Psicologia Experimental: história, princípios e exemplos

Psicologia Experimental: história, princípios e exemplos

A realidade pode mudar de um momento para outro. Os avanços que a ciência produz permitem que obtenhamos conhecimento sobre diferentes correntes psicológicas teóricas a partir de pesquisas que mostram dados da realidade. Existem ciências, como a medicina, que baseiam seus modelos teóricos em estudos realizados por pesquisadores importantes ao longo da história.

A mesma coisa ocorre com a disciplina da psicologia, pois sempre houve pessoas que se interessaram por compreender os pensamentos, emoções e comportamentos do ser humano. Se você que saber mais sobre as pesquisas que são feitas para corroborar fatos da realidade, te sugerimos continuar com a leitura. Neste artigo de Psicologia-Online, te daremos informações sobre a Psicologia Experimental: história, princípios e exemplos.

O que é psicologia experimental

A psicologia experimental é uma disciplina que estuda os processos mentais mais importantes mediante diversas metodologias científicas como a observação, a experimentação sobre algum fato da realidade e a comprovação de hipóteses.

O que a psicologia experimental estuda? Este ramo da psicologia analisa os comportamentos, emoções e pensamentos a partir de experimentos produzidos em ambientes controlados e avaliados. Neste sentido, se isolam variáveis que podem alterar os resultados que são produzidos com a finalidade de obter uma maior veracidade em cada pesquisa em particular.

História da psicologia experimental

Para dar um maior conhecimento sobre as características da psicologia experimental, vamos expor os eventos históricos que marcaram o desenvolvimento desta disciplina científica. Originalmente, a história da psicologia experimental teve seu início nas pesquisas desenvolvidas pelo psicólogo Wilheim Wundt, que criou em 1876 o primeiro laboratório de psicologia experimental, no qual se realizam provas baseadas em postulados científicos.

Cabe destacar que existe uma relação direta entre este ramo da psicologia e o behaviorismo, já que o objetivo de diversos experimentos de psicologia experimental consistiam em compreender o comportamento de algum ser humano ou animal diante de um determinado estímulo.

Passados alguns anos, John Watson desenvolveu um marco teórico sobre o behaviorismo baseado em suas pesquisas. Este psicólogo abordou o estudo do comportamento humano diante de diferentes estímulos que iam acontecendo para compreender as respostas que se davam diante de cada situação. No entanto, é importante destacar que Watson apenas se focava no comportamento e isolava as emoções e pensamentos que poderiam estar associados.

Além disso, as contribuições de diferentes áreas do conhecimento, tais como a biologia, também repercutiram no desenvolvimento da psicologia experimental de Wundt como ciência. Desta maneira, se contrapõe a ideia de que a psicologia carece de validade científica dado que se delimita um objeto de estudo que possui variáveis que alteram os resultados.

Princípios da psicologia experimental

Em linhas gerais, a psicologia experimental se sustenta em certos parâmetros específicos para que os resultados obtidos das investigações realizadas tenham validade e sejam confiáveis. Nos seguintes itens, abordaremos os princípios da psicologia experimental:

  • Empirismo: defende que a realidade se produz através das experiências vividas. Por isso, é importante que os experimentos da psicologia experimental tenham em conta as observações que possam ser contrastáveis com outras experiências passadas. Neste artigo você encontrará mais informação sobre o conhecimento empírico.
  • Probabilidade: quando se coloca a prova uma hipótese, esta deve ser comprovável. Por este motivo, a teoria pode ser aceita ou refutada de acordo com os resultados que são obtidos de cada pesquisa. Por sua vez, o tempo é outra variável que incide, dado que é necessário que tanto a hipótese como a teoria sejam aceitas com o tempo para que se estabeleçam como postulados gerais.
  • Parcimônia: as investigações que se desenvolvem devem ser simples. Por isso, na hora de realizar um experimento geralmente se opta pelo postulado teórico mais simples, dado que será mais complexo de comprovar se a dificuldade for maior.
  • Determinismo: cada evento, circunstância ou fato da realidade é determinado por eventos prévios que incidem nas características do mesmo. Dito de outra maneira, não é possível questionar ou colocar a prova teorias sem ter o conhecimento sobre os antecedentes que as determinam.

Orientações da psicologia experimental

A psicologia experimental reúne conceitualizações de diversos ramos teóricos da psicologia, o que gera como resultado a determinação de um conjunto de princípios teóricos concretos. Objetivamente, as orientações da psicologia experimental são:

  • Behaviorismo: esta área do conhecimento se baseia no estudo dos comportamentos humanos a partir de provas que devem ser avaliadas e aceitas para serem consideradas com confiáveis. Deste modo, o behaviorismo leva em conta as variáveis emocionais que podem alterar os comportamentos.
  • Cognitivismo: esta corrente teórica se foca na abordagem da informação que as pessoas recebem de estímulos exteriores e como a processam. Neste sentido, o cognitivismo se foca no estudo dos pensamentos que aparecem em diferentes situações e contextos. Para isso, se parte da ideia de que a pessoa recebe informação e manifesta comportamentos como resposta aos pensamentos que essa informação produz.
  • Gestalt: a percepção da pessoa toma um papel principal, já que parte do postulado teórico de abordar os fenômenos inteiros ao invés de por partes. Em outras palavras, o todo tem mais transcendência que a soma das partes. Quando são feitos experimentos, se viu que as pessoas têm a tendência a perceber um estímulo de forma completa apesar de que pode se dividir. Isto responde a processos mentais internos que não são visíveis nem observáveis. Por isso, a Gestalt tem como premissa que a percepção permite completar objetos que são vistos como incompletos a partir de uma série de leis e postulados específicos.
  • Estruturalismo: esta teoria manifesta que a percepção não vem dada de antemão, mas se constrói a partir das experiências prévias relacionadas com os estímulos que se experimentam. Por este motivo, a mente pode construir estruturas através da experiência e o aprendizado obtido com o tempo. Descubra mais sobre o estruturalismo neste artigo.
  • Computacionalismo: para compreender com mais detalhes o funcionamento da mente humana, esta orientação da psicologia experimental propõe uma analogia da mesma com um computador. Em termos globais, o computacionalismo tenta explicar os processos que um computador realiza para adquirir, processar e ordenar a informação que recebe. Diante disto, se compreende que os processos mentais têm uma metodologia similar a esta.
  • Empirismo: a experiência pessoal é o que determina o modo em que se percebe um estímulo determinado. Os seres humanos e os animais estão condicionados por suas experiências prévias, as quais influenciam no tipo de respostas que dão diante de diferentes situações.

Exemplos da psicologia experimental

Onde se aplica a psicologia experimental? Esta disciplina científica pode ser aplicada em diversos âmbitos sociais. De fato, proporciona maior credibilidade e validade aos resultados obtidos nas pesquisas psicológicas que são feitas. Nos itens a seguir te mostraremos alguns exemplos da psicologia experimental:

  • Na educação: no âmbito educativo foi implementado o modelo dos reforços positivos diante de respostas esperáveis. Por exemplo, os alunos que obtiveram boas notas nos exames têm a possibilidade de receber benefícios como a obtenção de reconhecimentos. Dito de outro modo, se reforça de modo positivo o comportamento de estudar para um exame.
  • Nos animais: manifestam comportamentos condicionados pelos estímulos e as repostas de seu entorno. Um exemplo de psicologia experimental seria ensinar um cachorro que ele deve se sentar antes de receber comida e premiar este comportamento através de uma carícia, este fará uma associação direta entre a ação e o reforço positivo.
  • Em experiências traumáticas: as pessoas que viveram situações traumáticas como abusos sexuais podem ter a tendência a evitar de se relacionar com outras pessoas devido às vivências prévias. Isto acontece porque associam o estímulo a uma resposta de fuga ou evitação devido ao sofrimento que experimentaram no passado. Desta forma, a resposta é condicionada de modo implícito.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
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  • Martínez, A. G., López-Espinoza, A., Aguilera, V., Galindo, A., De La Torre Ibarra, C. (2007). Observación y experimentación en psicología: una revisión histórica. Diversitas: Perspectivas en Psicología, 3 (2), 213-225.