Síndrome de Wendy: características, causas e tratamento

Síndrome de Wendy: características, causas e tratamento

A síndrome de Wendy faz referência àquelas pessoas que concentram toda sua vida no cuidado exclusivo e único de determinadas pessoas. Normalmente, essa síndrome costuma acontecer em mulheres que se entregam ao cuidado de seus filhos e sua família.

Neste artigo de Psicologia-Online, iremos expor as características, causas e tratamento da síndrome de Wendy, diante de uma nova perspectiva que parte da ideia de que o ser humano é, em sua essência, prestativo e atencioso. A deterioração de um cuidado e dedicação originada do coração, cria o terreno fértil para que floresça a manifestação dessa síndrome.

O que é a síndrome de Wendy

Por que se chama de síndrome de Wendy? Para entender essa síndrome, devemos antes fazer referência à mais conhecida síndrome de Peter Pan, a qual deve seu nome e que corresponde à conduta infantil que algumas pessoas adotam para sua vida ao se negarem a amadurecer e crescer.

No outro extremo dessa síndrome, se encontra o que se dá o nome desse artigo: a síndrome de Wendy ou complexo de Wendy. Nesse caso, cuja nomenclatura faz referência àquelas pessoas que se concentram de forma obsessiva no cuidado e atenção à determinada pessoa ou pessoas.

Normalmente as pessoas com o complexo de Wendy acabam cuidando de pessoas com a síndrome do Peter Pan. A síndrome de Wendy está relacionada com a síndrome da mulher resgatadora ou com a síndrome de salvadora.

Características da síndrome de Wendy

Quais são os sintomas da síndrome de Wendy? As características que se manifestam em pessoas com esse tipo de personalidade são as seguintes:

  • Trata-se de pessoas que concentram sua vida no cuidado de uma ou mais pessoas. Geralmente costuma acontecer em mulheres que se concentram no cuidado de seus filhos e seus/suas parceiros/as.
  • Levam o cuidado ao extremo, usurpando parte da liberdade que essas pessoas necessitam para, devido ao impulso que outorga um bom cuidado, avançar, crescer e se desenvolver em sua vida.
  • São pessoas muito controladoras que não toleram bem que as coisas escapem de suas mãos.
  • Ao centrar sua vida neste cuidado, se alimentam dos benefícios que isso lhe oferece e podem chegar a se sentir perdidas quando as pessoas cuidadas decidem seguir seu próprio caminho.

Causas da síndrome de Wendy

Por que essa síndrome acontece? Em si mesmo, o cuidar dos demais é uma qualidade essencial do ser humano. Na maternidade e paternidade se manifesta de maneira evidente essa qualidade e anseio de cuidar dos próprios filhos, oferecendo a eles tudo o que há de melhor. Embora essa qualidade se dê de forma mais frequente nas mulheres mães, se trata de uma qualidade feminina presente em maior ou menor grau em todos os seres humanos, independentemente de seu gênero.

O problema surge quando essa bela qualidade humana se mistura com as próprias carências pessoais, geralmente relacionadas com a falta de autoestima e valia pessoal, e convertemos um cuidado amoroso e puro em um refúgio através do qual se sente útil e necessária para os demais.

O verdadeiro cuidado de nossos entes queridos pressupõe aceitar que, junto aos cuidados necessários, se deve outorgar às pessoas cuidadas as ferramentas necessárias para se defendam sozinhas. As pessoas que sofrem da síndrome de Wendy realizam um cuidado superprotetor que anula a pessoa e a priva de crescer e se desenvolver de forma equilibrada.

Como falamos anteriormente, devido a fatores que atualmente são classificados como culturais, mas que cabe analisar em que medida são essenciais ao próprio gênero, costumam estar mais presentes nas mulheres, sem deixar de estarem presentes nos homens, visto que, como mencionado, servir e o cuidar do próximo é um traço arquetípico humano. O estilo educativo, a personalidade e outros fatores individuais e sociais podem alimentar a manifestação dessa síndrome. A seguir, veremos como superar o complexo de Wendy.

Tratamento da síndrome de Wendy

Agora, vejamos como superar a síndrome de Wendy. Para explicar como abordar o complexo de Wendy, cabe lembrar, antes de tudo e sem a pretensão de entrar nos debates sobre gênero, que o ser humano em sua própria essência se nutre de servir e cuidar dos demais.

Partindo desse pressuposto, a entrega aos filhos ou ao/à parceiro/a deve ser valorizada como algo positivo que nutre e une de maneira substancial a família. Isso inclui o cuidado tanto da mãe de seu par e de seus filhos como o cuidado que o homem da mesma forma dá à sua família, e o respeito e cuidado que os filhos oferecem aos seus pais.

Partindo desse ponto, a deficiência e, portanto, a síndrome de Wendy acontece quando esse cuidado mútuo se desequilibra sendo uma única pessoa que realiza o cuidado com a família, não permitindo que nenhum outro cuidado proceda de qualquer outra pessoa. Dessa forma, ainda que seja a custo de sua saúde física e mental e, devido ao excessivo controle, da saúde das pessoas cuidadas, essa pessoa se torna dependente desse modo de agir.

O tratamento para este tipo de desequilíbrio requer um trabalho pessoal com a pessoa afetada que lhe permita ver que parte de sua entrega é real, verdadeira e incondicional e, portanto, satisfatória. E que outra parte vem condicionada a aspectos internos não solucionados que, no fundo, violam a autenticidade de seus atos e a submetem a ações obsessivas, controladoras e limitantes.

A tomada de consciência dessas duas partes dentro de si mesma e o trabalho consciente com esses aspectos favorecerá a retirada dos aspectos negativos e suas substituições por ações de cuidado e escuta pessoal. E, com isso, de entrega verdadeira e incondicional de amor. Para essa tomada de consciência, é recomendado um processo de psicoterapia com um profissional qualificado.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • EGEA, M. A. (2009). ¿ Crecer? Nunca jamás. Peter Pan y Wendy: dos patrones de conducta adolescente. La torre del Virrey, (6, 2009/1), 105-113.