Transtorno factício: o que é, sintomas e tratamento

Transtorno factício: o que é, sintomas e tratamento

Não são poucas as pessoas que em algumas ocasiões se encontraram em situações nas quais fingir ou exagerar era a solução de seus problemas. No entanto, existe um estado mental, o controverso transtorno factício, que é caracterizado principalmente por fingir uma condição ou doença física e/ou mental, apesar de não a ter realmente. Por este motivo, estas pessoas são difíceis de diagnosticar pelos profissionais de saúde já que, apesar de toda a atenção média se focar no paciente, não conseguem encontrar a raiz do problema. Neste artigo de Psicologia-Online, falaremos sobre o que é o transtorno factício, seus sintomas e seu tratamento.

O que é o transtorno factício?

Como mencionado anteriormente, o transtorno factício, antes chamado de síndrome de Munchausen, ocorre quando o paciente, de forma proposital, reproduz e cria sintomas físicos e psicológicos sem possuir nenhuma doença real. Com estas atitudes, o paciente não procura nenhum benefício pessoal, apenas precisa assumir o papel de doente para ser atendido pelos serviços médicos, já que possuem a necessidade, consciente ou não, de que alguém cuide deles ou os atenda constantemente. Normalmente, quando há um exagero nos sintomas, a pessoa acaba por agendar uma série de consultas com diferentes profissionais de saúde para encontrar qual é exatamente sua doença, sem conseguir extrair um diagnóstico claro. Além disso, podem chegar a se automutilar, se envenenar, se submeter a diferentes operações ou tratamentos ou manipular testes e provas para tentar dar veracidade aos sintomas.

Prevalência

Vários estudos concluíram que a prevalência deste transtorno está em torno de 1% da população e os pacientes mais frequentes são do sexo masculino.

Transtorno ou ficção?

O transtorno somatoforme, que inclui o transtorno de somatização e transtornos de conversão ou dissociativos, entre outros, se difere do transtorno factício pela presença de sintomas reais e não inventados nos pacientes. Estes sintomas são derivados de algum problema psicológico, mesmo que não haja presença de uma patologia orgânica, o que chamamos de somatização. Por outro lado, no transtorno factício, os sintomas não são reais e são inventados pela pessoa para suprir determinadas necessidades.

Causas

Há diversos fatores que podem contribuir para que este transtorno apareça, como, por exemplo, ter vivido situações de abuso sexual ou maltrato durante a infância, sofrer de algum transtorno da personalidade, depressão ou ter sofrido uma perda importante, entre outros.

Tipos

Segundo o Manual mais atual de Transtornos Mentais, existem duas tipologias do transtorno factício, o aplicado a si mesmo e o aplicado a outro.

Dentro do transtorno factício aplicado a outros, podemos encontrar a síndrome de Munchausen por procuração. Atualmente, é considerada como uma forma de maltrato infantil, no qual o cuidador da criança inventa doenças e sintomas ou provoca sintomas reais para que pareça que o menor está doente.

Sintomas do transtorno factício segundo o DSM 5

A seguir explicaremos os diferentes sintomas que as pessoas que padecem do transtorno factício podem apresentar.

  • Falsificação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, ou indução de lesão ou doença, em si mesmo ou em outro, associada a uma mentira identificada.
  • O indivíduo apresenta a si mesmo ou um outro indivíduo (vítima) como doente, incapacitado ou machucado diante dos outros.
  • O comportamento enganoso é evidente, mesmo com a ausência de uma recompensa externa óbvia.
  • O comportamento não é melhor explicado por outro transtorno mental, como o transtorno delirante ou outro transtorno psicótico.

Diferença entre transtorno factício e simulação

A principal diferença entre o transtorno factício e os atos de simulação é a intenção das ações. Uma pessoa que interpreta, inventa ou finge determinados sintomas para obter um benefício pessoal como, por exemplo, se libertar de algum acontecimento ou obrigação, está executando um ato de simulação.

Já o transtorno factício é uma psicopatologia na qual o paciente também inventa sintomas e doenças, mas sua intenção está associada com o fato dele possuir uma necessidade psicológica de ser cuidado e assumir o papel de doente ou paciente.

Tratamento do transtorno factício

O transtorno factício geralmente é difícil de tratar pelos profissionais de saúde e, hoje em dia, ainda não existe nenhum tratamento que se mostrou totalmente eficaz para esta doença. No entanto, é possível que o tratamento psicológico seja útil, mais especificamente, a terapia cognitiva-comportamental. Foi observado que, através desta terapia, é possível ajudar a mudar o comportamento, o pensamento, a gerir o estresse e a ansiedade e a tratar a raiz do motivo que causou este transtorno.

O tratamento psicológico se concentrará também em tentar fazer com que o paciente reduza a frequência com que utiliza os serviços médicos e evitar o mau uso deles. Se necessário, é possível utilizar um tratamento farmacológico para aliviar os sintomas, utilizando antidepressivos ou ansiolíticos, sempre sob supervisão médica.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

Se pretende ler mais artigos parecidos a Transtorno factício: o que é, sintomas e tratamento, recomendamos que entre na nossa categoria de Psicologia clínica.

Bibliografia
  • Arias, M. (2004). Trastornos psicógenos: concepto, terminología y clasificación. Neurología, 19(17), 377-385.
  • Asociación Americana de Psiquiatría. (2013). Manual de diagnóstico y estadística de trastornos mentales (5ª ed.). Washington DC.
  • Boccino, S. (2005). Trastornos facticios. Revista de Psiquiatría de Uruguai, 69(1), 92-102.
  • Catalina, M.L., Moreno, C. y de Ugarte, L. (2009). Trastorno facticio con síntomas psicológicos. Diagnóstico y tratamiento. ¿Es útil la confrontación?. Actas españolas de psiquiatría, 37(1), 57-59.