Tipos de psicose

Tipos de psicose

"Você está louco/a!" Uma frase muito comum no vocabulário de nossa sociedade e que tem conotações, em geral, negativas. Felizmente, essa expressão é usada cada vez menos ou, ao menos, estamos mais conscientes das implicações que dizer isto a alguém gera e da importância de não estigmatizar as pessoas.

Mas, como age uma pessoa com psicose? A sintomatologia que alguns transtornos de saúde mental apresentam vai de ideias delirantes, passando por discurso desorganizado e comportamentos estranhos. Todas estas alterações, historicamente vinculadas à loucura, são os chamados transtornos do espectro psicótico. Neste artigo de Psicologia-Online, te mostraremos os 9 tipos de psicose mais relevantes, com seus respectivos sintomas e tratamentos. Então se você se interessa, continue lendo!

Esquizofrenia

A esquizofrenia não tem um quadro clínico único, mas sim múltiplos sintomas característicos e diversificados entre emoções, personalidade, cognição e atividade motora. Especificamente, trata-se de uma doença multissistêmica na qual podemos observar alterações cerebrais em nível estrutural.

Se você quer saber qual é a psicose mais comum, talvez este tipo seja um dos transtornos psicóticos mais estudados e conhecidos popularmente até hoje. A seguir, os sintomas clássicos da psicose.

Classificações dos sintomas da esquizofrenia

Alguns autores afirmam que podem aparecer dois grandes grupos de sintomas nas pessoas com esquizofrenia:

  • Sintomas positivos: tudo aquilo que aparece de novo desde que se tenha a doença, distorções ou exageros de funções normais. Entre eles, podemos encontrar alucinações, ideias delirantes, discurso desorganizado e comportamento estranho.
  • Sintomas negativos: a diminuição de funções normais, isto é, tudo o que a pessoa perdeu desde a aparição da doença. Podemos encontrar falta de propósito, achatamento afetivo, abulia ou apatia e anedonia.

Outros autores classificam os sintomas em 3 dimensões:

  • Sintomas psicóticos: ideias delirantes e alucinações.
  • Sintomas desorganizados: linguagem desregrada, comportamentos desorganizados e afetividade imprópria.
  • Sintomas negativos: pobreza de linguagem, abulia, anedonia, achatamento afetivo.

Tratamento da esquizofrenia

O tratamento da esquizofrenia é crônico, devido à natureza do transtorno, e consta de duas partes indispensáveis:

  1. Terapia biológica: inclui terapia eletroconvulsiva, cada vez mais em desuso, e terapia farmacológica, com a administração de neurolépticos (antipsicóticos) e anticolinérgicos para controlar os efeitos colaterais causados dos antipsicóticos.
  2. Terapia psicossocial: integra a terapia familiar social e psicológica, as habilidades sociais e grupos de autoajuda.

Portanto um tratamento ideal seria o que integra e trabalha os seguintes aspectos (Roder e Brenner, 2006[1]):

  • Diferenciação cognitiva.
  • Percepção social.
  • Comunicação verbal.
  • Habilidades sociais.
  • Resolução de problemas interpessoais.
  • Psicoeducação e terapia familiar.
  • Controle social do caso.
  • Reabilitação cognitiva.
  • Reabilitação profissional.
  • Detecção e intervenção precoce.

Tratamentos alternativos da esquizofrenia

Existem tratamentos alternativos aos convencionais que demonstraram eficácia na hora de tratar a esquizofrenia se implantados em conjunto:

  • Penicilina: diminui a endotoxina.
  • Curas do sono: permitem aumentar o sono de ondas lentas e reduzir as exigências energéticas do Sistema Nervoso Central (SNC).
  • Câmara hiperbárica de oxigênio: uma megadose de oxigênio.
  • Dióxido de carbono: através de exercícios hipopressivos ou respirar em um saco de papel, já que favorece a eliminação de glutamato e aspartato.
  • Acetazolamida: um fármaco reconhecido por sua efetividade no câncer e que, apesar de ter alguns efeitos colaterais, poderia ser considerado.
  • Lítio: por seu efeito calmante.
  • Vitaminas A, C, D e E.
  • Aspirina por seu efeito anti-inflamatório.
  • Hormônios tireoidianos: aumentam a disponibilidade de energia e retêm o sódio e o magnésio.
  • Sódio e magnésio: contrariam o potássio e o cálcio.

Transtorno esquizofreniforme

O transtorno esquizofreniforme apresenta o mesmo quadro clínico que a esquizofrenia com a única diferença de que os sintomas estão presentes durante um período menor de 6 meses. De forma geral, existe uma volta ao funcionamento pré-mórbido, uma vez resolvido o episódio psicótico.

Sintomas do transtorno esquizofreniforme

As principais manifestações sintomáticas deste tipo de psicose são:

  • Delírios.
  • Alucinações.
  • Desorganização.
  • Catatonia.
  • Achatamento.
  • Apatia.
  • Anedonia.
  • Afetação cognitiva na atenção, na memória e nas funções executivas.
  • Sintomatologia afetiva: disforia, depressão e autólise.
  • Alterações do comportamento: disfunção socio-laboral, familiar e interpessoal e perda de autonomia.

Tratamento do transtorno esquizofreniforme

Por se tratar de um período menor da presença dos sintomas, o tratamento costuma ser farmacológico e durante um período de um ano. Se quiser mais informações sobre o que é e como tratá-lo, te recomendamos este artigo sobre o transtorno esquizofreniforme: o que é, sintomas e tratamento.

Transtorno psicótico breve

Um dos tipos de psicose que tem início abrupto e duração de entre um dia e um mês. Uma vez resolvido o surto psicótico, observa-se uma volta ao estado de funcionamento anterior.

Por outro lado, existe uma vulnerabilidade prévia por histórico familiar e há um fator precipitante que normalmente é um fator externo. Além disso, o transtorno psicótico breve pode ocorrer com labilidade emocional e comportamentos extravagantes, tendo a presença de 1 ou mais sintomas.

Sintomas do transtorno psicótico leve

Os principais sintomas e mais comuns do transtorno psicótico leve são:

  • Ideias delirantes.
  • Alucinações.
  • Linguagem desorganizada.
  • Comportamento catatônico ou gravemente desorganizado.

Tratamento do transtorno psicótico leve

Quando aparece um único episódio psicótico, o tratamento mais utilizado é a administração de ansiolíticos de forma imediata, assim como antipsicótico durante um dia ao detectar a crise.

Além disso, também é recomendável a ingestão de suplementos vitamínicos, um controle da dieta, realizar exercícios físicos, atenção psicológica e psicoeducação sobre o fato e ter um acompanhamento por parte das equipes médicas se o episódio se repetir ou precisar de uma atenção psicológica mais personalizada.

Transtorno delirante

Outro dos tipos de psicose é o transtorno delirante, o qual se manifesta de forma principal na existência de ideias delirantes. Estas geralmente são ideias "não estranhas" e sistematizadas muito bem construídas no paciente. Já o transtorno delirante se dá em uma ausência de outros sintomas psicóticos presentes na esquizofrenia, dessa forma o tratamento se centra na aparição de alucinações ligadas à temática delirante.

Sintomas do transtorno delirante

Os sintomas presentes nos casos de transtorno delirante é a seguinte:

  • Estado afetivo em consonância com a temática delirante.
  • Ausência de percepção de doença.
  • Áreas de funcionamento afetadas segundo o conteúdo do delírio.
  • Não há deterioramento significativo da atividade psicossocial.

Tratamento do transtorno delirante

O tratamento do transtorno delirante é muito complexo devido à irracionalidade da ideia central. Por conta disso, realiza-se o tratamento através da orientação cognitivo-comportamental, através da reestruturação cognitiva e a confrontação.

A finalidade é aumentar a capacidade de juízo racional da pessoa por ela mesma e tentar desmontar a construção que fez ao redor da ideia delirante. No caso de ser necessário, sobretudo se há alucinações, se tratará de forma farmacológica com antipsicóticos.

Se você quer obter mais informações sobre este tipo de psicose, consulte este artigo sobre o Transtorno delirante: o que é, sintomas DSM V, tratamento e como agir.

Transtorno esquizoafetivo

O próximo em nossa lista de tipos de psicose é o transtorno esquizoafetivo, o qual mostra sintomas de esquizofrenia e, por sua vez, também manifesta sinais de um transtorno afetivo. Cabe dizer, além disso, que pode haver dois tipos: bipolar ou depressivo.

Sintomas do transtorno esquizoafetivo

O transtorno esquizoafetivo se manifesta através dos seguintes sintomas:

  • Sintomas depressivos ou maníacos, junto a sintomas de esquizofrenia.
  • Sintomas delirantes ou alucinações, na ausência de sintomas afetivos.
  • Sintomas afetivos, como componente importante da doença.

Tratamento do transtorno esquizoafetivo

O tratamento a seguir neste caso dependerá do subtipo de transtorno esquizoafetivo do qual estamos falando, assim como dos sintomas manifestos. Sendo assim, seguirá o tratamento da esquizofrenia, junto ao tratamento depressivo ou bipolar no caso de ser também necessário, a nível farmacológico e psicológico. Dessa forma, não será estranho que encontremos pautas de medicação com antipsicóticos e antidepressivos.

Neste artigo você encontrará mais informações sobre o Transtorno esquizoafetivo: causas, sintomas, tratamento e prognóstico.

Catatonia

A catatonia é uma síndrome neuropsiquiátrica caracterizada pela manifestação de anomalias motoras que se apresentam na associação com alterações de consciência, afeto e pensamento. Além disso, é um dos tipos de psicose em que ocorre uma ausência de vontade e mobilidade.

Sintomas da catatonia

Para falar de catatonia, precisaremos observar 3 ou mais sinais característicos, os quais podem estar associados a outros transtornos mentais, ou podem ocorrer devido a outra condição médica. A seguir, veremos os mais comuns:

  • Estupor.
  • Catalepsia.
  • Flexibilidade cerosa.
  • Mutismo.
  • Negativismo.
  • Adoção de uma postura.
  • Maneirismo.
  • Agitação não influenciada por estímulos externos.
  • Caretas.
  • Ecolalia.
  • Ecopraxia.

Tratamento da catatonia

O tratamento preferencial inicial para a catatonia são as benzodiazepinas e barbitúricos, em especial o lorazepam nas primeiras 48-72 horas de forma oral e, no caso de não ter resposta, de forma intravenosa. Em pacientes que não respondem ao uso de lorazepam, foi indicada a terapia eletroconvulsiva.

No diagnóstico de resposta ao tratamento, sempre é bom que se intervenha no período agudo, no entanto, o uso de antipsicóticos é contraindicado, já que usualmente pioram o prognóstico. Para saber mais deste tipo de psicose, consulte nosso artigo sobre a Catatonia: significado, sintomas, causas e tratamento.

Transtorno psicótico induzido por substâncias ou medicamentos

Entre os tipos de psicose, o induzido por substâncias ou medicamentos, por um lado, caracteriza-se pelo desenvolvimento dos sintomas durante ou depois de uma intoxicação, seja em estado de abstinência da substância ou depois da exposição de um medicamento. Sendo assim, o remédio tem a capacidade de produzir algum dos sinais característicos deste transtorno psicótico.

Por outro lado, para identificar o transtorno psicótico induzido por substâncias ou medicamentos é preciso apresentar um ou mais dos sintomas comuns como alucinações ou delírios.

Nestes casos, diferentemente de um transtorno psicótico não induzido por nenhuma substância, o tratamento do transtorno psicótico induzido por substâncias ou medicamento consistirá na privação da substância que foi a causa do episódio psicótico para que remita toda a sintomatologia manifesta.

Transtorno psicótico compartilhado

Para saber que tipo de transtorno é a psicose compartilhada, é preciso ter claro que se manifesta pelo desenvolvimento de uma ideia delirante em um sujeito no contexto de uma relação estreita com outras pessoas que já tinham uma ideia delirante estabelecida.

Esta ideia delirante é parecida em seu conteúdo à de outra pessoa que já tinha a ideia delirante. Desta maneira, a alteração não se explica melhor pela presença de outro transtorno psicótico ou de um transtorno do estado de humor com sintomas psicóticos. Além disso, cabe dizer que o estabelecimento da ideia delirante não se deve a efeitos fisiológicos de uma substância ou doença médica.

Os sintomas do transtorno psicótico compartilhado incluem um estado afetivo em consonância com a temática delirante, a ausência de julgamento de doença e condições em áreas de funcionamento segundo o conteúdo do delírio. Nestes casos, o tratamento deste tipo de psicose será o mesmo que seguiremos no transtorno delirante.

Delírio

No delírio, visto que as alucinações são comuns, não se faz um diagnóstico separado do transtorno psicótico devido a outra condição médica.

Sintomas do delírio

Os principais sintomas do delírio são os seguintes:

  • Alteração do nível de consciência e atenção que flutuam no tempo.
  • Alteração da esfera cognitiva.
  • Alteração perceptiva: alucinações visuais, normalmente.
  • Alterações do conteúdo do pensamento: ideias delirantes de perseguição.
  • Alteração da esfera afetiva.
  • Alteração a nível motor.
  • Alteração dos ritmos sono-vigília.
  • Sinais e sintomas somáticos como incontinência, hipertensão, distúrbio de marcha, sudorese, etc.

Tratamento do delírio

Os sintomas da síndrome confusional ou delírio são tratados com antipsicóticos pelo médico ou psiquiatra. Por sua vez, se trata a causa orgânica que a provocou e, se esta não tem tratamento, efetuam-se tratamentos paliativos.

Por último, cabe mencionar que algumas doenças e até mesmo outros transtornos mentais, como a depressão ou a demência, podem causar com alguns dos sintomas psicóticos, como nos casos do transtorno depressivo maior com características psicóticas.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. Roder, V., Mueller, D. R., Mueser, K. T., & Brenner, H. D. (2006). Integrated psychological therapy (IPT) for schizophrenia: is it effective?. Schizophrenia bulletin, 32(suppl_1), S81-S93.
Bibliografia
  • American psychiatric association, (2014). Manual diagnostico y estadístico de los trastornos mentales DSM – 5. Madrid, España. Editorial medica panamericana.
  • Belloch, A., Sandín, B., Ramos, F., (2009). Manual de psicopatología, volumen II. Madrid. McGraw Hill / Interamericana de España, S.A.U.
  • Carlson, N. R. (2014). Fisiologia de la conducta. Madrid. Pearson Education, S.A.
  • Crespo, M. L., & Pérez, V. (2005). Catatonía: un síndrome neuropsiquiátrico. Revista Colombiana de Psiquiatría, 34(2), 251-266.