Quero me separar do meu marido, mas não consigo: o que fazer?
Acabar com um relacionamento é algo muito delicado e doloroso. Muitas vezes decidimos que vamos nos separar, porém não conseguimos. “Quero me separar, mas não tenho coragem”. Será que é dependência emocional? Será que você realmente quer terminar? Seja qual for a resposta, uma boa dose de autoconhecimento irá ajudar.
Neste artigo você irá compreender melhor sobre a separação e os motivos pelos quais você não consegue se separar. Ficou interessada/o? O seguinte pensamento passa pela sua cabeça: quero me separar do meu marido, mas não consigo? Em Psicologia-Online te ajudaremos com essa questão.
Quero me separar, mas não tenho coragem
Para começarmos o processo da separação precisamos ter certeza do porquê estamos fazendo isso, é necessário estar tudo claro. Precisamos saber:
- Quais são os motivos da separação?
- O que vai acontecer pós-separação?
- Eu já estou me preparando para isso?
- Meu cônjuge já sabe que desejo me separar?
O nosso artigo sobre separação de casais pode ser interessante para te ajudar neste processo.
Como separar do marido
Para não agirmos de maneira impulsiva quando queremos terminar, precisamos pensar antes de tomar uma decisão e o mais importante precisamos ter certeza dos motivos para garantir que não estamos nos autossabotando.
Entenda o que está te prendendo
"Quero me separar do meu marido, mas não consigo". Existem diversos motivos para você não estar conseguindo terminar seu relacionamento. Às vezes são questões materiais (como a casa de vocês) ou algo psicológico/emocional (medo, insegurança ou dependência emocional).
Recursos econômicos e a separação
Muitas vezes a pessoa que quer se separar não possui condições financeiras para lidar com a divisão de bens e, em casos ainda mais delicados, não possuem nem condições para se manter sem ajuda, isso deixa ainda mais difícil ter coragem para se separar.
Responda a estas perguntas para entender melhor sua situação e como lidar com ela:
- Você continua nesse relacionamento apenas por questões financeiras?
- Você acredita que consegue esperar um pouco mais antes de terminar para conseguir achar um trabalho?
- Caso você não consiga esperar ou não possa, tem alguém próximo a você que pode te receber e lhe ajudar enquanto você não se estabelece melhor financeiramente?
Encarar a separação com filhos
A separação já é uma questão bem delicada, porém, geralmente quando envolve filhos as coisas complicam ainda mais. Muitas pessoas decidem que não é adequado a separação ou o divórcio devido a idade dos filhos, preferem esperar eles crescerem para pode ser separar.
Contudo, pense comigo: se você tem um filho de 3 anos e você decide esperar ele fazer os 18 anos para poder se divorciar, como você acha que será esses 15 longos anos no seu relacionamento? Como você vai se sentir nesse tempo?
Apesar do que muitos acham, por mais que o divórcio afete as crianças, as brigas em casa entre os pais são muito mais prejudiciais. Se a separação for bem explicada pelos pais e lidada de maneira responsável e madura, sem alienação parental, a tendência é que os filhos lidem melhor com a situação.
Porém, se os filhos passarem a infância vendo os pais discutindo e vivendo um relacionamento de maneira insustentável, negativa e tóxica, eles irão sofrer tanto quanto se os pais tivessem se divorciado.
Segundo “Manuais MSD Conhecimento médico global”, o divórcio é um dos eventos mais perturbadores que podem afetar uma família. Os filhos sofrerão alguns efeitos na no seu modus operante. Crianças mais novas sofrerão sintomas no sono enquanto as mais velhas podem ter sentimentos de tristeza e alguns comportamentos mais desafiadores.
Todas as famílias passam por situações difíceis, quanto mais cedo seu filho passar pelo divórcio, mais cedo você poderá inserir ele em um psicólogo ou grupo de apoio para poder ajudá-lo a lidar melhor.
Existe uma tendência dos filhos se culparem pela separação dos pais, contudo, eles também irão se culpar se souberem que um dos pais viveu uma relação infeliz por ele.
Dependência emocional
Outra das razões pelas quais você pode pensar "quero me separar do meu marido, mas não consigo" é a dependência emocional.
O artigo “Dependência emocional: uma revisão sistemática da literatura”[1] comenta que para Bornstein e Cecero (2000) uma relação de dependência pode ser definida por quatro elementos:
- Motivacional – necessidade de suporte, orientação e aprovação
- Afetivo – ansiedade diante de situações que se precisa agir sozinho
- Comportamental – tendência a buscar ajuda dos outros e agir de maneira submissa
- Cognitivo – quando o indivíduo se percebe como sem valor e impotente
Sabendo disso, podemos ver a relação entre não conseguir se separar com a dependência emocional.
Além disso, ela ocorre geralmente devido a uma quantidade absurda de demandas afetivas que não foram satisfeitas e faz com que o indivíduo busque constantemente satisfazê-las.
Se você vê esse padrão se comportamento dependente em si mesma/o, é possível que esse seja o fator que mais está te atrapalhando. Afinal, como você irá terminar um relacionamento com alguém que você acredita fielmente que satisfaz essas suas necessidades afetivas?
Afinal, muitas vezes uma parte de você acredita que sem aquela pessoa você não terá suas necessidades afetivas atendidas e ironicamente, ao mesmo tempo, tem vontade de se separar porque algo não está do seu agrado.
Percebe a ironia? A dependência emocional engana você fazendo acreditar que você tem tudo que você precisa em alguém que não te faz feliz/bem.
Quero me separar do meu marido, qual o primeiro passo?
O primeiro passo para conseguirmos nos separar é saber os motivos, vantagens e desvantagens, mas acima de tudo precisamos ter certeza de que não estamos nos autossabotando.
Muitas vezes temos crenças de que não merecemos amor e essas crenças podem atrapalhar constantemente nossos relacionamentos. Para entendermos melhor nossa cabeça, vamos falar um pouco sobre os viéses da mente que são relatados no livro “A arte de pensar claramente” [2].
Viés de confirmação
Este viés ocorre quando nós só vemos situações e acontecimentos que comprovem o que acreditamos. Ou seja, se você quer terminar o seu relacionamento pois acredita que ele não te deseja mais, você verá apenas fatos que comprovem isso.
E isso é muito perigoso, pois às vezes nós estamos enganadas/os. Nesse caso, existe uma chance de você estar focando apenas nas coisas erradas que seu parceiro faz.
Viés de auto-atribuição
Imagine uma empresa que teve um ano incrível financeiramente e então no fim do ano, eles comemoram os ganhos relatando o esforço de todas as equipes. E agora imagine uma outra empresa que teve um ano péssimo e quando chegou no fim do ano, eles relataram que a culpa era do preço do dólar, dos comércios estrangeiros entre outros.
Esse exemplo retrata o viés de auto-atribuição. Se você ganha foi merecido, contudo, se você perder foi injusto. Você se sente assim no seu relacionamento? Isto é, tudo que dá certo você pensa que é responsabilidade sua e tudo que dá errado é responsabilidade do outro?
Caso você se identifique com algum desses viéses, talvez possa rever a situação. Caso contrário, isto é, caso você veja mesmo que há razões para seguir em frente com a separação, não tenha medo de fazê-lo. Busque ajuda da sua rede de apoio, amigos de confiança e familiares, além de poder buscar ajuda profissional.
Você também pode verificar o nosso artigo sobre relações tóxicas, caso perceba que pode estar vivendo um uma, também é necessário buscar ajuda para sair dela o quanto antes.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
Se pretende ler mais artigos parecidos a Quero me separar do meu marido, mas não consigo: o que fazer?, recomendamos que entre na nossa categoria de Terapia de casal.
- Bution, Denise; Wechsler, Amanda. Dependência emocional: uma revisão sistemática da literatura;
- Dobelli, Rolf A arte de pensar claramente [recurso eletrônico] : como evitar as armadilhas do pensamento e tomar decisões de forma mais ecaz / Rolf Dobelli ; tradução Karina Janini, Flávia Assis. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Objetiva, 2014. recurso digital Tradução de: Die Kunst des klaren Denkens e Die Kunst des klugen Handelns