Pluviofobia: o que é, causas, sintomas e tratamento

Pluviofobia: o que é, causas, sintomas e tratamento

Os fenômenos meteorológicos adversos estão presentes ao longo de toda nossa vida. As chuvas, a neve, o granizo e as tempestades de raios ocorrem em maior ou menor escala em determinados períodos do ano e, por isso, estamos muito acostumados a conviver com esses fenômenos.

Dentre eles, a chuva é o fenômeno com o qual mais temos convivido e ainda que em muitos casos seja inofensiva, pode por vezes causar grandes danos materiais e até mesmo pessoais. Por isso, as pessoas podem ter medo de chuva, medo que pode chegar a ser irracional e constituir uma fobia específica chamada pluviofobia. Neste artigo de Psicologia-Online, contamos mais sobre a pluviofobia: o que é, causas, sintomas e tratamento.

O que é a pluviofobia

O medo é uma emoção que, assim como as outras, foi e continua sendo necessária para a sobrevivência do ser humano. O medo de chuva pode fazer com que, frente a uma forte tempestade em que a chuva é torrencial, as pessoas não saiam de casa e/ou se coloquem a salvo de um perigo que poderia acontecer.

Em primeiro lugar, vejamos a definição de pluviofobia. O termo pluviofobia faz referência ao medo irracional da chuva, isto é, o medo é desproporcional em comparação com o perigo real. Esse último aspecto é importante se levarmos em consideração os diferentes graus de intensidade da chuva. Quer dizer, não é o mesmo que sintomas de ansiedade que aparecem frente a chuvas torrenciais (provavelmente adaptativas) do que diante de de uma chuva de baixa intensidade (provavelmente não-adaptativa).

Dentro das classificações diagnósticas do DSM-5[1] (Associação Americana de Psiquiatria) e do CIE-11 (Organização Mundial de Saúde)[2], este tipo de problemática estaria incluso na categoria de fobias específicas, dentro dos transtornos de ansiedade.

No que diz respeito ao DSM-5, a pluviofobia pertenceria ao grupo de fobias específicas relacionadas com o ambiente natural. Segundo este manual diagnóstico, elencamos a seguir as características para o diagnóstico de fobias específicas:

  • A pessoa sente um medo ou ansiedade intensos em relação à chuva que dura, ao menos, seis meses.
  • Busca-se evitar a chuva (ficando em casa, por exemplo) e caso isso não seja possível, o paciente irá experimentar um grande mal estar.
  • O medo é desproporcional em comparação ao perigo real.
  • O medo da chuva interfere negativamente na vida cotidiana do paciente e/ou causa um grande mal estar.
  • Este problema não necessariamente se vincula a outros transtornos (como o uso de substâncias).

Causas da pluviofobia

As teorias explicativas das fobias específicas foram estudadas a partir de diferentes perspectivas:

Explicações biológicas

  • Teorias evolutivas: essas teorias partem da predisposição evolutiva para o desenvolvimento de fobias, o que contribuiu para a sobrevivência da espécie. Imaginemos que, frente à chuva, há pessoas que se protegem em um lugar seguro e outras que não sentem medo suficiente para isso. Se a chuva é intensa e/ou perigosa, sobreviverão aqueles que demonstraram mais medo, já que esse foi o fator que os colocou a salvo.
  • Também pode haver uma predisposição genética quanto ao desenvolvimento de fobias, como sugerem estudos feitos com famílias.

Explicações cognitivo-comportamentais

  • As fobias são adquiridas por condicionamento clássico (se associa a chuva a estímulos negativos como inundações ou situações perigosas) e se mantém por condicionamento operante (se cada vez que chove a pessoa evita ir para a rua ou foge quando começa a chover, ela sentirá alívio e a resposta de aversão se reforçará).
  • Além disso, podem estar presentes pensamentos ou crenças irracionais a respeito da periculosidade da chuva.
  • Por outro lado, o medo irracional de chuva pode ser adquirido ao observar esse medo em outras pessoas, o que é conhecido como condicionamento vicário.

Explicações biopsicossociais

Por último, para explicar as causas da pluviofobia, encontramos teorias que integram as descobertas de todas as teorias anteriores e que levam em conta fatores biológicos, psicológicos e sociais para explicar o desenvolvimento e permanência das fobias específicas. Um exemplo disso pode ser a teoria de Barlow[3].

Sintomas da pluviofobia

Os sintomas que surgem no contexto de uma fobia específica contemplam, segundo Sosa, C.D. e Capafóns, J.I. (2014), três dimensões:

  • Em primeiro lugar, a dimensão fisiológica, na qual encontramos sintomas como taquicardia, náusea, diarreia ou aumento da pressão arterial.
  • Em segundo lugar, encontramos sintomas pertencentes à dimensão cognitivas, tais como crenças negativas em relação à chuva e a própria capacidade de enfrentá-la.
  • Em terceiro lugar, dentro dos sintomas de conduta, encontramos o ato de evitar a chuva (por exemplo, como citado anteriormente, permanecer em casa) ou a fuga da chuva (por exemplo, sair correndo para casa quando começa a chover).

Tratamento da pluviofobia

O tratamento escolhido para as fobias específicas é a terapia cognitivo-comportamental, que também pode ser complementada com terapia farmacológica com ansiolíticos, se o caso em particular exigir.

Dentro da terapia cognitivo-comportamental devemos utilizar a técnica de exposição, que podemos complementar com terapia cognitiva e psicoeducação.

Técnica de exposição

Esta técnica consiste na exposição prolongada do paciente ao estímulo da fobia, que em nosso caso é a chuva. Isso permite que a resposta de ansiedade vá decaindo durante a exposição ao estímulo temido.

O problema da exposição aos fenômenos naturais é que não podemos controlar sua aparição, isto é, não está sob nosso controle se vai chover ou não. Para isso podemos usar da exposição em imaginação ou podemos contar com a ajuda da realidade virtual, levando em conta que não se pode evitar a exposição ao vivo (nosso objetivo sempre será reduzir a resposta de medo irracional frente aos estímulos reais ao vivo).

Terapia cognitiva

As técnicas cognitivas estão direcionadas a trabalhar sobre pensamentos, crenças e esquemas irracionais relacionados com o caso e que possam estar presentes.

Psicoeducação

A psicoeducaçãao tem como objetivo explicar a situação ao paciente, isto é, dar informação a ele sobre seu problema, o que pode ajudar a melhorar sua atitude diante do tratamento e aumentar seu compromisso com o mesmo.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. ASOCIACIÓN PSIQUIÁTRICA AMERICANA (2014). DSM-5. Guía de consulta de los criterios diagnósticos del DSM-5-Breviario. Madrid: Editorial Médica Panamericana.
  2. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) (2018) Clasificación Internacional de Enfermedades, 11.a revisión. Recuperado de https://icd.who.int/es
  3. SOSA, C.D. y Capafóns, J.I. (2014) Fobia específica. En Caballo, V.E., Salazar, I.C. Y Carrobles, J.A. (2014) Manual de Psicopatología y Trastornos Psicológicos. Madrid. Pirámide.