Sexologia

Como sair do armário

 
Francielle Bechtold
Por Francielle Bechtold. Atualizado: 3 julho 2023
Como sair do armário

No artigo de hoje de Psicologia-Online vamos abordar um tema bastante sensível e pretendemos conseguir abraçar todas as pessoas envolvidas. Sob o título Como sair do armário, vamos elucidar de forma esclarecedora esse termo e te ajudar no caminho da comunicação da sua orientação sexual.

Certamente este é um termo que pode causar alguma discórdia, tanto por estar associado à falas pejorativas, quanto também é muito utilizado por pessoas LGBTQIA+ ao comunicarem às pessoas a sua orientação sexual.

Neste artigo pretendemos utilizar essa segunda colocação, e através dela, abordar temas que são extremamente importantes para todas as pessoas, de forma que todos se sintam respeitados e compreendidos dentro de suas individualidades e como seres sociais.

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Índice
  1. Como falar de sexualidade com as crianças
  2. Como se assumir para os pais
  3. O que significa sair do armário
  4. Como falar para a sua mãe que você é bi

Como falar de sexualidade com as crianças

Falar sobre sexualidade deve ser um assunto em pauta em todas as famílias. Tema este que deve ser trabalhado com os filhos quando ainda crianças, e progredir o assunto e as formas de colocação conforme o crescimento.

Para isso, é essencial que os pais tenham conhecimentos de todo esse meio e estejam abertos a aprender, buscar pelo próprio conhecimento e ensinar aos seus filhos que, a forma correta de lidar com o outro é o tratando de forma igualitária, exatamente como o outro é, igual!

Essa construção social é a melhor forma de combate ao preconceito, apesar de muitos pais ou educadores terem resistência a abordar o tema, por acreditarem erroneamente que, ao falar sobre o tema, abrem precedentes para que seus filhos "se tornem gays" por exemplo, ou que falar sobre sexualidade é estimular a prática sexual.

Abordar o tema sexualidade é a melhor forma de educar as crianças. Através dessas conversas as crianças vão aprendendo a se reconhecerem, a entenderem seus corpos, os seus próprios limites e o limite a ser imposto no outro. Por exemplo, é dessa forma que as crianças aprendem que, ninguém tem permissão para tocar em seus corpos, especialmente nas suas partes íntimas, não importa quem seja a pessoa.

Conversar sobre sexualidade é ensinar, é proteger, é demonstrar amor e respeito. É ensinar para a criança que ela pode e deve ser exatamente como ela quer. É criar um vínculo seguro, onde a criança, e futuramente o adolescente ou adulto se sinta amparado, se sinta protegido e se sinta à vontade para falar sobre qualquer assunto, inclusive sobre suas orientações sexuais e identidade de gênero.

Assim, vale destacar que sigla LBGTQIA+ é um movimento social e político, a fim de incluir as pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de gênero, bem como mostrar a importância que o tema tem para a sociedade e a necessidade de levantar a bandeira de igualdade para todos.

Como se assumir para os pais

Quando não temos pais que abordam essa temática dentro de casa desde pequenos ou pais que tenham um pensamento retrógrado e bastante fechado, falar sobre sexualidade pode ser um grande tabu ou motivo de grandes problemas.

Portanto, quando essa temática não foi abordada dentro da família, e o adolescente ou adulto sente a necessidade de dividir com a família a sua orientação sexual, este pode ser um momento bastante desafiador. Certamente não cabe aqui uma lista de como fazer esse processo, afinal, cada família é única e as reações podem ser as mais variadas possíveis.

Nosso objetivo central aqui é, estimular que as pessoas queiram falar sobre a sua orientação sexual, a querer ser quem são, apesar das dificuldades, apesar do medo, da insegurança e, muitas vezes, apesar da falta de apoio.

Sabemos que a vida é muito curta para vivermos presos à padrões sociais bastante desatualizados e preconceituosos. Sabemos que a vida deve ser vivida em plenitude e, para isso, é preciso nos libertarmos, deixarmos sentir e ser aquilo que somos. Só podemos ser felizes de verdade dessa forma.

Por mais desafiador que possa ser, falar sobre sexualidade com os pais deve ser considerada uma opção, especialmente para aqueles que têm e pretendem manter uma boa relação com estes. Desejamos profundamente que você tenha pais e familiares que o apoiem em todas as ocasiões, ou outras pessoas que o ajudem em qualquer momento de dificuldade.

Portanto, o nosso principal conselho na hora de se assumir para seus pais e família é acreditar em quem se é e saber que é merecedor/a de viver a sua felicidade em plenitude, sem amarras e sem precisar esconder-se, porque o amor é livre.

O que significa sair do armário

"Sair do armário" foi uma expressão utilizada por muitos anos ao se referir à pessoas que buscam dividir sua orientação sexual com os demais. Apesar de ser uma expressão a cair em desuso atualmente, ela compreende todo um processo que a pessoa precisa passar.

O processo inicial consiste em compreender os seus próprios sentimentos, seus desejos, suas vontades e necessidades. É um processo de reconhecimento de quem se é. Em seguida vem o desafio das diferentes formas de expressar tudo isso.

Dentro dessa etapa social ainda existe o grande desafio de decidir compartilhar com as pessoas a sua orientação sexual, no entanto, a consequência deste ato vem repleta de medos, inseguranças, crises de ansiedade e pode, inclusive, desenvolver casos de depressão.

Como sair do armário

Por esta razão, abordar a temática da sexualidade deve ser algo que precisa acontecer dentro das famílias, desde crianças, e isso de forma alguma significa estimular algo ou a prática sexual. Falar abertamente sobre sexualidade é uma das maiores demonstrações de amor e respeito que os pais podem ter com os filhos.

É lhes dar a segurança de que, independente de absolutamente qualquer coisa, essa luta nunca acontecerá de forma solitária. É mostrar que, apesar de todas as dificuldades associadas à todas estas causas, o ambiente familiar é acolhedor, é um ambiente de aceitação, de reconhecimento e de muito amor.

Viver a liberdade de ser quem é, é um direito de todas as pessoas. Tal como um heterossexual não precisa chegar aos pais e dizer "gosto de uma menina", uma pessoa de outra orientação sexual não deveria sentir que dizer sobre quem gosta é um fardo. Esta deveria ser uma conversa tão natural quanto todas as outras.

Aqui em Psicologia-Online temos diversos artigos sobre sexualidade, orientação sexual, identidade de gênero, e queremos que você se sinta acolhido/a através de todas estas palavras e possa apoiar-se nelas na hora de dividir com alguém a sua sexualidade.

Que você encontre informação, orientação e reconhecimento, e principalmente, viva em liberdade. Lembre-se que não importa o que ninguém diga, o amor como você deseja (e vai) viver é válido e bonito!

Como falar para a sua mãe que você é bi

Falar sobre sua orientação sexual com sua mãe pode ser um passo importante e emocionalmente significativo. Aqui estão algumas sugestões para abordar o assunto com ela:

  • Escolha um momento adequado: encontre um momento em que ambos estejam tranquilos e tenham tempo para conversar sem interrupções. É importante escolher um momento em que sua mãe esteja mais relaxada e receptiva.
  • Seja sincero/a e direto/a: expresse-se de forma clara e honesta. Diga a ela que você precisa compartilhar algo importante sobre sua identidade e que é importante para você que ela saiba. Por exemplo, você pode dizer: "Mãe, eu queria te contar que sou bissexual."
  • Explique sua orientação sexual: explique a ela o que significa ser bissexual. Se ela não estiver familiarizada com o termo, você pode dizer algo como: "Isso significa que eu sinto atração por pessoas de ambos os sexos. Quero que você saiba disso porque é uma parte importante da minha identidade."
  • Dê tempo para ela processar: lembre-se de que sua mãe pode precisar de algum tempo para processar essa informação. É possível que ela tenha dúvidas ou precise de tempo para entender completamente. Seja paciente e esteja disposto/a a responder a quaisquer perguntas que ela possa ter.
  • Compartilhe seus sentimentos: se você se sentir confortável, compartilhe seus próprios sentimentos sobre ser bissexual e como isso afetou sua vida. Falar sobre suas experiências pessoais pode ajudar sua mãe a entender melhor sua perspectiva e emoções.
  • Esteja aberto/a ao diálogo: encoraje sua mãe a fazer perguntas e compartilhar seus próprios sentimentos. O diálogo aberto pode ajudar a fortalecer o relacionamento e a construir uma base de compreensão e apoio.
  • Esteja preparado/a para diferentes reações: lembre-se de que as pessoas podem reagir de maneiras diferentes. Sua mãe pode precisar de algum tempo para assimilar a informação e processar suas próprias emoções. Esteja preparado para diferentes reações e seja compreensivo.

Lembre-se de que cada família é única, e você conhece sua mãe melhor do que ninguém. Essas são apenas diretrizes gerais, e você pode adaptá-las à sua situação específica.

O mais importante é ser sincero consigo mesmo/a e com sua mãe, e esperar que ela possa aceitar e apoiar você. Mas, caso isso não aconteça, lembre-se sempre de que não há nada de errado com você e que deve viver a sua vida da maneira com que te faz feliz e completo/a.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia

Braskem. 2019. O que significa a sigla LGBTQIA+. Disponível em: <https://bluevisionbraskem.com/desenvolvimento-humano/o-que-significa-a-sigla-lgbtqia/> Acesso em 7 de junho de 2022.

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