O que é constelação familiar e para que serve

O que é constelação familiar e para que serve

Existem muitas ferramentas e estratégias para ajudar as pessoas a tomar consciência da origem de seu mal-estar. Algumas mais contrastantes que outras. Entre as do segundo tipo, encontramos as constelações familiares. Um método controverso que causa tanto agrado quanto rejeição por sua falta de evidência científica. É realmente uma técnica útil? Ou é perigosa? Há opiniões de todos os tipos.

Neste artigo de Psicologia-Online, queremos te facilitar a compreensão sobre o que é a constelação familiar e para que serve.

O que é constelação familiar

As constelações familiares, segundo Bourguin (2013), baseiam-se em uma percepção que nos permite entender aqueles comportamentos difíceis de explicar a partir dos traços pessoais do indivíduo, mas que podem ser explicados e entendidos como uma resposta à existência de uma desordem em seu núcleo familiar.

Nesta técnica se trabalha com as últimas quatro gerações de uma família, ou seja, incluindo-se até os bisavôs da pessoa que realiza a constelação.

Foi desenvolvida pelo filósofo e pedagogo Bert Hellinger com o objetivo de reorientar e curar as relações crescentes no seio da família.

Como as constelações familiares são feitas

Em uma constelação, busca-se descobrir se a pessoa está envolvida no destino de seus antepassados. Isto tem como objetivo que ela pense, sinta e até mesmo aja como esse membro da família.

Geralmente são realizadas em workshops de fim de semana e em grupo, no entanto, existe também uma aplicação para a terapia individual. Para começar a constelar, o paciente precisa ter uma necessidade que queira resolver e que esteja dentro dos limites das constelações.

A pessoa, depois de ter exposto o problema, escolherá entre o resto dos participantes as pessoas que atuarão como membros de sua família. Uma vez escolhidos, os colocará na distância e na direção visual que considera adequada. Por este motivo recebem o nome de constelação.

Segundo dizem alguns teóricos que empregam este método, é neste ponto que se produz o fenômeno mais chamativo. As pessoas que representam os membros da família da pessoa constelada, passam a sentir as emoções e sentimentos das pessoas que representam, mesmo sem conhecê-las.

Após isto, o terapeuta realiza diferentes movimentos com a intenção de restabelecer a ordem no sistema, sugerindo, por sua vez, diferentes frases que ajudarão o sujeito a se dar conta da problemática real para que desta forma possa gerar uma solução.

 

Para que serve a constelação familiar

As constelações têm como objetivo que a pessoa perceba suas implicações em sua família para que, deste modo, seja possível oferecer uma solução à problemática que foi proposta. Dessa forma, ajuda com que ela se coloque no lugar adequado dentro do sistema que sua família forma.

Com a ajuda das frases propostas pelo terapeuta, a pessoa obterá um equilíbrio adequado dentro do sistema, chegando assim a conquistar harmonia em sua vida.

As constelações familiares são perigosas?

Para responder a esta pergunta, você precisa partir do ponto de que não se trata de uma terapia com evidência científica, ou seja, não foi feito nenhum estudo científico que possa avaliar sua eficiência. Portanto, qualquer resultado positivo desta terapia pode ser atribuído à sugestão e à empatia.

É possível observar que sua explicação teórica é a união de diferentes pseudociências como a psicanálise, o psicodrama, a hipnose, etc.

Além disso, para realizar a tal técnica, a pessoa que realiza a constelação não precisa de nenhuma especialização e, por isso, é criticada e rejeitada por muitos profissionais, já que qualquer pessoa pode se tornar um constelador.

Do ponto de vista dos psicólogos e psicólogas, é preciso dizer que nenhum de nós empregamos esta técnica pois, ao fazê-lo, estaríamos violando um dos deveres fundamentais dos psicólogos e psicólogas [1]:

Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional;

Efeitos das constelações familiares

Segundo os teóricos adeptos das constelações, são listados a seguir os sucessos e efeitos positivos das constelações.

  • Resolver conflitos com o/a parceiro/a, os pais, filhos e qualquer outro membro do sistema familiar que esteja dentro das quatro gerações antecedentes;
  • Compreender e aceitar a enfermidade em suas origens sistêmicas, como um primeiro passo para a recuperação;
  • Equilibrar os sistemas familiares;
  • Enfrentar o medo da morte e as separações;
  • Clarear e diferenciar os sentimentos por outras pessoas;
  • Compreender que as ações sempre têm consequências;
  • Recuperar o equilíbrio interior;
  • Alcançar a paz e a felicidade que precisamos em nossa vida.

No entanto, também existem uma grande quantidade de críticas pelos efeitos causados sobre as pessoas consteladas.

  • Trata-se de uma terapia que expõe a intimidade das pessoas diante de outros;
  • É uma terapia autoritária e indutiva;
  • Termina em um determinismo de um destino inevitável;
  • Como já foi relatado anteriormente, não possui validade científica;
  • Baseiam-se em um elemento místico que não possui explicação alguma.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. Código de Ética Profissional do Psicólogo. Disponível em: <http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf/>. Acesso em 25 de janeiro de 2021.
Bibliografia
  • Alonso, Y. (2005). Las constelaciones familiares de Bert Hellinguer: un procedimiento psicoterapéutico en busca de identidad. International journal of psychology and psychological therapy, 5(1), 85-96.
  • Bourquin, P. (2013). Las constelaciones familiares. Desclée de Brouwer.
  • Gómez Gómez, F., & Pérez Doñoro, A. M. (2005). Investigación sobre la aplicación del método de las Constelaciones Familiares de Bert Hellinger a la supervisión clínica. Revista de investigación en psicología, 8(1), 29-50.
  • Pacheco, B. M. (2008). ¿ Qué son las constelaciones familiares?. UARICHA, 10, 32-38.