Transtorno delirante: o que é, sintomas e como agir

Transtorno delirante: o que é, sintomas e como agir

O mundo da mente e dos pensamentos é muito complexo e, sem nos darmos conta, pode nos colocar em situações difíceis. Por exemplo, tenho certeza de que em algum momento você teve a sensação de estar sendo observado ou tenha acreditado que alguém tinha algo contra você. No entanto, muito provavelmente, existiam razões reais que te levaram a tais conclusões.

Mas, em nossa sociedade, existem uma série de pessoas que sofrem do que se conhece como transtorno delirante e, sem conseguir evitar, possuem em sua mente crenças que para o restante de nós podem chegar a parecer irracionais e absurdas.

Por isso, neste artigo de Psicologia-Online, queremos te apresentar as características, sintomas e tratamento do transtorno delirante e como é possível ajudar as pessoas que sofrem dele, para desta forma, melhorar a vida delas.

O que é transtorno delirante

O DSM-IV-TR define o delírio como a crença falsa baseada em uma inferência incorreta relativamente à realidade externa que é sustentada apesar de que quase todo mundo acredita no oposto e de existem provas óbvias do contrário. A crença não é aceita por outros membros da cultura. Apenas se considera ideia delirante quando o juízo é tão extremo que desafia toda credibilidade.

Características do transtorno delirante

O transtorno delirante tem algumas características bastante concretas:

  • O balanço entre evidências a favor e contra é tal que os outros consideram inacreditável.
  • A crença não é compartilhada por outros.
  • A crença é mantida com firmeza.
  • A pessoa fica preocupada com a crença.
  • A crença é fonte de mal-estar subjetivo ou interfere com o funcionamento social.
  • A pessoa não resiste à crença.

No seguinte artigo você encontrará as diferenças entre delírio e alucinação.

Sintomas do transtorno delirante segundo o DSM V

Segundo o DSM-V, para ser diagnosticado com um transtorno delirante, a pessoa deve cumprir uma série de critérios:

  • A. Presença de um (ou mais) delírios de um mês ou mais de duração.
  • B. Nunca se cumpriu o critério A de esquizofrenia. As alucinações, se existirem, não são importantes e estão relacionadas com o tema delirante (por exemplo, a sensação de estar infestado por insetos associada a delírios de infestação)
  • C. À parte do impacto do delírio ou suas ramificações, o funcionamento não é muito alterado e o comportamento não é manifestamente extravagante ou estranho.
  • D. Se ocorreram episódios maníacos ou depressivos maiores, foram breves em comparação com a duração dos períodos delirantes.
  • E. O transtorno não pode ser atribuído aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica e não é melhor explicado por outro transtorno mental, como o dismórfico corporal ou o transtorno obsessivo-compulsivo.

Tipos de transtorno delirante

  • Erotomaníaco: o tema central é que outra pessoa está apaixona pela pessoa que apresenta o delírio.
  • De grandeza: convicção por parte do paciente de ter certo talento ou conhecimentos ou de ter feito alguma descoberta importante.
  • Ciumento: o indivíduo está convencido de que seu cônjuge ou amante é infiel. Conheça aqui os sintomas, as causas e o tratamento da síndrome de Otelo.
  • Persecutório: o indivíduo acredita que estão conspirando contra ele, que o estão enganando, espionando, drogando ou envenenando.
  • Somático: o tema central implica funções ou sensações corporais.
  • Misto: não predomina nenhum tipo de delírio.

Fora dos momentos em que o delírio se encontra presente, a pessoa se comportará de uma maneira normal perante o resto da sociedade, portanto, geralmente não exibe comportamentos estranhos a menos que esteja focalizando sua atenção no delírio.

 

Tratamento do transtorno delirante

Primeiramente, cabe destacar que para o tratamento deste transtorno é completamente necessária a presença de um profissional, pois em muitos casos é necessária uma série de medicações para o controle das alucinações e dos delírios. Alguma das medicações que são empregadas são os antipsicóticos, os antidepressivos e os estabilizadores emocionais.

Por sua vez, de maneira paralela, existe uma série de tratamentos psicológicos, como o caso da terapia cognitivo-comportamental, que ajudarão o paciente a aliviar os sintomas e a pensar com maior clareza.

Como consequência da grande quantidade de delírios que podem dar lugar a este transtorno, não existe um tratamento base já que não há provas empíricas que provem a eficácia dos diferentes tratamentos empregados.

Como agir diante de uma pessoa com transtorno delirante

A seguir, segue uma série de pautas que podem ajudar a lidar com pessoas com transtornos delirantes:

  • É contraproducente negar suas percepções, mas com um tom tranquilo pode conseguir deslocar sua atenção para outras temas de seu interesse.
  • Não se deve perder a calma nem seguir as ideias que a pessoa introduz.
  • É necessário prestar atenção e escutar, para que desta maneira se sintam atendidos e compreendidos.
  • Fazê-los saber que vamos a ajudá-los com seu problema.
  • Identifique o tipo de delírio que a pessoa sofre e mostre empatia por ela, pois em muitos casos as crenças que estas pessoas possuem são muito negativas e angustiantes.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (APA). (2002). Manual Diagnóstico y Estadístico de los Trastornos Mentales DSM-V. Barcelona: Masson.
  • VILLA E. Psicopatología. Universidad Jaume I. 2016.
  • YUST, C. C., Garcelán, S. P., & López, M. J. M. (2003). Tratamiento cognitivo-conductual de un paciente con diagnóstico de trastorno delirante. Psicothema, 15(1), 120-126.