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Transtornos Dissociativos: tipos e definições

 
Equipe editorial
Por Equipe editorial. 17 março 2021
Transtornos Dissociativos: tipos e definições

Neste artigo de Psicologia Online, falaremos dos transtornos dissociativos. Um aspecto da estrutura psicológica de uma pessoa é que ela está dissociada (separada) dos outros. Uma concordância entre a maior parte das pessoas diagnosticadas com estas desordens é a suscetibilidade aos estados de transe, à hipnose, e à sugestão. A investigação de Hans Eysenck sugere que estas são mais propensas a serem extrovertidas e nervosas. Entenda na leitura a seguir e conheça os tipos de transtornos dissociativos.

Tipos de Transtornos Dissociativos

Amnésia dissociativa

A amnésia dissociativa é a "incapacidade de lembrar informações pessoais importantes, geralmente de uma natureza traumática ou estressante," (DSM IV) mas mais severa do que caracterizamos como uma falta de memória comum. Claramente, não ocorre devido a um trauma físico, ao uso de drogas ou a uma doença. E sim devido à capacidade que estas pessoas têm de focar de forma distante em certas memórias que as incomodam.

Tem se tornado cada vez mais comum pessoas informarem, enquanto se encontram sob o cuidado de certos terapeutas, que esqueciam os traumas da infância, especialmente abusos sexuais. Os pesquisadores recentes acreditam que as "lembranças recuperadas" que estes pacientes demonstram são, na verdade, implantadas em suas mentes sugestionáveis pelo excesso de entusiasmo de seus terapeutas. No entanto, não se sabe se todas as lembranças recuperadas são duvidosas ou não, mesmo que a investigação da memória sugere que o trauma normalmente é lembrado bem, e não mal.

Fuga

A fuga é a amnésia acompanhada de uma viagem repentina para longe do refúgio de uma pessoa. O tempo fora pode variar desde algumas horas, até meses. Quando estas pessoas voltam ao estado normal, frequentemente não lembram do que aconteceu enquanto estavam ausentes. Alguns adotam completamente uma nova identidade enquanto estão "no caminho".

Transtorno de identidade dissociativo

Conhecido antes como personalidade múltipla - implica alguém que desenvolve duas ou mais "identidades separadas" que assumem o controle do comportamento da pessoa de vez em quando. A personalidade "geralmente" não se lembra do que aconteceu quando uma personalidade diferente assumiu o controle. O transtorno de identidade dissociativo não é igual à esquizofrenia, mas tem algumas semelhanças. Na esquizofrenia, as vozes e os impulsos são vistos como provenientes de fora de si mesmo, enquanto que no transtorno dissociativo da identidade, são considerados como vindo de dentro, sob a forma destas personalidades alternadas.

Um dos primeiros casos a chegar ao público foi a história de Eva Blanco. Eva Blanco (um pseudônimo, logicamente), era uma mulher pacífica com um marido dominante. Ela, ao acordar, se viu com maquiagem pesada, ressaca e outras demonstrações de que havia estado fora na farra durante a noite. Esta personalidade que assumia o controle de vez em quando, foi chamada de Eva Negro. Com o tempo, as duas personalidades se reuniram, e a história de Eva foi contada em um filme com a atriz Joanne Woodward, chamado "As três faces de Eva". O segundo filme ficou muito mais famoso: "Sybil". Esta era a história verídica de uma mulher que tinha sido seriamente maltratada por sua mãe esquizofrênica, e desenvolveu (supostamente) 26 personalidades.

Hipnotizar as pessoas com personalidades múltiplas geralmente é fácil, pois é provável que este transtorno pode ser causado, ou ao menos agravado, pelos terapeutas, intencionalmente ou não, assim como as lembranças recuperadas. É visto com ceticismo por muitos psicólogos.

Por outro lado, também pode ser entendido como uma versão moderna de uma ocorrência muito comum no mundo não ocidental pré-moderno: a possessão de um espírito. Nas culturas onde os poderes dos deuses, fantasmas e demônios são considerados verdadeiros, as pessoas às vezes se sentem possuídas por estas personalidades externas. Nas sociedades mais modernas, que carecem da explicação da possessão, as pessoas assumem que a personalidade alternativa é interna.

Despersonalização

A despersonalização é "a sensação persistente ou recorrente de estar separado de seus processos mentais ou de seu corpo..." (DSM IV) o mundo frequentemente parece estranho também, e se chama desrealização. Os objetos físicos podem parecer distorcidos e as pessoas podem parecer mecânicas. Mais uma vez, estas pessoas podem ser particularmente fáceis de hipnotizar, e a sensação pode ser induzida até mesmo em pessoas normais sob hipnose. A metade dos adultos pode ter experimentado um breve episódio de despersonalização ou de desrealização no curso da vida, mas é mais comum em pessoas que sofreram abuso, a perda de um ente querido, ou ter presenciado uma guerra. É também comum sob a influência de alucinógenos como o LSD.

Transe

O transtorno por transe dissociativo (atualmente no apêndice B do DSM-IV-TR) é uma categoria não oficial frequentemente referenciada por psicólogos e psiquiatras que trabalham em sociedades pré-modernas, não ocidentais. O transe é a redução da atenção na qual algumas coisas (tal como visão, movimento, ou até mesmo a realidade externa) se colocam fora da consciência.

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Interpretações culturais dos Transtornos Dissociativos

O terapeuta intercultural Richard Castillo, em seu livro Cultura e doenças mentais, diz que o transe é "uma adaptação com grande valor para sobrevivência do indivíduo e da espécie." Não está longe dos estados não patológicos, tais como a hipnose e a meditação.

Castillo dá numerosos exemplos:

  • O Amok encontra-se na Malásia e Indonésia. A palavra provém do sânscrito "não há liberdade". Implica uma pessoa que perde o sentido de si mesmo, que agarra uma arma, tal como um facão, e atravessa a população esfaqueando as pessoas. Depois, não se lembra de nada que fez e, como de costume, se desculpa por qualquer dano causado, mesmo se suas ações levaram alguém à morte!
  • Grisi Siknis se encontram entre adolescentes e mulheres jovens dos índios de Miskito na Nicarágua. Também correm selvagemente com facões, assaltando às pessoas ou se mutilando de vez em quando. Não tem nenhuma lembrança de suas ações.
  • Pibloktoq ou a histeria ártica se encontra entre os esquimós. Durante alguns minutos a algumas horas, uma pessoa tira sua roupa e corre gritando pela neve e pelo gelo, como resposta a um surto repentino.
  • Latah (na Malásia) implica movimentos violentos do corpo, tomando posturas incomuns, dançando em transe, imitando outras pessoas, atirando coisas e assim sucessivamente.
  • O "Cair" (nas Bahamas) implica cair no chão, e ficar em estado de coma, mas escutando e compreendendo o que está acontecendo ao seu redor.
  • A "Indisposição" (no Haiti) é um transe de possessão entendido como uma resposta ao medo.
  • "Fits" (na Índia) é uma resposta de crise de algumas mulheres diante da tensão da família, curável pelo exorcismo ou simplesmente dizendo a seu marido que a proteja de seus sogros!

Nas sociedades ocidentais, estas classes de comportamentos se classificam frequentemente como transtornos do controle de impulso, junto com a tricotilomania (arrancar cabelo), o jogo compulsivo, a piromania e a cleptomania (discutida com os transtornos de ansiedade). Um destes - o transtorno explosivo intermitente - é basicamente igual o Amok no funcionamento, e é conhecido comumente como "Ficar Louco".

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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