Emoções

Sentir raiva do nada é normal?

 
Anna Rafaela Pires
Por Anna Rafaela Pires. 20 agosto 2022
Sentir raiva do nada é normal?

Geralmente quando sentimos raiva não nos perguntamos o que realmente ela é, apenas sentimos. Mas e quando sentimos raiva do nada? Devemos simplesmente ignorar? Não, o sentimento da raiva constante é um aviso que tem algo errado na forma que você vê o mundo ou no ambiente onde você está. Para melhorar a raiva constante é essencial reconhecermos de onde e por que ela vem.

Sentir raiva do nada é normal? Neste artigo você irá compreender melhor sobre a raiva constante e como lidar melhor com ela. Vamos lá?

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Índice

  1. Sentimento de raiva constante
  2. Sentimento de raiva
  3. Raiva e depressão
  4. Como lidar com a raiva

Sentimento de raiva constante

A raiva constante pode ter vínculo com:

  • Histórico de vida;
  • Ambiente estressante;
  • Falta de habilidades sociais;
  • Falta de regulação emocional;
  • Predisposição, se você vê o mundo como ruim há uma chance maior de você ficar com raiva do nada e constantemente.

Por que tenho raiva constante

Como mencionado anteriormente, a forma que vemos o mundo afeta consideravelmente nossas emoções. Ficar com raiva do nada tem muita relação com a forma que vemos as situações, objetos e pessoas que estão ao nosso redor.

Além disso, o ambiente é extremamente importante no processo da raiva. Pode acontecer de um indivíduo que não tem uma relação ruim com o mundo sentir raiva do nada – isso provavelmente é devido ao ambiente onde ele está.

Ambiente Estressante

Muitos trabalhadores guardam suas emoções para si buscando não extravasar durante o expediente, afinal ficar com raiva do nada não é adequado.

Contudo, segurar a raiva não é sinônimo de mandá-la embora. Pelo contrário, se reprimida, ela pode se intensificar afetando seu rendimento e desempenho funcional no dia a dia.

Comportamentos Raivosos

Falando um pouco mais sobre a visão de mundo, existem alguns comportamentos, perfis que favorecem a raiva constante. Caso se enquadre em um desses perfis, saiba que não o único e não está sozinho.

A revista “Controle da raiva”[1] descreve quatro tipos de comportamentos de pessoas raivosas:

  • Pessoas que suportam tudo, não conseguem lidar com a raiva de maneira construtiva;
  • O “reclamador”, indivíduo que costuma reclamar de tudo e culpar os outros;
  • O “debatedor”, aquele que se sente o dono da verdade e sempre entra em discussões geralmente acaloradas;
  • O “agressor”, costuma usar da violência física, verbal ou psicológica quando se sente frustrado.

Sentimento de raiva

A raiva é uma das emoções básicas reconhecidas por Charles Darwin, ou seja, em qualquer lugar e cultura todas as pessoas possuirão expressões faciais que indiquem essa emoção.

É um sentimento geralmente desconfortável que ocorre devido a algum gatilho. Segundo Spielberger, ela é uma experiência e expressão – a raiva pode ser:

  • Raiva para dentro, que seria quando reprimimos a emoção;
  • Raiva para fora, quando ocorre a expressão em relação ao objeto/pessoa;
  • Autocontrole, quando o indivíduo controla a expressão da raiva – ou seja, a pessoa expressa de uma maneira menos negativa e destrutiva.

Por mais que a raiva possua vínculo com a agressividade, ela não é a culpada. A agressividade tem muito mais a ver com a forma que nós seres humanos lidamos com essa raiva, logo o autocontrole é ideal para evitarmos sermos agressivos.

Diferença entre raiva e agressividade

Segundo o livro “Técnicas para manejo da emoção de raiva”[2], a agressividade é o resultado de uma raiva descontrolada e mal refletida.

Ou seja, estamos sendo agressivos quando estamos com raiva e agimos de maneira irracional, agredindo pessoas fisicamente e verbalmente.

A raiva em si é uma emoção fundamental e ela busca de alguma forma resolver algum problema, visto que ela ocorre geralmente em situações que o indivíduo acredita serem injusta.

Os malefícios da raiva

A raiva constante quando mal administrada pode causar malefícios sérios a saúde. Ela pode ser associada a doenças como hipertensão arterial, problemas de circulação além de patologias no coração.

E isso é apenas a parte física! Quando sentimos raiva em excesso, aumentamos a probabilidade de um transtorno de ansiedade e outros problemas psicológicos.

Alguns problemas que a raiva constante causa:

  • Dificuldades conjugais;
  • Socialização com outras pessoas;
  • Conversas delicadas;
  • Dificuldades para dormir;
  • Problemas ao tentar tranquilizar a mente.

Raiva e depressão

Você já ouviu a história de alguém que sentia muita raiva, sempre agia de maneira explosiva e quando viu o diagnóstico era depressão?

Isso confunde muita gente – já que é ensinado de maneira rasa que a depressão tem vínculo apenas com isolamento social, falta de energia, fala baixa, falta de vontade, entre outros.

Esses sintomas são, sim, comuns na depressão, mas não os únicos. Principalmente no mundo que vivemos atualmente – a depressão vem acompanhada com vários comportamentos atípicos.

Um transtorno importante que mostra isso é o Transtorno Depressivo Ansioso, onde o indivíduo passa por situações de ansiedade, euforia, raiva e por tristeza e isolamento. (Esse transtorno não tem vínculo com o Transtorno Bipolar, são transtornos diferentes e não devem ser confundidos). Se você se identifica com esse quadro procure um/a psicólogo/a.

Como lidar com a raiva

Apesar do que muitos acreditam, a raiva também pode ser construtiva. Ela acontece devido ao que acreditamos que pode estar sendo uma injustiça.

Logo, podemos usá-la como parâmetro de alguma situação. Se estamos com raiva é porque algo não está do jeito que queremos ou imaginávamos que seria certo.

Agora, uma questão é essencial... Você está com raiva constante porque estão acontecendo injustiças reais ou você está com raiva pois você queria que as coisas fossem apenas do seu jeito?

Pergunte-se: “Por que estou com raiva?”. “Essa situação me causa raiva pois eu sinto que tem algo errado, o que está errado? O que eu queria que acontecesse?”

Controle da raiva

Na revista “Controle da raiva”[1] é relatado o Treino Cognitivo de Controle da Raiva (TCCR).

Na TCCR, para controlar a raiva é essencial:

  • Boa percepção das sensações físicas e emocionais que antecedem a raiva;
  • Respiração profunda;
  • Relaxamento que busque diminuir a excitação/euforia do momento;

Veja como isso pode ser aplicado.

Respiração profunda e relaxamento

É essencial a respiração profunda para relaxarmos percebemos nossas sensações. Uma técnica simples e muito eficaz para respirarmos e relaxarmos:

  1. Inspire por 4 segundos
  2. Segure por 4 segundos
  3. Solte expirando por 7/8 segundos
  4. Antes de inspirar novamente, fique sem ar nos pulmões por 4 segundos
  5. Repita o processo.

Após isso, siga para o próximo passo

Percepção das sensasões físicas e emocionais

Preste atenção quando perceber alguma alteração em seu corpo ou comportamento. Como está seu coração? Está batendo muito rápido? E sua respiração? Está tensa?

Comece a perceber melhor a sua forma de agir, dê uma pausa e reflita, pense sobre seus pensamentos e como está o seu corpo. Quando temos noção do que está acontecendo, possuímos mais facilidade de lidar com isso.

E aí? Como se sente agora? Agora você já sabe que sentir raiva do nada não é normal e pode contrá-la melhor.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2010, Volume 6, Número 1 DOI: 10.5935/1808-5687.20100011
  2. RECK, DYANE; SCHMIDT, KARINE; RUDNICKI, TANIA; SCHMIDT, MARCIA. Técnicas para manejo da raiva.Estudos e Pesquisas em Psicologia 2022, Vol. 01. doi:10.12957/epp.2022.66485 ISSN 1808-4281 (online version);
Bibliografia
  • Lama, Dalai Sinta raiva [recurso eletrônico] / Dalai Lama, Noriyuki Ueda; tradução Sandra Martha Dolinsky – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Best Seller, 2020.
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