Relacionamento não-monogâmico: como funciona

Relacionamento não-monogâmico: como funciona

A monogamia é parte da cultura ocidental, contudo, hoje em dia podemos ver com mais frequência relacionamentos não-monogâmicos. Contudo, é aquilo: muito se fala e pouco se explica. Muitas pessoas falam sobre e até tem desejos perante, porém não fazem muito ideia de como funciona e como "colocar em prática" caso desejem.

É um assunto ainda pouco explicado, mas é essencial entendermos, afinal, cada vez mais será um tema presente em nossas vidas. Neste artigo de Psicologia-Online vamos explicar sobre o relacionamento não-monogâmico e como funciona.

O que é monogamia

A monogamia é o ato de se ter apenas um parceiro em um relacionamento amoroso. Quando há terceiros envolvidos em relacionamentos monogâmicos acontece a "traição", visto que nesse tipo de relacionamento não pode haver outras pessoas na dinâmica da relação.

Apesar do que muito se acredita, a monogamia não é uma regra e muito menos algo biológico, é um conceito construído no âmbito cultural das sociedades. É algo tão enraizado em nossas mentes que é difícil para muitos pensar em um relacionamento não-monogâmico.

Algumas pessoas mais rígidas com suas "normas mentais" vêem a não-monogamia como um erro ou algo a ser "extinto" e imoral[1]. Mas isso é uma postura preconceituosa e que não deve ter espaço em nossa vida. Esse tipo de preconceito vai contra nossa constituição.

O projeto de lei nº 672/2019 decreta:

"Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de preconceito em razão da identidade de gênero e/ou orientação sexual."[2]

E a não-monogamia?

Não-monogamia é um relacionamento onde os envolvidos podem ter envolvimento romântico com outros indivíduos sem ser o parceiro. Contudo, geralmente há um consetimento, pois os parceiros não podem ter outros parceiros fixos. Entretanto há outros tipos de não-monogâmias, tudo depende das regras criadas pelo casal não-monogâmico.[1]

Estima-se que cerca de 20% das pessosa solteiras possam envolver-se em relacionamentos não monogâmicos consensuais (RNMC) em algum momento da sua vida e que aproximadamente 5% das pessoas comprometidas reportam estar em RNMC.

Ou seja, na maiora dos casos não-monôgamicos o envolvimento emocional não é permitido, apenas os flertes e envolvimentos sexuais não-fixos.

Como ter um relacionamento não-monogâmico

Se você tem esse desejo, é importante entendê-lo melhor. Afinal, o que pode indicar essa vontade?

  • Você quer um relacionamento amoroso, contudo quer continuar tendo relacionamentos casuais
  • Você está disposto/a a criar um relacionamento sólido, mas não quer perder sua individualidade sexual
  • Você está cansado/a das normas culturais monogâmicas
  • Você não reconhece a monogamia como algo que faz parte do seu funcionamento

Uma característica que indica a vontade de um relacionamento não-monogâmico é exatamente o desejo de ter uma relação amorosa mais séria, porém onde haja espaço para outras pessoas.

Afinal, você quer ter um relacionamento amoroso mais sério? Até se casar com alguém? Mas você não tem desejo de perder essa "liberdade" de poder se encontrar ou até amar outras pessoas? Talvez a solução seja o relaiconamento não-monogâmico consensual.

Tipos de relações não-monogâmicas

Engana-se quem pensa que os relacionamentos não-monogâmicos são apenas os relacionamentos abertos em que se pode ficar com outras pessoas por fora, sem envolvimento amoroso. Existem diferentes tipos de não-monogamia, são eles:

  • Relacionamento aberto: normalmente, quando se pensa em não-monogamia, as pessoas pensam neste tipo de relação, mas ela é só um tipo das relações não-monogâmicas. No relacionamento aberto, há uma exclusividade afetiva entre o par, mas ambos podem ficar com outras pessoas sem compromisso. Claro, que depende da regra de cada casal, mas costuma-se não poder criar vínculo com ninguém mais fora do casal.
  • Amor livre: apesar de também se tratar de uma relação não-monogâmica, o amor livre é bem diferente do relacionamento aberto. Nele as pessoas, como o próprio nome já diz, são livres para amar e se relacionar com quem quiserem, ainda que estejam em um relacionamento sério com alguém.
  • Poliamor: o poliamor é como se fosse um relacionamento em casal, porém com mais de duas pessoas. Isto é, existem três ou mais pessoas que participam de um relacionamento amoroso, que pode ser aberto ou fechado. Isto é, eu posso ter um relacionamento poliamoro com mais duas pessoas, por exemplo, e nenhum de nós poder ficar com mais ninguém (fechado) ou estar nesta mesma relação, com todos os membros podendo ficar com outras pessoas (aberto).
  • Anarquia relacional: não há nenhum tipo de hirarquia entre as pessoas que se relacionam e todas as partes são livres para amar e se relacionar romântica e sexualmente da maneira que quiserem.

A não-monogamia é para mim?

Uma coisa que indica a vontade de ter um relacionamento não-monogâmico é quando você não se vê fazendo parte desse "padrão". Faz parte da liberdade do indivíduo escolher como quer viver seus relacionamentos amorosos.

Se você der uma lida sobre a história da monogamia, verá que ela nasce para que a mulher não possa ter filhos de outros homens, garantindo os herdeiros.[3]

Apesar do possível julgamento de outras pessoas, ainda haverá quem prefere relacionamentos não-monogâmicos. Caso você não se identifique dessa forma de se relacionar, não exclua ou aja de maneira preconceituosa com aqueles que são adeptos. A flexibilidade e a aceitação precisa vir dos dois lados.

Estou pronto/a para um relacionamento não-monogâmico?

Muitas pessoas envolvidas em relacionamentos não-monogâmicos são vistos de uma maneira equivocada e imoral. Contudo, isso não é verdade e é essencial que você reconheça isso. Caso você tenha vontade de ter um relacionamento não-monogâmico, veja como um desejo legitímo e busque procurar pessoas que também têm esse desejo, até mesmo para fazer amizades, assim você não se sentirá inadequado/a ou um "peixe fora d'água".

Após você perceber que tem essa vontade, busque ver como está seu psicológico perante à questão, às vezes temos o desejo de ter um relacionamento aberto, porém não temos capacidade psicológica de lidar com nosso(s) parceiro/a(s) estando com outra(s) pessoa(s).

Como praticar a não-monogamia

Como tudo que não é um padrão da sociedade, a não-monogamia pode encontrar alguns percalços no caminho, porém não desista das suas vontades por isso:

  • Esteja pronto/a caso as pessoas julguem ou comentem
  • Pratique o autoconhecimento
  • Procure pessoas que também desejem um relacionamento não-monogâmico
  • Não se culpe
  • Não culpe os outros que são monogâmicos

Críticas e julgamentos

Uma coisa é fato, tudo que você fizer ou falar, sempre pode haver alguém para criticar e te julgar. Além disso o relacionamento não-monogâmico causa incômodo ou curiosidade em muitas pessoas por ser uma coisa nova. Então é necessário um preparo emocional para essas situações.

Autoconhecimento

É imprescindível que você se conheça para lidar com a questão. Afinal, se você já se decidiu perante ter um relacionamento não-monogãmico, você também deve reconhecer em si mesmo(a) as dificuldades que você pode ter em seu primeiro relacionamento aberto.

Procure pessoas não-monogâmicas

Existem outras pessoas que também possuem esses desejos de ter um relacionamento não-monogâmico. Se você deseja ter um relacionamento assim, é essencial que você se relacione com pessoas que partam desse mesmo princípio. Não espere, nem force, que pessoas monogâmicas desejem esse relacionamento aberto.

Não se culpe

Quando "nadamos contra a maré" ficamos na dúvida se estamos fazendo o certo e ficamos nos culpando. Não se culpe, a monogamia não é algo definitivo e não deve ser uma regra em sua vida. Você não está quebrando nenhuma lei.

Não culpe os outros

Não é fácil ir contra a maré, mas também devemos ter noção de que haverão pessoas que não concordam em seguir vidas não-monogâmicas, por isso, não aja de maneira preconceituosa com elas. Existem pessoas que não tem coragem ou não querem seguir relacionamentos não-monogâmicos.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. COSTA, Pedro Alexandre; RIBEIRO-GONÇALVES, José Alberto. Não Monogamia Consensual: Atitudes e experiências de pessoas heterossexuais, homossexuais e plurissexuais. Psicologia, saúde & doenças, [s. l.], 2020.
  2. Gabinete do Senador Weverton Rocha. Senado Federal. Projeto de lei nº 672/2019.
  3. CHARÃO DE CARVALHO, Pedro Henrique. A produção sobre relações poliafetivas na psicologia brasileira:: uma revisão sistemática sobre não monogamia de 2004 a 2021. 2021. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Psicologia) - Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Ciência Humanas e da Saúde, [S. l.], 2021.