Transtornos alimentares: anorexia, bulimia e obesidade

Transtornos alimentares: anorexia, bulimia e obesidade

Normalmente somos conscientes do fato de que temos fome quando "nossa barriga ronca", que são as contrações do estômago. Para muitas pessoas, isso é um grande incentivo para comer, mas não é, fisiologicamente, o maior indicador da fome.

O mais importante é o nível de glicose no sangue. A maioria das comidas que você come, se transforma em glicose, muito da qual é convertida pelo fígado em gordura para usar posteriormente. Quando os níveis de glicose são baixos, o fígado envia sinais ao hipotálamo (especificamente, ao hipotálamo lateral) de que os níveis estão baixos. O hipotálamo então dispara os hábitos que você tenha adquirido relacionados à busca por comida e seu consumo. Mas o que acontece se você tem problemas para comer? A seguir, neste artigo de Psicologia-Online, falaremos sobre os transtornos alimentares de anorexia, bulimia e obesidade.

Como saciar sua fome

A sensação de que é hora de parar de comer chama-se saciedade. Novamente, os principais indicadores podem ser a distensão do estômago e dos intestinos, essa sensação de estar cheio e, inclusive, inchado depois de uma ceia natalina que todos nós conhecemos.

Também existem certos hormônios que são liberados quando a comida começa a se mover desde o estômago até os intestinos que sinalizam ao hipotálamo (dessa vez ao hipotálamo ventromedial) de que é hora de parar de comer. E, claro, existe um hormônio liberado pelas próprias células de gordura chamado leptina, que reduz o apetite por meio do hipotálamo.

Estamos certos de que todos vocês já ouviram falar de uma pessoa que tem um metabolismo mais rápido que a outra. Alguns parecem queimar calorias tão rápido quanto as comem, enquanto que outras ganham peso somente por "olhar a comida".

Isso chamamos de hipótese do valor de referência. Essa hipótese sugere que cada pessoa possui um certo valor de referência metabólico, um certo peso em torno do que estamos acostumados, que é determinado pelo nosso metabolismo, ou pela taxa que queimamos calorias. Pessoas diferentes possuem diferentes valores de referência, e acredita-se que esses valores podem mudar dependendo de vários fatores, incluindo os padrões de alimentação e de exercício.

Por que comemos o que comemos

O apetite não é, evidentemente, um processo inteiramente fisiológico. Em primeiro lugar, as preferências culturais e, inclusive, individuais aprendidas e os hábitos alimentícios podem fazer a diferença. Por exemplo, alguns de nós fazemos comidas regularmente e raramente consumimos "snacks", enquanto outros apenas beliscam durante o dia. Cada cultura possui sua coleção de comidas que são preferidas e aquelas que se evitam. Para muitas pessoas lhe agradam a carne assada, já outras preferem lulas cruas; outros, inclusive, preferem comer vegetais.

Nossa cultura e educação também nos fornecem várias convicções e atitudes sobre os alimentos e a comida num geral, e nossas memórias pessoais também podem influenciar nossos comportamentos alimentares. Alguns de nós crescemos com a ideia de que nunca devemos desperdiçar a comida, por exemplo, e muitos de nós temos um apego particular ao que, algumas vezes, chamamos de "comfort food".

Comer é algo social no ser humano e pode dar a ele um sentido de amor e pertencimento. Foi sugerido que para algumas pessoas a comida é uma substituta do amor pela qual anseiam. Também, alguns alimentos (por exemplo, o chocolate e o sorvete) parecem reduzir a ansiedade e o estresse em muitos de nós.

Uma das experiências mais poderosas de aprendizado, tanto em humanos como em animais, se tem chamado de aversão gustativa: se nos sentimos doentes logo depois de ter comido algo, podemos desenvolver um desgosto instantâneo por essa comida pelo resto de nossas vidas. As crianças muitas vezes dizem que são "alérgicas" a uma comida ou outra quando isso acontece.

A bulimia e a anorexia

Como acontece com muitas das coisas importantes, como nos alimentar, os seres humanos desenvolveram vários transtornos de alimentação.

A bulimia

Um deles é chamado de bulimia nervosa, e consiste em um padrão de "compulsões" e "expurgações", ou seja, períodos de compulsão alimentar extrema seguidos de vômitos ou uso de laxantes.

Os bulímicos estão constantemente obcecados em manter ou reduzir seu peso. Tendem a sofrer depressão, ansiedade, baixa autoestima e pouco controle de seus impulsos. Costumam vir de famílias com problemas emocionais, tais como a depressão, bem como famílias com problemas de obesidade.

A anorexia

A anorexia nervosa é outro transtorno alimentar que vai desde uma dieta insana até a inanição. A norma geral é que se considera uma pessoa seriamente abaixo do peso se ela estiver com uns 15% abaixo de seu peso ideal. As pessoas com anorexia constantemente vomitam ou usam laxantes, bem como as pessoas bulímicas. Possuem um medo intenso de estarem gordas e estão obcecadas em serem magras.

Costumam ter uma imagem corporal distorcida, o que significa que, quando se olham no espelho, tendem a ver alguém com sobrepeso, enquanto outras pessoas as veem bastante magras. As pessoas anoréxicas, às vezes, vêm de famílias muito competitivas e exigentes, e geralmente são perfeccionistas com uma grande necessidade de controlar todos os aspectos de suas vidas.

A bulimia, a anorexia e a sociedade

Fisiologicamente, a anorexia tem sido associada a níveis anormais do neurotransmissor serotonina, o qual implica na regulação da ingestão. A pesquisa com gêmeos sugere que pode existir um aspecto genético na anorexia também.

A maioria das pessoas anoréxicas e bulímicas são mulheres jovens, incluindo 1% a 4% de meninas do ensino médio e universitárias. Parece que existem aspectos fisiológicos da adolescência feminina que contribuem com o problema, mas podemos perceber que 10% dos adolescentes com anorexia são meninos.

Embora boa parte desses transtornos sejam provavelmente sociais: em nossa sociedade, os padrões de beleza tentam enfatizar a magreza, e as mulheres, em particular, tendem a ser julgadas com base na sua beleza, às vezes, até com a exclusão de todo o resto. Certamente, se você olhar para as revistas voltadas às mulheres jovens ou aos anúncios direcionados a elas, poderá pensar que a beleza é tudo e que a gordura é o beijo da morte para a autoestima.

É interessante notar que, enquanto a mulher média mede 1,62m e pesa uns 64 quilos, as medidas de uma modelo média são de 1,75m e um peso de 50kg. Se a Barbie, o ideal de beleza feminina da infância, fosse em tamanho real, suas medidas seriam de 36-18-33.

É interessante que as culturas com padrões de beleza que dizem mais respeito da personalidade da mulher ou de outras características, e as culturas que apreciam as mulheres com seus corpos naturais, sem buscar esta estética da magreza, possuem muito menos problemas com a bulimia ou a anorexia.

A obesidade

Apesar de todo o sofrimento pelo qual a anorexia e a bulimia são responsáveis, há outro transtorno alimentar que causa ainda mais: a obesidade. Geralmente, se considera obesa a pessoa que pesa cerca de 35% acima de seu peso ideal. Seguindo essa regra, uns 21% dos americanos são obesos, porém, de todo modo, essa tendência é realmente global.

Causas da obesidade

As principais causas da obesidade são as seguintes:

  • Devido a doenças: fisiologicamente, a obesidade está fortemente associada com doenças como a diabetes, pressão alta, doenças cardíacas e alguns cânceres. De fato, a obesidade está associada com a mesma porcentagem de mortes por câncer (30%) pelo hábito de fumar.
  • Devido à depressão: psicologicamente, o preço também é alto, e a obesidade está associada à depressão.
  • Devido à genética: entre 40 e 70% da variação no peso corporal parece ser genético. Nossos antepassados que nos transmitiram esses genes não engordaram, principalmente porque não tinham tanta comida disponível como nós temos, e porque tinham que trabalhar duro e caminhar ainda mais para isso.
  • Devido aos padrões alimentares: o aprendizado é também um fator importante, incluindo os padrões alimentares na infância e um estilo de vida sedentário. Nossa cultura não ajuda em nada, na qual nossa indústria de comidas e snacks gasta milhões de dólares por ano para nos incentivar (inclusive as crianças) a comer comidas gordurosas e açucaradas. Frequentemente as mesmas companhias ganham milhões de dólares nos vendendo programas e produtos voltados para a perda de peso.

Sociologicamente, as pessoas obesas enfrentam uma discriminação considerável, desde zombarias até a reprovável negação de emprego para os adultos. E, ao contrário dos outros tipos de discriminação, essa é considerada como culpa da pessoa gorda, quando na verdade não é.

Como tratar a obesidade

A maioria das pessoas tenta enfrentar a obesidade com a dieta. De fato, 80% das mulheres fazem dieta, assim como 25% dos homens, e 50% das meninas menores de 18 também fazem. Infelizmente, apesar das dietas funcionarem a curto prazo e em pequenas quantidades, frequentemente falham a longo prazo para as pessoas que se encontram em algum grau de obesidade.

Fazer dieta se transforma em algo ainda mais difícil pela forma que funciona o valor de referência: quando você faz dieta, seu corpo pensa que você está faminto e reajusta seu metabolismo para ser mais eficiente, por isso você necessita de menos comida para manter seu corpo funcionando, o que torna a perda de peso mais difícil ainda. Apesar de necessitar comer mais do que você queima para engordar, uma vez que quando se encontra em um quadro de obesidade, isso não se aplica mais.

Pode ser interessante o fato de que o treinamento na musculação ajuda: os músculos usam mais calorias. inclusive em seu estado de repouso, do que outros tecidos. Há também alguma esperança na futura pesquisa médica, incluindo a pesquisa sobre os efeitos da leptina e possíveis intervenções genéticas.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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