Terapia de casal

Regras do relacionamento aberto

 
Roberta Novoa
Por Roberta Novoa. 30 junho 2025
Regras do relacionamento aberto

Relacionamento aberto é um convite à reinvenção do amor. Longe da ideia de bagunça emocional, ele se estrutura em regras claras e, acima de tudo, acordadas. Cada casal decide seus próprios contornos: quem pode se envolver com quem, o que é ou não é permitido, como será a comunicação. Não há fórmula pronta, mas há um ingrediente indispensável: o respeito.

O mais interessante é que, ao contrário do que muitos pensam, não se trata de ausência de limites, mas da criação consciente de um modelo relacional que valorize a liberdade sem apagar o cuidado mútuo. E isso pode ser mais desafiador (e bonito) do que parece.

Veja neste artigo de Psicologia-Online, as possíveis regras do relacionamento aberto.

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Índice
  1. O combinado não sai caro
  2. Amor não é propriedade privada
  3. O ciúme pode acontecer, mas precisa de acolhimento
  4. Compersão: sim, dá pra ser feliz vendo o outro feliz
  5. Cada pessoa é um universo, e ninguém precisa ficar só no seu
  6. Não existe “modelo ideal”
  7. Amar múltiplos não significa amar menos
  8. Preconceito não define você
  9. Aproveitar o momento presente
  10. Usar a liberdade com responsabilidade
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1. O combinado não sai caro

Antes de tudo, conversem. Muito. Um relacionamento aberto só floresce com acordos claros. Quem pode fazer o quê? Como será a comunicação? O que é confortável e o que machuca? Essa conversa inicial, ainda que longa, é como preparar o solo para uma planta rara: exige atenção e cuidado.

E não, não precisa ser engessado! A graça está em poder revisar o combinado sempre que a vida mudar. Afinal, liberdade sem diálogo vira confusão e ninguém quer confusão no lugar do afeto.

Regras do relacionamento aberto - 1. O combinado não sai caro

2. Amor não é propriedade privada

Em uma relação aberta, o amor não deve ser confundido com posse. É preciso entender que o afeto do outro não se esgota em você. Ao contrário do que prega o amor romântico tradicional, amar alguém não significa deter exclusividade sobre sua atenção ou desejo.

O amor livre propõe vínculos construídos na liberdade e no consentimento mútuo, permitindo que cada pessoa possa se expressar emocional e sexualmente sem culpa. Liberdade não é ameaça, é terreno fértil para relações mais verdadeiras, maduras e honestas.

Regras do relacionamento aberto - 2. Amor não é propriedade privada

3. O ciúme pode acontecer, mas precisa de acolhimento

Sim, ciúmes podem surgir, e está tudo bem. O segredo está em como lidamos com isso. Em vez de usar o ciúme como motivo para controlar ou punir o outro, é mais saudável acolhê-lo como uma emoção legítima.

Relações abertas não ignoram emoções, mas cultivam responsabilidade afetiva: o ciúme é seu, mas pode ser compartilhado com cuidado. Quando falado com empatia, ele pode virar aprendizado. Afinal, maturidade é reconhecer que sentir algo não dá licença para agir de qualquer forma.

4. Compersão: sim, dá pra ser feliz vendo o outro feliz

Já ouviu falar em compersão? É o oposto do ciúme, a alegria de ver quem você ama sendo amado. Parece coisa de outro mundo? Pois bem, ela existe e pode florescer em relações abertas. Compersão não vem de mágica, mas de autoconhecimento, segurança emocional e muito diálogo.

Quando conseguimos entender que o afeto do outro por alguém não diminui o nosso, descobrimos um tipo de felicidade compartilhada que desafia a lógica da escassez. Amor não é bolo: quanto mais se divide, mais cresce.

5.Cada pessoa é um universo, e ninguém precisa ficar só no seu

Num relacionamento aberto, é fundamental respeitar a individualidade. Isso significa entender que a pessoa parceira não é extensão sua, ela tem desejos, interesses e relações que existem com ou sem você. Relações saudáveis se constroem entre inteiros, não metades.

Permitir que o outro viva sua autonomia, seus amores e afetos, é também um gesto de amor. Se o vínculo depende do controle, ele não é livre, nem justo. Confiança é a cola invisível que une, mesmo quando os caminhos são múltiplos.

6. Não existe “modelo ideal”

Esqueça fórmulas prontas. Relacionamento aberto não é um kit com regras universais, mas sim um campo de possibilidades construído a partir do que faz sentido para quem está envolvido. O importante é que as partes conversem sobre seus acordos, revisem quando necessário e estejam confortáveis com o que foi combinado.

Pode incluir relação com outras pessoas, envolvimentos afetivos, só flertes, ou tudo junto. O essencial é o consentimento. Em vez de seguir receitas alheias, criem juntos a “receita” que nutre vocês.

Regras do relacionamento aberto - 6. Não existe “modelo ideal”

7. Amar múltiplos não significa amar menos

Um dos mitos mais comuns é o de que amar mais de uma pessoa diminui a intensidade do sentimento. Mas, e se for justamente o contrário? No poliamor e nas relações abertas, o amor se reinventa como abundância, não escassez. Cada vínculo é único, com sua cor, seu ritmo, sua profundidade. Amar várias pessoas não é dividir, é multiplicar. E isso só funciona quando se entende que cada relação é uma escolha, não uma substituição. Amar mais é, muitas vezes, amar melhor.

8. Preconceito não define você

Relações não monogâmicas ainda sofrem com olhares enviesados da sociedade. Pode ser difícil explicar sua escolha para amigos, família ou até colegas de trabalho. Mas viver uma relação aberta não exige esconderijo.

Escolher com quem você se relaciona é parte da sua liberdade, e defendê-la com dignidade é uma forma de amor-próprio. Cerque-se de pessoas que acolhem, compartilham ou respeitam esse estilo de vida. Afinal, amar de forma diferente não é errado: é apenas mais uma maneira de ser verdadeiro.

9. Aproveitar o momento presente

Nem todo relacionamento vai durar para sempre, e isso vale para qualquer formato. A beleza de uma relação aberta está em valorizar o processo, e não apenas o resultado. Se algo terminar, não quer dizer que “deu errado”, mas que cumpriu seu ciclo.

Medir o sucesso pelo tempo é pensamento romântico demais para relações que querem ser livres. O mais importante é: foi bom enquanto durou? Houve respeito, cuidado, afeto? Então, funcionou sim. Porque o verdadeiro sucesso é viver com autenticidade.

10. Usar a liberdade com responsabilidade

Relacionamento aberto não é bagunça, nem licença para negligenciar sentimentos. Ao contrário, ele exige mais maturidade emocional do que se imagina. Liberdade não é ausência de cuidado, é a presença consciente da escolha.

E responsabilidade não é um fardo, mas o compromisso de zelar pelo bem-estar dos envolvidos. Amor, desejo, autonomia e ética podem, sim, andar juntos. E quando andam, criam relações mais potentes, inteiras e coerentes com o que cada um sente. Liberdade com responsabilidade é o elo que sustenta tudo.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • PEREZ, Tatiana Spalding; PALMA, Yáskara Arrial. Amar amores: o poliamor na contemporaneidade. Psicologia & Sociedade, v. 30, e165759, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-0310/2018v30165759. Acesso em: 30 de abril de 2025.
  • "Novas formas de relacionamento: fim do amor romântico ou um novo amor-consumo?" KESSLER, Cláudia Samuel. Novas formas de relacionamento: fim do amor romântico ou um novo amor-consumo? Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 16, n. 2, p. 363-374, jul./dez. 2013. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fchf/article/view/27188. Acesso em: 30 de abril de 2025.
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