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Transtorno do espectro do autismo (TEA): causas, tipos e características

 
Marissa Glover
Por Marissa Glover, Psicóloga. 11 abril 2019
Transtorno do espectro do autismo (TEA): causas, tipos e características

O transtorno do espectro autista (TEA ou transtorno do espectro do autismo) é uma condição neuro comportamental que afeta a capacidade da pessoa se comunicar e de se relacionar com os demais. Esse tipo de distúrbio está associado ao desenvolvimento do sistema nervoso e causa muitas limitações na autonomia pessoal de quem sofre com ele, o que acaba gerando também mal-estar, stress e ansiedade nos outros integrantes da sua família. Geralmente, o transtorno do espectro autista costuma a ser detectado durante os 3 primeiros anos de vida, já que os pais são os primeiros a notar em seus filhos comportamentos diferentes de outras crianças da mesma idade.

É importante mencionar que, por se tratar de um transtorno complexo, existem tipos ou graus distintos do distúrbio, o que faz com que o espectro autista seja bem amplo. Mas qual são os tipos de autismo existentes no espectro autista? Quais são os sintomas ou características que uma pessoa do espectro autista apresenta? Para saber tudo sobre o transtorno do espectro autista (TEA): definição, características e atendimento educacional, continue lendo esse artigo de Psicologia-Online.

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Tipos de autismo

Como mencionamos acima, existem diferentes tipos de autismo dentro do transtorno do espectro autista e os principais são:

  • Autismo clássico: o mais conhecido dentro do espectro autista, esse tipo do transtorno consta em pessoas voltadas mais a si mesmas, isoladas dos demais, que geralmente não usam a fala como um instrumento de comunicação e que só entendem o sentido literal das frases e enunciados. Não costumam manter contato visual com as pessoas e não contam com sinais de contato interpessoal. Além disso, no autismo infantil, podemos notar que as crianças não costumam sorrir ou olhar nos olhos das outras pessoas e repetem comportamentos estereotipados e sem muito sentido, como balançar a cabeça ou outra parte do corpo constantemente.
  • Síndrome de Asperger: esse tipo do transtorno do espectro autista é conhecido como uma das formas mais leves do autismo. As pessoas com essa síndrome mostram uma falta de empatia em relação aos demais já que não sabem como interpretar seus estados emocionais e, por isso, não conseguem entendê-los. O mesmo também se pode perceber em relação aos gestos ou à linguagem corporal dos demais. A linguagem e o desenvolvimento cognitivo do indivíduo com a síndrome de Asperger são normais. São inteligentes e, por isso, podem ser confundidos com gênios.
  • Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, sem outra especificação: esse tipo de transtorno do espectro autista é considerado sem outra especificação por que as pessoas que sofrem dele não contam com as características necessárias para serem classificadas como pacientes de outros transtornos globais do desenvolvimento, como o autismo clássico. Ainda assim, os pacientes do transtorno invasivo do desenvolvimento sofrem com comprometimentos na comunicação verbal e não-verbal e na interação social.
  • Transtorno Desintegrativo da Infância: nesse tipo de transtorno do espectro autista, a criança se desenvolve normalmente durante os primeiros anos de vida, mas começa a perder algumas das habilidades adquiridas até então relacionadas ao contato social, à linguagem verbal, às habilidades motoras. Os primeiros sintomas que aparecem nesse tipo de condição são a ansiedade, a hiperatividade e a irritabilidade seguidas pela falta de interesse e pela perda de algumas das habilidades sociais.

Características do autismo

Os principais sintomas ou características do autismo infantil ou com transtorno do espectro do autismo costumam surgir a partir dos 3 anos em diferentes graus e intensidades. Estes são os seguintes:

  • Dificuldade para se relacionar com os demais: as crianças com TEA têm muita dificuldade em questões como integração social, já que costumam se isolar dos demais para focar toda a sua atenção em um objeto ou pessoa de maneira específica durante um período prolongado de tempo. Essas crianças tendem a se mostrar indiferentes aos demais e sempre evitam o contato visual com os outros.
  • Dificuldade para se comunicar: as crianças com transtorno do espectro autista têm muitos problemas em se comunicar com os demais de maneira verbal ou não-verbal, sendo que em ocasiões não são capazes de se comunicar de nenhuma maneira. Já as crianças que têm domínio da linguagem verbal tendem a criar diálogos inadequados com os outros, cujas palavras, expressões ou até mesmo frases completas costumam ser repetidas o tempo todo.
  • Falta de empatia: crianças com transtorno do espectro autista são incapazes de reconhecer emoções e a linguagem corporal das outras pessoas e, por isso, não conseguem compreendê-las ou se adaptar totalmente ao seu universo.
  • Movimentos estereotipados: crianças com TEA costumam a realizar movimentos repetitivos e estereotipados no seu dia dia. Em alguns casos, elas podem demonstrar comportamentos e condutas que as machucam devido à angústia ou ansiedade que sofrem.
  • Dificuldade de autoconhecimento: crianças que sofrem de algum dos tipos do transtorno do espectro autista são incapazes de se reconhecer e tendem a falar de si mesmos como se referissem a outra pessoa. É comum que elas não respondam ao nome dado a elas pelos pais.

Causas do autismo

Até os dias de hoje se desconhece quais são as causas exatas da existência do autismo clássico e dos outros tipos de distúrbios que fazem parte do transtorno do espectro autista.

No entanto, alguns fatores que estão fortemente relacionados com eles já foram descobertos. Entre os fatores que, dependendo do caso, podem estar relacionados com o aparecimento de algum dos transtornos do espectro do autismo, se destacam:

  • Herança genética: descobriu-se que mais de 100 genes que se encontram em cromossomos distintos podem ter uma relação com o desenvolvimento do transtorno do espectro autista. Indivíduos que sofrem mutações nesses genes são mais propensos a desenvolver TEA.
  • Genes e o ambiente: também se fala que se uma pessoa é propensa a sofrer do transtorno do espectro autista devido a mutações genéticas, algumas situações podem desencadear o desenvolvimento do distúrbio. Estas podem ser infecções ou contato com algumas substâncias químicas do ambiente no qual a criança passou seus primeiros anos de vida.
  • Causas biológicas: também se descobriu que alguns fatores biológicos podem ter relação com o transtorno do espectro autista, como os problemas com o crescimento excessivo de algumas áreas do cérebro, com as conexões cerebrais e com o sistema imunológico.

Tratamento para autismo

Não existe um tratamento específico que cure uma pessoa que tem o transtorno do espectro autista, no entanto, é possível tratar esse indivíduo para estabilizar o distúrbio da melhor forma possível.

Existem muitas maneiras de minimizar os sintomas associados ao TEA e potencializar as habilidades do paciente. É importante levar em consideração que o tratamento é diferente para cada caso e por isso o profissional responsável deve adaptá-lo às necessidades de cada pessoa.

Também está comprovado que realizar um diagnóstico do distúrbio e começar a intervenção já nos primeiros anos de vida da criança têm muitos efeitos positivos no quadro do paciente.

Entre os principais tratamentos, ou atendimentos educacionais, do transtorno do espectro autista podem-se ressaltar:

  • Terapia de modificação do comportamento: esse tipo de terapia ajuda que comportamentos desejados sejam reforçados na criança para que se possa reduzir, à medida do possível, os indesejados. Esse tratamento também é usado nos pais, familiares e outros cuidadores da criança para que estes saibam o que fazer quando a criança exibir uma conduta inadequada ou problemática.
  • Terapia cognitivo comportamental: esse tipo de terapia "treina" as crianças para que elas saibam como atuar em determinadas situações sociais e ajuda a encontrar a melhor maneira de se comunicar com os demais. É realizada através de um sistema de motivação baseado em recompensas.
  • Terapias familiares: a abordagem dessa terapia consiste em ensinar os pais e toda a família da criança com transtorno do espectro autista sobre como atuar melhor com essa criança e como ajudá-la a desenvolver suas habilidades de convivência social.
  • Terapias educativas: são programas bem estruturados aplicados por profissionais da área especializados para que as crianças desenvolvam melhor suas habilidades sociais enquanto também melhoram seu comportamento e comunicação. Essas terapias costumam a ser realizadas de maneira intensiva e individualizada.
  • Terapia ocupacional: nesse tipo de terapia, a criança com transtorno do espectro do autismo é "treinada" para aprender a realizar atividades da vida cotidiana que a ajudará a melhorar suas habilidades individuais e sociais.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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