Nictofobia: o que é, sintomas, causas e tratamento

Nictofobia: o que é, sintomas, causas e tratamento

«A noite é escura e cheia de horrores» é uma das frases mais conhecidas de Melisandre, uma das protagonistas da popular série Game of Thrones. Embora o medo do escuro possa fazer parte do desenvolvimento normal de crianças pequenas, esse não é o caso de crianças mais velhas e adultos. A nictofobia é um medo irracional do escuro que ocorre de forma inapropriada em determinadas idades e que pode levar a pessoa a limitar suas atividades, evitar determinadas circunstâncias e sentir ansiedade por antecipação à falta de luz.

Neste artigo de Psicologia-Online explicaremos o que é a nictofobia, quais são seus sintomas e suas causas, além do tratamento mais apropriado para esse transtorno.

O que é nictofobia

A nictofobia é o medo intenso e irracional do escuro. Esse transtorno é catalogado como fobia dentro dos distúrbios ou transtornos de ansiedade. Ocasionalmente, o medo pode não estar relacionado com o escuro em si, mas com supostos perigos ocultos que ocorrem no contexto da noite (por isso nos filmes de terror é frequentemente usada a escuridão como método para assustar o espectador). A falta de segurança e confiança também podem influenciar, especialmente quando você está sozinho.

Embora não seja necessariamente ruim sentir um certo nervosismo quando estamos no escuro, um dos sinais que pode nos alertar que estamos diante de nictofobia é a sensação de ansiedade e angústia. O medo do escuro pode se tornar um transtorno quando ele assusta tanto que interfere na capacidade da pessoa de se desenvolver no seu dia a dia, no trabalho ou em seu ambiente social. O fato diferencial entre o simples medo e uma fobia é que essa última provoca um desconforto clinicamente significativo. No seguintes artigo, você encontrará diferentes tipos de fobias.

Nictofobia em adultos: causas e características

Ao contrário do que possa parecer, o medo do escuro ou nictofobia não afeta apenas as crianças. Aproximadamente 1 em cada 10 adultos apresenta nictofobia ou algum dos sintomas característicos desse transtorno. Um adulto é capaz de analisar racionalmente as causas e as motivações de seus medos mas, nas fobias, isso é irrelevante, pois as sensações negativas são desencadeadas apesar de tudo.

Por outro lado, as causas da nictofobia podem ser múltiplas. A origem pode estar em uma experiência traumática sofrida pela pessoa e relacionada com a escuridão ou a noite; pode ter sido provocada por uma memória ruim ou uma visão distorcida do que realmente é estar no escuro; ou pode se originar devido a uma aprendizagem por observação (o que em psicologia é conhecida como condicionamento vicário), o que ocorre quando a pessoa adquire o medo do escuro depois de ver como outra pessoa reage com essa mesma emoção em uma situação desse tipo.

Sintomas de nictofobia

Os sintomas de nictofobia mais comuns são os seguintes:

  • Ficar nervoso em qualquer ambiente escuro.
  • Necessidade de dormir com uma luz acesa.
  • Relutância em sair à noite.
  • Experimentar sintomas fisiológicos de ansiedade que incluem: um aumento da frequência cardíaca, transpiração, tremores, sensação de desconforto, náuseas, dores de cabeça ou diarreia.

Além desses últimos, a nictofobia em adultos pode provocar outros sintomas considerados mais graves, como os seguintes:

  • Tentar escapar de lugares ou ambientes escuros.
  • Permanecer compulsivamente no interior de um edifício (em casa, no trabalho, etc.) para não sair de noite.
  • Sentir raiva ou irritação quando alguém tenta incentivar a pessoa a passar tempo no escuro.

Tratamento para nictofobia

Para superar a nictofobia ou fobia de escuro, podem ser aplicadas na intervenção estratégias psicológicas e também podem ser utilizados medicamentos:

Tratamento psicológico da nictofobia

A boa notícia é que a nictofobia, como a grande maioria de fobias específicas, tem tratamento e pode ser superada. O plano de tratamento inclui a terapia cognitivo-comportamental, cujo objetivo é desafiar as crenças e os medos sobre o escuro, de modo que os pensamentos negativos sejam substituídos por outros mais realistas e funcionais. Um dos métodos terapêuticos mais utilizados nesta e em outras fobias e sobre a qual já falamos em outro artigo de Psicologia-Online, é a técnica de exposição, um procedimento que confronta a pessoa com a situação ou o objeto temido (nesse caso, o escuro) para ajudá-la a superar os medos e a ansiedade. Para isso, é importante que seja executada em um contexto seguro, em um estado de relaxamento e com a ajuda do terapeuta, com o objetivo de que o paciente não possa escapar da situação de escuro e aprenda que a ameaça não é real.

Outra variante desta técnica é a exposição gradual: a pessoa é exposta a um ambiente escuro em "pequenas doses" e progressivamente, sob condições de relaxamento e em um contexto seguro e controlado. Através dessa dessensibilização, a pessoa perde o medo pouco a pouco e, com a prática repetidamente, os sintomas de ansiedade vão diminuindo.

Tratamento farmacológico da nictofobia

Outra das formas possíveis de tratar a nictofobia, complementando o tratamento anterior, é o uso de psicofármacos. É recomendado especialmente nos casos mais graves ou nos que o transtorno causa uma disfunção em vários âmbitos da vida da pessoa. Os medicamentos mais comumente usados são os ansiolíticos, medicamentos usados para reduzir os sintomas da ansiedade e nervosismos característicos desta e outras fobias; e medicamentos antidepressivos, como os inibidores da recaptação de serotonina, que servem para regular os níveis de neurotransmissores do cérebro a médio e longo prazo. No artigo a seguir, você encontrará o que é a serotonina e para que serve.

Existe diferença entre nictofobia e escotofobia?

A nictofobia ou o medo do escuro costuma receber o nome de acluofobia, ligofobia e escotofobia. No entanto, em algumas áreas, foram estabelecidas diferenças entre nictofobia, o substantivo que designa o medo irracional ou a fobia da noite; e escotofobia, como o termo que se refere à fobia do escuro. Logicamente, a noite está associada à escuridão, embora no medo dela não seja tanto a noite que causa o medo, mas os riscos e os perigos que a pessoa imagina ou supõe que possam surgir.

No entanto, os três termos podem ser utilizados como sinônimos porque aludem à mesma realidade, que não é outro senão um medo intenso e muitas vezes incapacitante de tudo que tem a ver com a escuridão, seja um produto da noite, as sombras ou o escuro.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
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