Psicologia clínica

Sequelas da depressão

 
Susana Martinez
Por Susana Martinez. 22 agosto 2023
Sequelas da depressão

A depressão é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Muitas vezes é descrita como uma profunda sensação de tristeza e desesperança, mas suas consequências vão além dos sintomas emocionais. As sequelas deixadas pela depressão podem persistir mesmo depois que os principais sintomas tenham diminuído, e compreendê-las é essencial para uma recuperação completa.

Neste artigo de Psicologia-Online, explicaremos quais são as doze mais comuns sequelas da depressão, além de abordar se a depressão pode deixar sequelas no nível cerebral com base nas pesquisas atuais e fornecer os pontos-chave para tratar as sequelas de uma depressão.

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Índice

  1. Quais são as possíveis sequelas da depressão?
  2. A depressão causa sequelas no cérebro?
  3. Como tratar as sequelas da depressão

Quais são as possíveis sequelas da depressão?

As possíveis sequelas após uma depressão podem variar de pessoa para pessoa, mas a seguir serão apresentadas 12 sequelas comuns:

  1. Diminuição da autoestima: a depressão pode afetar negativamente a percepção de si mesmo/a, gerando sentimentos de inutilidade, culpa e baixa autoestima e autoconfiança;
  2. Dificuldade em experimentar emoções positivas: após a depressão, algumas pessoas podem ter dificuldades em experimentar emoções positivas, o que pode resultar em uma diminuição do interesse e da capacidade de desfrutar atividades prazerosas;
  3. Perda de interesse em atividades que gostava: a depressão pode levar à perda de interesse em atividades que antes eram agradáveis, conhecida como anedonia. Essa sequela pode persistir mesmo depois que os sintomas depressivos diminuírem;
  4. Alterações no sono: a depressão pode alterar o padrão de sono, causando insônia ou hipersonia. Após a depressão, algumas pessoas podem continuar experimentando dificuldades para adormecer ou manter um sono adequado;
  5. Dificuldades cognitivas: a depressão pode afetar a cognição, incluindo problemas de concentração, dificuldades em tomar decisões, diminuição da memória e problemas na resolução de problemas;
  6. Fadiga e falta de energia: muitas pessoas experimentam fadiga e uma sensação geral de falta de energia após a depressão. Isso pode afetar sua capacidade de realizar as atividades diárias de forma eficaz;
  7. Mudanças no apetite: a depressão pode alterar o apetite, resultando em uma diminuição ou aumento significativo na ingestão de alimentos. Após a depressão, algumas pessoas podem continuar lidando com mudanças no apetite e na relação com a comida;
  8. Isolamento social: durante a depressão, é comum que as pessoas se isolem socialmente. No entanto, mesmo após a recuperação, algumas pessoas podem ter dificuldades em se reintegrar socialmente e podem experimentar ansiedade social ou medo de rejeição;
  9. Transtornos de ansiedade: a depressão e os transtornos de ansiedade frequentemente ocorrem em conjunto. Após a depressão, algumas pessoas podem desenvolver transtornos de ansiedade, como transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada ou transtorno de estresse pós-traumático;
  10. Autocrítica e ruminação: a depressão pode aumentar os níveis de autocrítica e ruminação, envolvendo pensamentos negativos recorrentes e autocrítica constante. Esses padrões de pensamento podem persistir após a recuperação da depressão;
  11. Baixa motivação: a falta de motivação é uma sequela comum após a depressão. As pessoas podem ter dificuldade em encontrar sentido ou propósito nas atividades diárias, o que pode afetar sua produtividade e satisfação geral;
  12. Vulnerabilidade a futuros episódios depressivos: após um episódio de depressão, há um maior risco de experimentar episódios recorrentes no futuro. Essa vulnerabilidade pode ser devida a fatores biológicos, genéticos, ambientais e psicológicos, sendo importante tomar medidas preventivas e buscar o apoio adequado para reduzir esse risco.

A depressão causa sequelas no cérebro?

Pesquisas científicas têm demonstrado que a depressão pode deixar sequelas no cérebro, como problemas de memória, dificuldades cognitivas e vulnerabilidade a futuros episódios depressivos. Nesse sentido, por meio de diversas técnicas de neuroimagem, foi possível identificar mudanças estruturais e funcionais no cérebro de pessoas que passaram por uma experiência depressiva.

Quanto às mudanças estruturais, também foi observado que a depressão pode estar associada a uma diminuição do volume de certas regiões cerebrais, como o hipocampo, o córtex pré-frontal e a amígdala. Essas áreas desempenham um papel crucial na regulação emocional, memória e tomada de decisões, portanto, sua alteração pode contribuir para os sintomas depressivos e para as sequelas que persistem após a depressão.

Por outro lado, foram encontradas evidências de alterações na conectividade funcional do cérebro de pessoas que passaram por uma depressão, assim como alterações nas redes cerebrais relacionadas à regulação emocional, atenção e autorreferência em indivíduos com histórico de depressão. No entanto, o cérebro possui a capacidade de se adaptar e mudar ao longo do tempo, o que significa que é possível reverter algumas dessas mudanças e promover a recuperação.

Lembre-se de que nem todas as pessoas que passam pela depressão necessariamente apresentarão essas mudanças, e a forma como elas se desenvolvem e se relacionam com as sequelas pode variar de indivíduo para indivíduo. De toda forma, é necessário mais estudos para compreender melhor os mecanismos subjacentes e desenvolver abordagens de tratamento mais eficazes para lidar com as sequelas cerebrais da depressão.

Sequelas da depressão - A depressão causa sequelas no cérebro?

Como tratar as sequelas da depressão

Tratar as sequelas da depressão é um processo importante para promover a recuperação completa e melhorar a qualidade de vida. Aqui apresentamos algumas estratégias e abordagens que podem ser úteis:

  • Psicoterapia: a psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), pode ser benéfica para abordar as sequelas após a depressão. A TCC pode ajudar a identificar e modificar padrões de pensamento negativos, desenvolver habilidades saudáveis de enfrentamento e promover um ajuste emocional positivo;
  • Terapia de apoio: participar de terapia de apoio, seja individual ou em grupo, pode proporcionar um espaço seguro para compartilhar experiências e emoções relacionadas às sequelas da depressão. Isso pode oferecer suporte emocional, promover aceitação e compreensão, facilitando o processo de cura;
  • Medicação: em alguns casos, o uso de medicamentos antidepressivos pode ser recomendado por um profissional de saúde mental. Os antidepressivos podem ajudar a equilibrar os neurotransmissores no cérebro e aliviar sintomas persistentes ou recorrentes;
  • Estabelecer rotinas saudáveis: adotar hábitos de vida saudáveis pode ser benéfico para abordar as sequelas após a depressão. Isso inclui manter uma dieta equilibrada, fazer exercícios regularmente, dormir o suficiente e evitar o consumo excessivo de substâncias como álcool ou tabaco;
  • Praticar técnicas de gerenciamento do estresse: aprender e praticar técnicas de gerenciamento do estresse, como meditação, respiração profunda ou ioga, pode ajudar a reduzir a ansiedade, melhorar a capacidade de enfrentamento e promover o bem-estar emocional;
  • Estabelecer uma rede de apoio: manter relacionamentos sociais saudáveis e próximos pode ser fundamental para superar as sequelas da depressão. Buscar o apoio de amigos, familiares ou grupos de apoio pode proporcionar um senso de pertencimento, compreensão e fortalecimento emocional;
  • Autocuidado: priorizar o autocuidado é essencial para a recuperação. Isso envolve dedicar tempo a atividades que proporcionem prazer, relaxamento e bem-estar, como hobbies, leitura, música, arte ou qualquer outra atividade gratificante.
Sequelas da depressão - Como tratar as sequelas da depressão

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
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