
A emetofobia é o medo irracional de vomitar ou de ver outras pessoas vomitando. Suas causas incluem experiências traumáticas ou fatores genéticos, e o tratamento geralmente envolve terapia cognitivo-comportamental, exposição gradual e, em alguns casos, medicação.
Vomitar é uma ação humana que gera muito repúdio. Em algumas ocasiões, as pessoas precisam expulsar certos alimentos, bebidas ou substâncias para se sentirem aliviadas. Frequentemente, trata-se de um ato involuntário, mas, em geral, o efeito do vômito costuma ser desagradável, e há um intenso temor de revivê-lo no futuro. Neste artigo de Psicologia-Online, apresentaremos informações sobre o que é emetofobia (medo de vomitar): causas, sintomas e tratamentos.
O que é emetofobia (medo de vomitar)
A emetofobia é o medo intenso e irracional de vomitar, de ver outras pessoas vomitando ou, até mesmo, de situações que possam levar ao vômito, como doenças ou alimentos estragados. Embora possa parecer um medo comum, para quem sofre dessa condição, torna-se uma fobia incapacitante que afeta a qualidade de vida.
Segundo o DSM-V[1], a emetofobia é classificada como uma fobia específica devido às características que apresenta. Seus critérios diagnósticos incluem provocar medo ou ansiedade desproporcionais em relação ao perigo real, persistir por seis meses ou mais e causar prejuízos em atividades laborais, relações sociais ou familiares.
As pessoas com emetofobia evitam certos alimentos, lugares (como restaurantes) ou atividades que associam ao risco de vômito. Elas estão constantemente preocupadas com a possibilidade de que elas mesmas ou outras pessoas possam vomitar, mesmo quando o risco é mínimo.
Causas do medo de vomitar
A emetofobia é uma fobia específica que pode ser causada por diversos fatores psicológicos e emocionais. As causas mais comuns são:
- Experiências traumáticas anteriores: ter passado por episódios intensos de vômito no passado, especialmente em situações constrangedoras ou dolorosas, pode gerar um medo persistente;
- Transtornos de saúde mental: a emetofobia está frequentemente associada à ansiedade generalizada, ao transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou ao transtorno de pânico. Pessoas com medo de vomitar tendem a se preocupar excessivamente em perder o controle em situações públicas;
- Hipocondria ou medo de doenças: o medo de vomitar pode estar relacionado ao receio de adoecer ou de contrair vírus gastrointestinais;
- Sensibilidade ao nojo: algumas pessoas têm maior sensibilidade ao nojo, o que faz com que o vômito (próprio ou de outros) seja uma ideia particularmente intolerável;
- Medo do julgamento social: aprender comportamentos ou atitudes de figuras importantes na infância, como pais que demonstravam medo ou repulsa ao vômito, pode influenciar no desenvolvimento dessa fobia. Além disso, o desejo de manter uma imagem corporal saudável, associado a ideais de perfeição impostos pelas normas sociais, aumenta as chances de desenvolver a emetofobia.

Sintomas da emetofobia
O medo de vomitar se manifesta por sintomas físicos, emocionais e comportamentais que podem interferir na vida cotidiana. Especificamente, os sintomas mais comuns da emetofobia são:
- Ansiedade intensa: ao pensar em vomitar, sentir náuseas ou estar perto de alguém que possa vomitar. Neste artigo, você poderá obter mais informações sobre "Enjoo por ansiedade: como aliviá-lo";
- Evitamento de espaços públicos: como não comparecer a eventos sociais, evitar viajar em transporte público ou frequentar lugares fechados com medo de vomitar;
- Hipersensibilidade a sensações corporais: interpretar qualquer desconforto estomacal como um sinal iminente de vômito;
- Ataques de pânico: com sintomas como sudorese, palpitações, respiração acelerada e sensação de perda de controle. Confira nosso artigo "É perigoso ter um ataque de ansiedade?" para saber mais;
- Obsessão por higiene: a necessidade de controlar o ambiente gera comportamentos como lavar constantemente as mãos ou evitar pessoas doentes para prevenir doenças estomacais;
- Alterações na alimentação: como comer porções muito pequenas ou restringir-se a alimentos considerados "seguros". Também é comum evitar a ingestão de alimentos ou bebidas que poderiam causar desconforto estomacal, mesmo sem um risco real;
- Sonhos angustiantes: relacionados a vômitos ou situações de perda de controle.
Apesar de identificar um ou mais desses sintomas, é essencial que o diagnóstico seja realizado por um profissional de saúde mental.
Tratamento da emetofobia
O tratamento da emetofobia é focado em reduzir a ansiedade associada ao medo de vomitar, modificar padrões de pensamento e comportamento e melhorar a qualidade de vida. Existem diversas terapias e estratégias eficazes que podem ser adaptadas a cada pessoa. A seguir, apresentamos os tratamentos atuais para abordar essa problemática:
1. Psicoterapia
O acompanhamento de um profissional de saúde mental fornece ferramentas cruciais para superar os sintomas da emetofobia. Os tipos de terapia mais eficazes nesses casos são:
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC): ajuda a identificar e substituir pensamentos irracionais ou negativos relacionados ao vômito por outros mais realistas;
- Terapia de exposição: consiste em enfrentar o medo de vomitar de forma progressiva, por exemplo, começando a falar sobre o vômito, ver imagens ou vídeos e, eventualmente, lidar com situações reais associadas ao temor. Confira nosso artigo sobre "Como enfrentar o medo";
- Terapia de aceitação e compromisso (ACT): foca na aceitação do desconforto causado pelo medo sem tentar eliminá-lo, enquanto a pessoa se concentra em seus valores e objetivos de vida.
2. Uso de medicamentos
Em casos graves, o uso de medicamentos ansiolíticos pode ser uma ajuda necessária. Contudo, o consumo de qualquer fármaco deve ser sempre supervisionado por um especialista. Os mais indicados para a emetofobia são:
- Antidepressivos ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina), como sertralina ou escitalopram, para reduzir a ansiedade generalizada.
- Ansiolíticos de uso a curto prazo, como benzodiazepínicos, em situações específicas de alta ansiedade. Você também pode testar alguns "Ansiolíticos naturais para a ansiedade";
- Medicamentos para controlar sintomas de náuseas, como antieméticos, caso sejam frequentes e agravem o medo.
3. Adotar hábitos saudáveis
Para tratar a emetofobia e evitar problemas gastrointestinais, é importante manter hábitos alimentares equilibrados. Modificar o estilo de vida ajudará a superar o medo de vomitar e melhorar sua qualidade de vida. Pratique atividade física regular e evite o isolamento social para reduzir a ansiedade associada ao medo.
4. Desafiar crenças
Questionar as crenças relacionadas à emetofobia é uma ferramenta essencial para reduzir seu impacto. Para isso, siga estes passos:
- Identifique crenças negativas,como "se eu vomitar, perderei completamente o controle" ou "vomitar é a pior coisa que pode acontecer";
- Questione essas crenças com perguntas como "que evidências eu tenho de que isso realmente acontecerá?", "como outras pessoas enfrentaram essa situação?" ou "realmente seria tão terrível se isso acontecesse?";
- Substitua essas ideias por pensamentos mais realistas, como "vomitar é desagradável, mas não é perigoso, e eu posso lidar com isso". Isso ajudará a reduzir a ansiedade e a recuperar o controle sobre o medo.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- Asociación Estadounidense de Psiquiatría (2013). Manual Diagnóstico y Estadístico de los trastornos mentales (5.ª edición). Arlington: Editorial Médica Panamericana.
- Manzuoli, A. (2019). Análisis de un caso de fobia específica; emetofobia en tratamiento cognitivo conductual. Universidad de Palermo, Facultad de Humanidades y Ciencias Sociales.