Pais que fazem diferença entre os filhos: por que e o que fazer

As diferenças que alguns pais estabelecem no tratamento de seus filhos adultos geralmente não ocorrem repentinamente na idade adulta, mas é algo que os pais desenvolvem inconscientemente desde a primeira infância de seus filhos.

Os motivos pelos quais isso começa a ocorrer e é alimentado e fortalecido ao longo dos anos pode variar muito, incluindo preferência física e/ou de gênero, uma criança mais agradável e com menos complicações, a situação pessoal dos pais em momentos cruciais da vida familiar em relação à educação dos filhos, às expectativas pessoais dos pais ou ao caráter dos filhos construído a partir de suas próprias experiências infantis, entre outros exemplos.

O início desse favoritismo dos pais para com alguns de seus filhos ocorre na interação entre a personalidade “semi-consolidada” dos pais (que nunca para de ser construída e moldada ao longo de nossas vidas) e a personalidade “em construção” de seus filhos.

Da mesma forma, outros aspectos que favorecem uma boa relação entre pais e filhos incluem as experiências mais agradáveis ​​com os filhos ou, pelo contrário, complicadas, mas superadas, a própria construção pessoal dos pais (com as suas carências, expectativas e exigências não satisfeitas), uma conexão maior ou comportamento facilitador (condicionado em grande parte por suas próprias experiências de vida primárias), etc.

Favoritismo entre filhos é algo que, pelo menos na maioria das vezes, é feito inconscientemente pelos pais. Sendo algo inconsciente, dificilmente é reconhecido por eles (mesmo pelos irmãos favorecidos) ao ser detectado. As consequências, porém, para os filhos adultos afetados por essa situação, ou seja, aqueles que não são exatamente favorecidos pelos pais, podem prejudicar consideravelmente seu bem-estar físico e mental.

Por se tratar, na verdade, de um comportamento parental que pode começar desde os primeiros anos de vida dos filhos, os filhos menos favorecidos podem internalizar crenças errôneas sobre si mesmos, como “eu não valho a pena”, “ninguém nunca vai me amar". ", "Não estou fazendo nada certo", etc. Por um lado, essas crenças podem condicionar negativamente suas vidas.

Por outro lado, eles alimentam a menor atenção recebida de seus pais conforme determinado pela "profecia autorrealizável", esses meninos e meninas sentem que seus pais não os amam e, internamente, algo dentro deles os quebra e os separa deles. Isso faz com que eles não os abordem como realmente precisam ou como fariam naturalmente se essa situação não tivesse ocorrido e quando seus pais os abordarem, eles responderão com mau comportamento devido ao ressentimento acumulado. Outro aspecto que tende a ser prejudicado é a relação com os irmãos.

Esses "favoritismos" geram ciúmes, invejas e rivalidades que prejudicam continuamente a interação natural entre irmãos. Da mesma forma, os resultados psicoemocionais a médio e longo prazo em pessoas afetadas por esse tipo de situação não costumam ser muito animadores.

Para nos fortalecermos e curarmos as feridas do passado, é importante deixar claro que a maioria das pessoas com irmãos já passou por esse tipo de situação que pode gerar rivalidade e ciúmes. Logo, a falha não está tanto no fato de os pais terem criado mal um de seus filhos, mas sim em uma sociedade que não prioriza o cuidado infantil, bem como a educação familiar e comunitária adequada.

As dificuldades que a própria parentalidade acarreta para a maioria das famílias, bem como as dificuldades de conciliação familiar, profissional e social ou os modos de vida cada vez mais desumanizados que se promovem, por exemplo, dão origem a grandes deficiências nas crianças que podem provocar o desenvolvimento de “adultos que, de novo, vão iniciar a vida familiar e a educação acompanhados de grandes dificuldades.

Nestes casos, a tomada de consciência e a intenção social de modificá-la significaria uma melhoria considerável a nível pessoal e social no funcionamento das famílias e, por conseguinte, da sociedade em geral. Em outras palavras, as pessoas afetadas por essa educação devem se conscientizar dessa realidade para começar a perdoar seus pais, que em muitos casos também são vítimas de sua própria educação e do sistema social, e trabalhar na reconstrução de uma imagem de si mesmo/a mais positiva e de acordo com a sua realidade.

Se quiser continuar lendo acerca das relações familiares, veja também o nosso artigo sobre Conflitos familiares: exemplos e como resolver.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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