Diálogo socrático na psicologia: o que é e como se aplica
A reflexão e o questionamento são dois aspectos importantes nas relações humanas. Em geral, compreender quais são nossos pensamentos e questioná-los pode ser uma busca interessante por oportunidades para desenvolver atividades ou projetos na vida cotidiana. No entanto, às vezes, as respostas que temos como certas não se alinham com ideias preconcebidas sobre um tópico em específico. Por isso, a capacidade de duvidar sobre conceitos próprios e alheios implica uma maneira particular de ver a realidade. Tanto a filosofia quanto a psicologia têm tentado chegar a conclusões sobre a função dessas considerações para auxiliar as pessoas a modificar certos padrões de pensamento negativos, proporcionando assim uma maior clareza mental.
Neste artigo de Psicologia-Online, forneceremos informações sobre o diálogo socrático na psicologia: o que é, como é aplicado e exemplos.
O que é o diálogo socrático
O diálogo socrático é uma técnica de conversação que se baseia em fazer perguntas abertas para estimular o pensamento crítico e promover uma reflexão profunda. Na psicologia, essa técnica pode ser muito útil para explorar ideias, crenças e emoções mais a fundo.
Esse método de pesquisa e questionamento de ideias foi proposto pelo filósofo grego Sócrates, que se interessou em ampliar as ideias sobre a realidade. Além disso, o diálogo socrático propõe um intercâmbio aberto entre vários membros de uma comunidade com o objetivo de buscar a verdade. Dessa forma, é possível delinear certas formas de pensamento e comportamento que se manifestam ao questionar as ideias.
Se você se sente atormentado pelos próprios pensamentos, confira nosso artigo sobre "Pensamentos ruins persistentes: causas e como agir".
Para que serve o diálogo socrático na psicologia
O diálogo socrático na psicologia serve como uma ferramenta eficaz para promover a reflexão profunda e a compreensão genuína no indivíduo, o que pode ajudar a identificar e questionar crenças ou padrões de pensamento negativos, promovendo assim a mudança positiva e o crescimento pessoal.
Além disso, o diálogo socrático facilita a comunicação empática entre o terapeuta e o paciente, criando um ambiente de confiança e abertura que é fundamental para a psicoterapia.
A seguir, iremos descrever os principais usos do método do diálogo socrático na psicologia:
- Eliminar objetivos concretos: quando se trata de manter uma conversa entre duas ou mais pessoas, a busca por objetivos específicos costuma ser um obstáculo à racionalização e a reflexão. Nesses casos, a proposta de estabelecer um diálogo socrático permite uma maior abertura mental;
- Favorecer a capacidade reflexiva: com o auxílio de recursos práticos da vida cotidiana, busca-se promover um pensamento crítico que contemple situações globais;
- Fomentar o crescimento humano: quando uma pessoa tem pensamentos que interferem negativamente no desenvolvimento de sua vida, a intervenção que ocorre no diálogo socrático leva a conclusões positivas;
- Melhorar a comunicação: através de um discurso compreensível, as pessoas podem se entender mutuamente e estabelecer canais de comunicação melhores.
Como aplicar o diálogo socrático na psicologia
O uso do diálogo socrático não se limita apenas ao campo da filosofia, mas também pode ser aplicado em outras áreas do conhecimento. Para termos maior clareza sobre o assunto, a seguir descreveremos como o diálogo socrático é aplicado na psicologia:
- Maiêutica: envolve a capacidade de desenvolver ideias com a ajuda de um interlocutor. Logo, o diálogo socrático requer uma resposta do outro, de modo que esta resposta sirva como ponto de partida para chegar a conclusões pertinentes;
- Perguntas abertas: esse diálogo não busca obter uma resposta única que impeça a reflexão, mas o interlocutor opta por fazer questionamentos que permitam uma ampliação dos conceitos que estão sendo discutidos;
- Questionamento de princípios: a partir dos argumentos apresentados por uma pessoa, é possível interrogá-la com o objetivo de permitir que ela modifique sua forma de pensar;
- Abordagem de ideias: por meio de uma postura crítica e objetiva, outras perspectivas sobre situações, emoções e pensamentos começam a ser considerados, proporcionando clareza à pessoa que está sendo questionada;
- Conclusões provisórias: no diálogo socrático, não se busca adotar um pensamento fechado que não varie de acordo com o contexto. Pelo contrário: essas conclusões permitem manter um caráter flexível que pode ser ajustado conforme necessário.
Se você deseja saber mais sobre outras metodologias na psicologia, neste artigo explicamos o que é e como aplicar a técnica da cadeira vazia.
Exemplos de diálogo socrático na psicologia
Para entender a aplicação desse conceito no dia a dia, é necessário compreender seus usos. Um primeiro exemplo de diálogo socrático seria o de uma pessoa que tem uma convicção firme de que seu ambiente a manipula emocionalmente e acredita que ninguém pode ajudá-la em seus problemas. Quando ela comparece à sua sessão de psicoterapia, o terapeuta pode fazer perguntas que a convidem à reflexão. Neste caso, poderiam ser questionados os motivos de sua convicção e ajudá-la a compreender as ações que realiza para permitir essa manipulação.
Outro exemplo de diálogo socrático poderia ser o de alguém que acredita não ter sucesso no início de seus empreendimentos ligados ao campo do trabalho. Ao falar sobre esse tema no ambiente terapêutico, a intervenção poderia estar relacionada a considerar outro tipo de pensamento. Por exemplo, uma das perguntas poderia se referir a considerar sua responsabilidade individual no lugar do sucesso nessa área.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- Partarrieu, A. (2011). Diálogo socrático en psicoterapia cognitiva. III Congreso Internacional de Investigación y Práctica Profesional en Psicología. XVIII Jornadas de Investigación, 7.º encuentro de Investigadores en Psicología del MERCOSUR. Facultad de Psicología, Universidad de Buenos Aires.