de intervención psicológica. Madrid. Ed: CEF.