O que é psicose

O que é psicose

A psicose é o rótulo por excelência dos transtornos mentais. Quando ouvimos dizer que alguém sofre de um transtorno psicótico, logo pensamos em problemas mentais graves e um conjunto de sintomas tão impressionante que pode levar até às alucinações. O termo é tão popular que inclusive nomeou o famoso filme de Hitchcock, além de estar presente em muitas outras obras.

Mas o que realmente é a psicose? Tratando-se de um termo tão popularmente conhecido, todos nós podemos ter uma ideia do que significa. Contudo, pode ser que existam aspectos desse transtorno mental que você não conheça. Por isso, se você quiser conhecer um pouco mais sobre esse termo, continue lendo este artigo de Psicologia-Online no qual apresentamos o que é psicose, além de falarmos sobre seus sintomas, causas e tratamento.

O que é psicose

Tradicionalmente e segundo o dicionário de psicologia da Associação Americana de Psiquiatria, o termo psicose engloba qualquer transtorno mental grave que interfere nas atividades cotidianas e na rotina diária do paciente.

Sendo assim, se você quer saber o que é psicose, o mesmo dicionário disponibiliza uma definição mais utilizada atualmente e que se refere a uma alteração mental na qual surgem problemas relativos à consciência da realidade, no qual há alterações nas funções cerebrais, como a percepção ou o processamento cognitivo. Essas alterações se manifestam por meio de sintomas que podem incluir delírios, alucinações e desorganização da fala. Essa mesma definição também aponta a presença de alterações relacionadas ao universo emocional do paciente.

Quando falamos de psicose nos referimos a um grupo de transtornos reunidos nos manuais de classificações diagnósticas DSM-5 (da Associação Americana de Psiquiatria)[1]e CIE-11 (da Organização Mundial de Saúde)[2]. Especificamente, a classificação do DSM-5 reúne os seguintes tipos de psicose:

  • Esquizofrenia
  • Transtorno esquizofreniforme
  • Transtorno esquizoafetivo
  • Transtorno de personalidade esquizotípica
  • Surto psicótico
  • Transtorno delirante
  • Transtorno psicótico induzido por substâncias e/ou medicação
  • Transtorno psicótico decorrente de outra condição médica
  • Outros transtornos psicóticos e do espectro da esquizofrenia, especificados ou não.

Sintomas da psicose

Os transtornos psicóticos fazem parte de um grupo de psicopatologias que apresentam sintomas tão variados quanto complexos. O surgimento de sintomas tão diversos faz ser necessário a classificação dos mesmos. Nesse sentido, a classificação mais utilizada agrupa os sintomas da psicose nas três categorias que veremos a seguir:

  • Sintomas positivos: entre os sintomas positivos encontramos as alucinações, os delírios, o comportamento catatônico e outros sintomas motores. Trata-se do grupo de sintomas que mais chama a atenção na psicose e que mais costumamos associar aos transtornos psicóticos. Possuem boa resposta ao tratamento medicamentoso.
  • Sintomas negativos: os sintomas negativos são menos aparentes, mas igualmente importantes. Tais sintomas abarcam as alterações que parecem ocorrer por padrão, isto é, alterações em que as funções são diminuídas, tal como ocorre com o embotamento afetivo, anedonia e/ou alogia.
  • Sintomas desorganizados: entre eles estão a desorganização da fala, afeto inapropriado e desorganização do comportamento.

Causas da psicose

A psicose engloba uma série de transtornos de alta complexidade e com número elevado de sintomas associados. Transtornos tão complexos assim contam com teorias sobre suas causas que são igualmente complexas.

As respostas oferecidas para explicar a origem da psicose compreendem diversas áreas do conhecimento, como a biologia, a psicologia e até a sociologia. Por isso, estabelecer uma única causa de origem da psicose seria reducionista.

Teorias biológicas

Sem deixar de lado as teorias psicológicas, as teorias biológicas têm oferecido um grande número de explicações baseadas nos elementos que consideram estar atrelados à origem da psicose. Entre as teorias biológicas podemos encontrar teorias sobre as causas da psicose que estão ligadas a fatores:

  • Genéticos;
  • Bioquímicos;
  • Endócrinos;
  • Imunitários;
  • Neuroanatômicos;
  • Neurofisiológicos;
  • Neurodesenvolvimentistas.

Teorias psicológicas

Entre todas as teorias propostas para explicar a psicose, não há nenhuma que particularmente se destaque das outras. Por isso, devemos levar todas elas em consideração e tentar oferecer uma explicação integrada, que englobe não só as teorias biológicas, como também as teorias advindas de outros campos, como da psicologia.

Nesse sentido, devemos mencionar o modelo de vulnerabilidade-estresse no qual se leva em conta a interação de diferentes elementos, como a vulnerabilidade dos pacientes, os estressores ambientais ou seus fatores de proteção. Com base em todos esses elementos, um episódio psicótico poderia surgir como consequência do surgimento de estressores em determinadas situações que, em interação com a vulnerabilidade do paciente, levaria ao desenvolvimento do transtorno psicótico.

Tratamento da psicose

Para fazer o tratamento da psicose, devemos ter em mente o diagnóstico específico que foi feito e a avaliação psiquiátrica e psicológica que avaliarão as peculiaridades do caso. Tanto para avaliar quanto para planejar o tratamento da psicose, devemos levar em conta que, como já vimos, o grupo dos transtornos psicóticos apresenta uma fenomenologia muito complexa e que a intervenção profissional deverá abarcar todos os sintomas.

Conforme Gogoy, J.F (2014)[3], o tratamento medicamentoso é mais indicado quando os sintomas positivos forem os predominantes, sendo que deve ser complementado com terapia psicológica e psicossocial. Por outro lado, quando os sintomas negativos forem os mais presentes, a estratégia recomendada é uma reabilitação das funções básicas e/ou cognitivas.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (2014). DSM-5. Guía de consulta de los criterios diagnósticos del DSM-5-Breviario. Madrid: Editorial Médica Panamericana.
  2. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE(OMS) (2018) Clasificación Internacional de Enfermedades, 11.a revisión. Disponível em: <https://icd.who.int/es> Acesso em: 09 de julho de 2021
  3. GODOY, J.F., Godoy-Izquierdo, D. y Vázquez, M.L. (2014) Espectro de la esquizofrenia y otros trastornos psicóticos. En Caballo, V.E., Salazar, I.C. Y Carrobles, J.A. (2014) Manual de Psicopatología y Trastornos Psicológicos. Madrid. Pirámide.
Bibliografia
  • ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (2020). APA Dictionary of Psychology. Disponível em: <https://dictionary.apa.org> Acesso em: 09 de julho de 2021