Transtorno de personalidade dependente: sintomas, causas e tratamento

Para falar de transtorno de personalidade, devemos entender que ele se altera quando observamos que as pessoas reagem às responsabilidades diárias de forma inflexível, ou quando suas percepções e comportamentos levam a um mal-estar pessoal ou a uma diminuição de oportunidades para aprender e crescer.

É importante entender que os transtornos de personalidade mostram um padrão permanente e inflexível da experiência interna do comportamento, no qual a pessoa se afasta bruscamente das expectativas da cultura subjetiva. Os transtornos de personalidade se iniciam na adolescência ou no início da idade adulta, é estável no tempo e envolvem desconforto ou preconceitos para o indivíduo ou aos que o rodeiam.

De acordo com o DSM-5^[1], o transtorno de personalidade dependente é entendido como a necessidade dominante e excessiva de uma pessoa de ser cuidada, o que implica em um comportamento de submissão e de apego exagerado. Também envolve um medo excessivo de separação, que começa nas primeiras etapas da idade adulta e se estende em diferentes contextos.

Para poder identificá-lo, é importante conhecer as características do transtorno de personalidade dependente e quais os comportamentos das pessoas que sofrem desse transtorno. A seguir, vamos ver essas características:

• É custoso tomar decisões diárias sem o conselho e a tranquilidade excessiva de outras pessoas.
• Você necessita dos outros para assumir responsabilidade na maioria dos aspectos importantes de sua vida.
• Você tem dificuldade para expressar a discordância com os demais, por medo de perder apoio ou aprovação.
• Você tem dificuldade para iniciar projetos ou fazer coisas por si próprio, devido à falta de confiança em seu próprio julgamento ou capacidade e não por falta de motivação ou energia.
• Você vai longe demais para obter a aceitação e o apoio dos outros, até o ponto de fazer voluntariamente coisas que te desagradam.
• Você se sente incomodado ou indefeso quando está só, por medo exagerado de ser incapaz de cuidar de si mesmo.
• Quando termina uma relação próxima, procura com urgência outra relação para que cuidem de você e te apoiem.
• Sente uma preocupação não real por medo de que te abandonem e tenha que cuidar de si próprio/a.

Os principais sintomas do transtorno de personalidade dependente (TPD) costumam ser as seguintes:

• Pessimismo.
• Insegurança em si mesmo/a.
• Tendência a minimizar suas capacidades e seus valores.
• Pode se referir constantemente a si mesmo/a como estúpido/a.
• Toma as críticas e a desaprovação como provas de sua inutilidade.
• Perde a fé em si mesmo/a.
• Busca a superproteção e a ser dominado pelos outros.
• A atividade profissional pode estar deteriorada se é solicitado uma iniciativa independente.
• Evita as posições de responsabilidade.
• Experimenta ansiedade no momento de tomar decisões. Para esses casos, neste artigo, contamos como tomar decisões difíceis na vida.
• As relações sociais tendem a se limitarem a poucas pessoas por quem o sujeito é dependente.
• Risco elevado de sofrer de transtorno de humor, transtorno de ansiedade ou transtornos desadaptativos.
• Estar constantemente em alerta e nervoso/a pelo o que acontecerá.
• Baixa autoestima: necessita de constante aprovação dos demais e sempre está cobrando que outros lhe deem reconhecimento. Neste artigo você verá como ajudar psicologicamente a uma pessoa com baixa autoestima.
• Muita dificuldade para tolerar a dor psíquica ou física.

Ao falar sobre os princípios de personalidade e dos transtornos associados, Millon^[2] observa que a personalidade se desenvolve a partir da interação entre fatores genéticos e ambientais. Se consideramos o que foi falado acima, as causas do transtorno de personalidade dependente são fruto do desequilíbrio dos sistemas que o compõem, não sendo nem um ou outro determinante.

Além disso, também é importante observar que a causa de um transtorno de personalidade é independente do nível de educação e situação socioeconômica.

O principal tratamento do transtorno de personalidade dependente é a psicoterapia cognitiva comportamental, ou seja, aquela que coloca o foco da atenção nas crenças erradas e as quais pretende-se modificar, considerando que implicará mudanças emocionais e comportamentais.

Esta terapia utiliza ferramentas procedentes do behaviorismo, como parar de pensar e do cognitivismo, a resolução de problemas e o controle do pensamento. Neste artigo você encontrará mais informações sobre Teoria de Skinner: behaviorismo e condicionamento operante.

A seguir, iremos mostrar quais são os pilares básicos da psicoterapia cognitiva comportamental:

• Promover a observação dos pensamentos automáticos negativos.
• Identificar as crenças irracionais que mantêm os pensamentos automáticos negativos.
• Rejeitar crenças irracionais, substituindo-as por outras mais úteis e adaptáveis.

Em alguns casos, é recomendado a combinação da psicoterapia com tratamentos biológicos, podendo ser os psicofármacos, mas não se tratando exclusivamente com eles, mas sim com um acompanhamento que potencialize os avanços na psicoterapia.

Em caso de administrar psicofármacos para o transtorno de personalidade dependente, podem ser utilizados utilizar benzodiazepínicos, ou antidepressivos ISRS, inibidores da monoaminoxidase, tricíclicos ou inibidores seletivos da recaptação de serotonina e da noradrenalina, dependendo de cada caso em especial.

O transtorno de personalidade dependente deve se diferenciar do transtorno de dependência que surge como consequência de transtornos do eixo I, como poderiam ser transtornos de humor, o transtorno de ansiedade por agorafobia e outros transtornos de ansiedade.

Ainda que muitos transtornos de personalidade se caracterizem pelos traços de dependência, o transtorno de personalidade dependente pode ser diferenciado por um predomínio do comportamento de submissão, a adesão e a reatividade na pessoa.

Diferenças do transtorno de limite de personalidade

Ainda que se manifestem sintomas parecidos, há aspectos que nos permitem diferenciar o transtorno de personalidade dependente do transtorno de limite de personalidade. Vamos vê-las a seguir:

• O transtorno de personalidade dependente reage ao abandono com aumento da humildade e submissão, procura urgente de uma relação de substituição que proporcione cuidados e apoio.
• O transtorno de limite de personalidade reage com sentimentos de vazio, e de forma emocional, com raiva e fazendo demandas, mostrando um padrão de relações mais instáveis e intensas.

Diferenças do transtorno histriônico de personalidade

Ainda que ambos experimentem uma grande necessidade de reafirmação e aprovação e podem parecer infantis e pegajosos, a base do transtorno de personalidade dependente é a anulação de si próprio e um comportamento dócil, enquanto que o transtorno histriônico da personalidade se manifesta por meio da extravagância com demandas ativas de atenção.

Diferenças com o transtorno de personalidade evitativo

Tanto o transtorno de personalidade evitativo como o transtorno de personalidade dependente, se caracteriza pot sentimentos de inferioridade, hipersensibilidade às críticas e necessidade de reafirmação. As principais diferenças entre eles são:

• O transtorno de personalidade dependente mostra um padrão de busca e mantimento dos contatos com as pessoas importantes para eles.
• O transtorno de personalidade evitativo evita e te mantém afastado das relações, já que sofrem um medo forte de humilhação e de rejeição, o que faz que se isolem até que estejam seguros para serem aceitos.

Neste artigo, descubra tudo o que você precisa saber sobre o Transtorno de personalidade antissocial: causas e tratamento.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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