Borderline mente muito?
Quando se fala sobre o Transtorno de Personalidade Borderline, é comum surgirem preconceitos e mal-entendidos. Um deles é a ideia de que pessoas com essa condição "mentem muito".
Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline não são definidas por estigmas. Elas têm sentimentos intensos e complexos e precisam de cuidados e tratamento adequados para lidar com suas emoções de maneira saudável e construtiva. O que elas mais necessitam é de acolhimento, não de julgamento.
Para explicar melhor sobre esse tema, vamos falar neste artigo de Psicologia-Online sobre: Borderline mente muito?
Borderline mente?
Quando se fala sobre o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), muitos mitos e equívocos surgem, e um dos mais comuns é a ideia de que pessoas com Borderline mentem frequentemente. Essa visão pode ser simplista e prejudicial, pois não leva em conta a complexidade emocional que define esse transtorno.
Pessoas com TPB não mentem por maldade ou para manipular deliberadamente os outros. O que pode ser percebido como mentira é, na verdade, uma manifestação das intensas dores emocionais que essas pessoas enfrentam.
Imagine viver em um constante turbilhão de emoções, onde o medo de abandono é tão esmagador que qualquer sinal de afastamento, por menor que seja, é percebido como uma ameaça devastadora. Em meio a esse caos emocional, a realidade pode se distorcer, e a necessidade de proteger-se, seja para evitar a dor ou tentar manter alguém por perto, pode levar a comportamentos que parecem contraditórios.
É importante entender que, para uma pessoa com Borderline, a realidade é muitas vezes filtrada por suas intensas emoções. A necessidade de escapar do sofrimento ou de evitar o abandono pode fazer com que distorçam a verdade, não porque querem enganar, mas porque estão tentando sobreviver em meio a uma dor esmagadora.
Quando lidamos com alguém que tem TPB, é crucial substituir o julgamento pela empatia. Em vez de rotular comportamentos como "mentira", precisamos olhar mais profundamente e compreender as motivações emocionais por trás dessas ações.
O apoio, a validação e o tratamento adequado podem ajudar essas pessoas a desenvolverem maneiras mais saudáveis de lidar com suas emoções e, assim, construir relacionamentos mais estáveis e autênticos. O que elas realmente precisam é de compreensão, paciência e acolhimento.
Como pensa uma pessoa com borderline?
Entender como pensa uma pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) exige uma imersão profunda em um mundo de emoções intensas e conflitantes. Imagine viver em uma montanha-russa emocional, onde sentimentos de alegria extrema podem, de repente, se transformar em uma tristeza avassaladora ou em uma raiva intensa, muitas vezes sem motivo aparente para quem está de fora. Essa montanha-russa é a realidade diária de quem tem Borderline.
Para essas pessoas, o medo de ser abandonado é uma sombra constante que paira sobre seus pensamentos. Até mesmo um pequeno gesto, como uma resposta tardia a uma mensagem, pode desencadear uma espiral de ansiedade, levando-as a acreditar que estão sendo rejeitadas. Essa percepção distorcida pode resultar em comportamentos impulsivos e, muitas vezes, contraditórios, na tentativa desesperada de evitar o abandono.
Além disso, as pessoas com TPB costumam ter uma percepção de si mesmas que oscila entre extremos. Em um momento, podem se sentir confiantes e autossuficientes e no instante seguinte, são tomadas por uma sensação profunda de vazio e inadequação. Essa instabilidade na autoimagem contribui para a dificuldade em manter relacionamentos estáveis, pois a percepção do outro também pode oscilar entre idealização e desvalorização.
Por trás desses pensamentos e comportamentos, há uma dor emocional profunda, que muitas vezes é incompreendida. Quem tem Borderline não age assim por escolha; suas ações são reflexos de uma mente que luta para encontrar estabilidade em um mar de incertezas emocionais.
O que essas pessoas mais precisam é de empatia, compreensão e apoio. Com o tratamento adequado e uma rede de apoio sólida, é possível ajudá-las a encontrar formas mais saudáveis de navegar por suas emoções e construir uma vida mais equilibrada e satisfatória.
Como lidar com borderline quando mente?
Lidar com uma pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) pode ser desafiador, especialmente quando o comportamento é percebido como mentiroso. É fundamental, no entanto, abordar essas situações com empatia e compreensão, lembrando que o que parece ser uma mentira pode, na verdade, ser uma manifestação das intensas dificuldades emocionais que essa pessoa enfrenta.
Em vez de focar apenas no comportamento de mentir, é importante tentar entender o que está por trás disso. Muitas vezes, as "mentiras" surgem como uma tentativa desesperada de evitar o abandono ou de lidar com um medo esmagador de rejeição.
A pessoa com Borderline pode distorcer a verdade não por maldade, mas porque suas emoções são tão intensas que afetam a percepção da realidade. Essas mentiras podem ser uma forma de proteção contra uma dor emocional que é difícil de suportar.
Ao lidar com essas situações, o primeiro passo é evitar o confronto direto. Acusar ou apontar a mentira pode aumentar o medo e a ansiedade, intensificando os comportamentos problemáticos. Em vez disso, tente criar um espaço seguro onde a pessoa se sinta ouvida e compreendida. Use frases que validem os sentimentos dela, como "Eu entendo que isso deve ser muito difícil para você" ou "Sei que você está tentando lidar com essa situação da melhor forma que pode".
A comunicação aberta e não julgadora é essencial. Explique de maneira gentil como o comportamento impacta o relacionamento e ofereça apoio para encontrar formas mais saudáveis de lidar com as emoções. Com paciência, empatia e o apoio de profissionais, é possível ajudar a pessoa com Borderline a desenvolver maneiras mais construtivas de se relacionar, reduzindo comportamentos prejudiciais como a mentira.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- Matias, C. C., Reis, G. T., & Besson, J. C. F. (2023). Transtorno de Personalidade Borderline e os fatores que influenciam seu desenvolvimento: uma relação entre o comportamento autodestrutivo, relações familiares, traumas infantis e alterações fisiopatológicas. Brazilian Journal of Development, 9(05), Disponível em: 15952–15972. https://doi.org/10.34117/bjdv9n5-100. Acessos em: 25 de agosto de 2024.