Sentimentos

Meu namorado propôs relacionamento aberto: o que fazer?

 
Roberta Novoa
Por Roberta Novoa. 27 junho 2025
Meu namorado propôs relacionamento aberto: o que fazer?

Relacionamentos abertos desafiam a ideia de exclusividade afetiva, propondo vínculos baseados em liberdade, honestidade e negociação. Mais do que ausência de compromisso, essas relações demandam maturidade emocional, diálogo constante e respeito mútuo. Em vez de focar na posse, o foco está no bem-estar de todos os envolvidos.

Não se trata de seguir modismos, mas de construir um formato relacional que faça sentido para quem vivencia. É um convite à autonomia afetiva, à superação do ciúme como norma e à valorização da diversidade de formas de amar. No fundo, é sobre escolhas conscientes. O detalhe é quando isso não é uma escolha sua, mas de seu parceiro.

Por ser um tema tão atual e importante, vamos falar nesse artigo de Psicologia-Online sobre o tema: Meu namorado propôs relacionamento aberto: o que fazer?

Índice
  1. O que leva uma pessoa a querer relacionamento aberto?
  2. Como funciona um relacionamento aberto?
  3. Como sei se quero um relacionamento aberto?
  4. O que fazer se meu namorado propôs relacionamento aberto

O que leva uma pessoa a querer relacionamento aberto?

Nem sempre o desejo por um relacionamento aberto nasce da ausência de amor. Na verdade, ele pode surgir justamente do desejo de vivê-lo de forma mais autêntica, leve e coerente com os próprios valores. Vivemos em uma sociedade que, historicamente, colocou a monogamia como o modelo “correto” de amar, mas será que esse é o único caminho?

Muitas pessoas que optam por relações abertas buscam maior liberdade emocional e afetiva, sem deixar de lado o compromisso com a honestidade e o respeito mútuo. Elas querem poder viver o afeto sem os limites impostos pela exclusividade, entendendo que o amor não precisa ser escasso para ser verdadeiro. Às vezes, é uma escolha motivada pela busca de experiências mais alinhadas ao próprio desejo, à autenticidade e à diversidade de conexões.

Segundo o movimento das Relações Livres, citado em pesquisas acadêmicas, a não monogamia questiona o mito da completude: a ideia de que uma única pessoa pode (e deve) suprir todas as nossas necessidades emocionais, sexuais e intelectuais. Para muitos, isso é uma pressão irreal. Por isso, preferem uma construção relacional mais fluida, dialogada e negociada, onde cada vínculo tem seu próprio significado, livre de imposições.

Não se trata de promiscuidade ou ausência de vínculos, como muitas vezes se pensa. Trata-se de reinvenção: do amor, dos pactos e, principalmente, da forma como escolhemos nos relacionar. Em tempos de tanta pluralidade, talvez a maior fidelidade que podemos ter seja com a nossa verdade. Afinal, o que é o amor senão uma escolha diária, feita com coragem e liberdade?

Como funciona um relacionamento aberto?

Imagine um espaço onde o amor não é sinônimo de posse. Relacionamentos abertos funcionam justamente assim: em vez de seguir o modelo tradicional da monogamia, os parceiros combinam, de forma consciente e acordada, que podem viver outras conexões afetivas ou sexuais fora da relação principal.

Mais do que “liberar geral”, trata-se de um pacto baseado em comunicação honesta, respeito mútuo e, principalmente, na confiança. Cada casal define suas próprias regras, o que pode, o que não pode, quais limites existem e o que desejam construir juntos.

Essa escolha nasce, muitas vezes, da percepção de que o amor não precisa ser um sentimento exclusivo, nem a afetividade, uma via de mão única. Em um relacionamento aberto, o ciúme, em vez de ser visto como sinal de amor, é substituído por algo chamado compersão: a capacidade de se alegrar pela felicidade do outro.

Em um mundo que valoriza cada vez mais a liberdade e a autenticidade, os relacionamentos abertos surgem como uma alternativa que desafia a velha ideia de que amar é prender. Afinal, e se amar fosse, justamente, permitir que o outro seja pleno, ao seu lado e além dele?

Como sei se quero um relacionamento aberto?

Você já se pegou pensando se está pronto para viver algo além do tradicional "felizes para sempre"? A ideia de um relacionamento aberto pode soar libertadora, ou assustadora, dependendo de como você enxerga amor, liberdade e compromisso. Muito além de "ter mais de um parceiro", essa escolha exige maturidade emocional, diálogo sincero e, principalmente, autoconhecimento.

No mundo contemporâneo, como aponta a antropologia social, o amor deixou de ser apenas uma busca por completude. Hoje, ele também dialoga com valores como autonomia, pluralidade e escolha consciente​.

Relações abertas desafiam o modelo do amor romântico idealizado, aquele que promete que uma única pessoa suprirá todas as suas necessidades para sempre.

Antes de mergulhar nessa experiência, pergunte-se: estou preparado para lidar com ciúmes de forma construtiva? Consigo diferenciar o amor da posse? Tenho disposição para conversar abertamente sobre desejos, limites e acordos?

Mais do que uma tendência, optar por um relacionamento aberto é sobre construir afetos que respeitem quem você é, e quem o outro é, sem moldes prontos. A resposta para saber se esse caminho é para você começa dentro: na escuta genuína dos seus sentimentos e na coragem de questionar padrões.

O que fazer se meu namorado propôs relacionamento aberto

Respire. Antes de entrar em pânico ou assumir qualquer resposta automática, é essencial se ouvir. A proposta de abrir a relação não é, necessariamente, um sinal de falta de amor, pode refletir uma nova forma de enxergar o afeto, mais conectada à liberdade do que à posse.

Na contemporaneidade, como mostram estudos sobre o “amor-consumo”​ , a ideia de relacionamento se expandiu: há quem busque mais autenticidade, mesmo que isso implique redefinir a exclusividade.

Mas o que importa, acima de tudo, é: faz sentido para você? Relacionamentos abertos exigem comunicação clara, autonomia emocional e acordos transparentes. Não aceite apenas para agradar – e não rejeite sem refletir se é o medo ou o desejo genuíno que está guiando sua resposta.

Questione-se: eu me sentiria bem compartilhando meu parceiro? Teríamos maturidade para lidar com ciúmes? Existe espaço para que ambos cresçam nesse novo modelo?

Se, depois de muita conversa (e introspecção!), a ideia não couber no seu mundo afetivo, tudo bem. Relacionamentos só fazem sentido quando fortalecem quem somos, e não quando nos forçam a sermos quem não queremos ser.

Às vezes, o mais corajoso é simplesmente dizer: "Isso não é para mim."

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • KESSLER, Cláudia Samuel. Novas formas de relacionamento: fim do amor romântico ou um novo amor-consumo? Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 16, n. 2, p. 363-374, jul./dez. 2013. Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fchf/article/view/29066. Acesso em: 29 de abril de 2025.
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