Necessidade de atenção: de onde vem?

Necessidade de atenção: de onde vem?

Você já sentiu que precisava muito da atenção dos outros? Ou conhece alguém que fica sempre em busca de aprovação e atenção dos demais? Percebeu que muitas vezes existem pessoas que precisam de mais atenção do que as outras pessoas conseguem ou querem dar? Essas são perguntas comuns para quem vive com ou tem alguém próximo que possui carência afetiva.

Neste artigo você irá entender os sintomas da necessidade de atenção e como podemos lidar melhor com ela. Descubra em Psicologia-Online de onde vem a necessidade de atenção.

Sintomas de pessoas com necessidade de atenção

Os sintomas das pessoas que têm necessidade de atenção são:

  • Necessidade de aprovação;
  • Emoções intensas;
  • Comportamentos imprevisíveis;
  • Percepção irrealista do mundo;
  • Problemas no relacionamento amoroso, familiar e amigável;
  • Mudanças bruscas de um humor para o outro;
  • Dificuldades de lidar com abandono;
  • Dependência afetiva.

Vamos falar um pouco mais das emoções intensas, comportamentros imprevisíveis, percepção irrealista e dos problemas nos relacionamentos.

Na necessidade de atenção há uma busca constante de aprovação. Ela nasce quando aprendemos que seremos amados ou que vamos evitar problemas se fizermos o que os outros querem.

Ou seja, se cumprirmos com as expectativas dos outros vamos evitar problemas e seremos aprovados.

Emoções intensas

As emoções intensas fazem parte do pacote da pessoa carente de atenção. Essa necessidade está fortemente vinculada com a intensidade de nossos sentimentos.

Os indivíduos que sofrem com necessidade de atenção, geralmente a buscam na maior parte do tempo – contudo, a maioria das vezes ficarão com a sensação de que seus desejos não foram atendidos.

A quantidade de atenção que eles precisam costuma ser maior do que os outros podem dar, então, constantemente suas expectativas são frustradas devido a um desejo exagerado vinculado à carência afetiva.

Essas expectativas frustradas constantemente aumentam o grau de ansiedade do indivíduo no seu dia a dia.

Na Terapia Comportamental Dialética comenta-se sobre a intensidade das emoções, explicando que, quando o ambiente ignora, não valida ou não reconhece seus sentimentos, a tendência é que as emoções se intensifiquem buscando novamente o objetivo que nesse caso seria a atenção.

Ou seja, o indivíduo irá buscar e pedir atenção, contudo devido a suas necessidades serem inalcançaveis os outros não poderão dar o que ele pede. Logo, será instintivo que ele aumente a intensidade das suas emções e pedidos em busca novamente de saciar sua carência.

Comportamentos Imprevisíveis

As emoções afetam nossa forma de agir. Quando buscamos atenção e não conseguimos, nossas emoções se intensificam e cada vez mais nossos comportamentos ficam menos controláveis.

Alguns comportamentos presentes na necessidade de atenção:

  • Usar da aparência para conseguir atenção;
  • Manipulação;
  • Reação exagerada a críticas.

Esses são alguns comportamentos presentes na vida de quem possui carência afetiva, a intensidade deles é extremamente importante – visto que esses sintomas em uma intensidade muito elevada, que podem ser sintomas do Transtorno de Personalidade Histriônico (prevalência de 2% da população geral).

A imprevisibilidade emocional leva cada vez mais a comportamentos inconstantes. Esses comportamentos confundem cada vez mais nosso EU, reforçando nossa necessidade de atenção pois dificulta nosso autocontrole.

Percepção Irrealista do Mundo

Nossa cognição busca constantemente vieses de confirmação. Isso ocorre pois estamos sempre buscando informações para apoiar nossas crenças. Contudo, muitas vezes só estamos focando naquilo que é interessante para comprovar nosso ponto.

Ou seja, se estamos buscando comprovar nossos medos, pensamentos e problemas... Como seria isso no indivíduo que possui necessidade de atenção?

Geralmente a necessidade de atenção é algo mais profundo na construção do indivíduo, logo já faz parte do seu funcionamento mental. Então, o cérebro dessa pessoa tem uma tendência a observar situações e acontecimentos que comprovem que ela sempre precisa de mais atenção.

Quando ela foca apenas naquilo que reforça seu ponto, acaba por ignorar o resto das informações – tornando uma percepção irrealista e parcial.

Problemas nos Relacionamentos

Com os fatores que já comentamos acima, podemos reconhecer mais facilmente o porquê de os relacionamentos serem mais problemáticos.

As emoções intensas, comportamentos imprevisíveis, a visão parcial e irrealista afeta consideravelmente os relacionamentos afetivos.

Além disso, apesar da autoestima das pessoas carentes de atenção serem inconstantes e rasas, geralmente esses indivíduos possuem facilidade social, persuadindo e manipulando os demais para conseguir a atenção que desejam – dificultando relacionamentos saudáveis e prósperos.

Como desenvolvemos a necessidade de atenção

Todos necessitamos de atenção em algum grau, isso nem sempre é apenas “nosso”, às vezes nós aprendemos na infância que precisamos constantemente sermos amados e aprovados.

Alguns autores como Izquierdo Martines e Games-Acosta [1]concordam com a influência da infância no desenvolvimento afetivo do indivíduo.

Alguns fatores da infância podem contribuir para que uma pessoa tenha necessidade de atenção:

  • Pais que rejeitam ou invalidam os sentimentos;
  • Ambiente que não é seguro;
  • Falta de um ambiente afetuoso;
  • Apego disfuncional e prejudicial.

Como lidar com a carência afetiva

Vamos entender melhor como podemos lidar com a necessidade de atenção. Inicialmente é importante falarmos sobre a relação da necessidade de atenção/carência afetiva com a dependência emocional.

Nem todas as pessoas que querem constantemente atenção são dependentes emocionais e nem todos dependentes emocionais precisam de atenção de todos o tempo todo.

Sabe quando você se apaixona por alguém e nos primeiros meses você fica maluco/a por aquela pessoa? Então, isso acontece devido a uma super ativação neuronal que ocorre no nosso cérebro quando estamos apaixonados.

A dependência emocional ocorre quando há uma fixação nessa ativação – o indivíduo precisa dessa sensação para se sentir confortável.

Já a carência afetiva tem um vínculo maior com a necessidade de ser visto e aprovado pelos demais, mas também é a dependência do outro, pois precisa-se sempre da atenção dele, o indivíduo não está “completo” sem que o outro o veja e lhe aprove.

Consegue ver a relação?

Pessoas carentes de atenção

Para lidarmos com a nossa necessidade de atenção precisamos entender que ela se mostra em nossos comportamentos e formas de pensar. Sabendo disso, uma forma para lidarmos melhor com isso é a modificação comportamental.

Segundo o livro da DBT (Terapia Comportamental Dialética para terapeutas) [2] para modificar os comportamentos precisamos de:

  • Gestão das consequências;
  • Controle de estímulo para reforçar ou diminuir os comportamentos desejados e indesejados.

Quero que você imagine uma situação onde você sempre deseja atenção de uma maneira que você acredita ser demais. Lembre da sensação mental e física nessas horas.

Me diga, você fica ansiosa/o? Seu coração quando percebe que não é o centro, bate mais rápido?

É hora de mudarmos o foco. Parte do tratamento da desregulação emocional é a redução dessa ativação fisiológica que a emoção pode trazer. Então vamos alternar a nossa atenção, vamos focar em outra situação.

Por exemplo, se você está em uma roda de amigos onde todos estão conversando, porém você não é o centro das atenções e começa a ficar ansioso/a, tente focar em uma das conversas, busque focar realmente no que o outro está falando.

Fazendo isso você irá diminuir a sua reação física e vai distrair a sua mente. E aí? Sente-se pronto/a para encarar uma rodinha de conversa sem a necessidade de ser o centro das atenções?

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Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. BUTION, Denise; WECHSLER, Amanda. Dependência Emocional: Uma revisão sistemática da literatura. Dependência emocional, Londrina, v. 6, n. 11, p. 1-25, 6 jun. 2016
  2. Linehan, Marsha M. Treinamento de habilidades em DBT : manual de terapia comportamental dialética para o terapeuta [recurso eletrônico] / Marsha M. Linehan ; tradução: Henrique de Oliveira Guerra ; revisão técnica: Vinícius Guimarães Dornelles. – 2. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2018.