Violência simbólica de Pierre Bordieu

A violência simbólica consiste em uma forma de exercer uma relação de poder entre as pessoas por meio da imposição de símbolos, normas e significados. Como o próprio nome indica, esse tipo de violência não é exercida por meio da força física, mas sim por meio do uso de palavras e inscrições que geram um benefício para quem a exerce. Em contrapartida, existe um setor da sociedade que é significativamente prejudicado por tais imposições.

Introduzida pelo sociólogo Pierre Bourdieu ela descreve formas sutis e invisíveis de violência presentes nas relações sociais e culturais. Ao contrário da violência física ou verbal direta, a violência simbólica opera por meio de sistemas de significados, símbolos e valores que são internalizados pelas pessoas e que moldam suas percepções, comportamentos e identidades.

A violência simbólica ocorre quando uma estrutura de poder dominante impõe suas normas, crenças e valores como sendo a norma ou o padrão aceito, criando assim uma hierarquia e marginalizando as perspectivas, práticas e identidades das pessoas ou grupos que não se enquadram nesse padrão. Essa imposição é muitas vezes sutil e ocorre através de processos de socialização, educação, mídia e outros mecanismos culturais.

Um dos aspectos a destacar é que a violência simbólica pode ser implementada por grupos, instituições e/ou pessoas específicas que tenham um objetivo focado em dominação. Nesse sentido, o uso da linguagem é a principal ferramenta que veicula as relações de poder que se estabelecem na sociedade.

Neste artigo você encontrará informações sobre outros Tipos de violência e suas características.

A violência simbólica pode ser detectada a partir de indicadores específicos que permitem sua compreensão. Em seguida, vamos especificar essas informações:

• Análise de estereótipos discriminatórios: discursos que levam à discriminação de grupos sociais por diversas circunstâncias se instalam e se apresentam como mensagens naturalizadas e não questionadas pela sociedade.
• Observação de contextos sociais e culturais: os espaços em que são transmitidas representações visuais e significados concretos podem indicar a presença de violência simbólica.
• Ouvir discursos marginalizados: o isolamento de setores sociais em decorrência da diversificação das relações de poder faz com que certas pessoas não tenham a possibilidade de opinar sobre o que lhes aconteceu. Por isso, é importante ouvir ativamente os discursos marginalizados.

Na sociedade, há uma grande variedade de exemplos de violência simbólica. Nesta parágrafo, falaremos sobre os modelos mais conhecidos:

Objetificação das mulheres

Em muitas mídias sociais e no âmbito publicitário, as mulheres são tratadas como objetos que podem ser dominados de acordo com os interesses de grupos específicos. Embora essa ideia tenha sido apresentada com mais frequência nas décadas anteriores, ela ainda persiste em algumas ocasiões hoje.

É o caso, por exemplo, de anúncios em que aparece uma mulher seminua e um homem ordena suas ações para agradá-lo. Aqui explicamos o que é a violência de gênero.

Homofobia

Embora a homossexualidade tenha sido integrada à sociedade graças à implementação de leis que permitem o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, ainda existem setores sociais que exercem uma discriminação acentuada contra essa sexualidade, assim como acontece com todas das siglas do coletivo LGBTI+ .

Funções delimitadas

Esse tipo de violência patriarcal também poderia estar associada à ideia do homem como provedor de dinheiro e comida para sua família e da mulher como a pessoa que cozinha, lava e limpa a casa. Assim, as mulheres são impossibilitadas de trabalhar fora de casa e os homens não têm habilidades domésticas.

Outro exemplo desse tema pode ser encontrado no equívoco generalizado de que um homem não deve mostrar suas emoções porque isso o torna mais fraco e vulnerável.

A violência simbólica tem consequências extremamente desfavoráveis ​​para o desenvolvimento das atividades cotidianas que se realizam na sociedade, pois afetam a forma de interpretar a realidade. A seguir listamos as consequências mais importantes:

• Manutenção da baixa autoestima: em decorrência da discriminação transmitida pela violência simbólica, é comum que muitas pessoas tenham a personalidade afetada e sentimentos de inferioridade. Em relação a isso, é possível que ocorram grandes desvalorizações.
• Aparecimento de transtornos psicológicos: a perpetuação ao longo do tempo da violência simbólica pode levar a problemas de saúde mental como estresse, ansiedade, depressão, entre outros. Nesse sentido, cada diagnóstico tem um nível de complexidade específico e há risco tanto para a própria pessoa quanto para terceiros.
• Exclusão social: existem grupos sociais que são excluídos de diversas atividades sociais devido ao alto teor discriminatório da violência simbólica. As pessoas que sofrem de relações de poder assimétricas são excluídas de muitas áreas de integração social.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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