Vício em celular: sintomas, tratamento e consequências
Mesmo que possa parecer exagerado, muitos investigadores já estão alertando de que muita gente que possui celular está sofrendo problemas físicos e psicológicos como ansiedade, palpitações e suores quando esquece o celular em casa, quando o seu cartão telefônico zera, perde o sinal ou está sem bateria.
Nesse artigo de Psicologia-Online, analisaremos o que significa este tipo de vício tão moderno e atual, mas também identificaremos as consequências e soluções para esta situação. Sobretudo, os jovens e adolescentes são os mais vulneráveis a este vício, portanto, devemos extremar as precauções ao máximo. Continue lendo e descubra:
Vício em celular: definição
É evidente que há muitas vantagens no uso do celular, como por exemplo, para telefonar para casa quando chegamos tarde ou para avisar que ficaremos a estudar em casa da Maria - mas muitos usuários precisam começar a considerar se não estarão se tornando autênticos “celular-dependentes”, porque não podem estar nem um minuto sem o seu celular.
Além disso, a publicidade está especialmente dirigida a rapazes e raparigas jovens, mostrando o celular como um instrumento que proporciona independência e liberdade, que permite se integrar em um grupo e estreitar os laços com os amigos, mas temos a certeza de que tudo isto é verdade? O que é este vício? Quais as causas que o provocam? Que tipo de pessoas ele atrai?
O que é o vício em celular
Para entender em que consiste o vício em celular devemos entender a realidade em que vivemos. Todos os dias, milhões de mensagens são enviadas no mundo inteiro, por todos os lugares ouvimos sons de toques e melodias de forma constante e quase em qualquer lugar: em restaurantes, na fila do supermercado, no liceu, no parque, etc., e vemos muita gente viciada no seu leal celular para poder estar continuamente comunicado. Pode se levar até pendurado pelo pescoço! O celular é muito importante nas nossas vidas, não é mesmo?
Da mesma forma que sucede com outro tipo de vícios, o uso do celular se torna um vício quando passa a ser um comportamento repetitivo que nos produz prazer. Também pode ser chamado de “Celularite” e consiste em um impulso no qual não se pode controlar a vontade de usar o celular uma e outra vez durante o dia ou à noite. Por primeira vez, se começa a falar de que as novas tecnologias passaram a fazer parte dos chamados vícios psicológicos ou vícios sem drogas.
Segundo os peritos, o vício em celular afeta 1 em cada 1.000 pessoas que utilizam celular e dizem que está afetando principalmente os jovens e adolescentes. É por isto que é importante que todo o mundo conheça o que é o vício em celular e que saibam como evitá-lo.
Ao contrário de outros vícios, como o alcoolismo ou o vício em jogo (jogo compulsivo), a idade no qual começa é muito baixa, desde os onze ou doze anos, pois é muito fácil ter um celular. Já existem até celulares criados especialmente para as crianças com desenhos para eles e, para além disso, os pais se sentem seguros de que a sua criança tenha um celular para poder telefonar perante uma situação de emergência.
Portanto, não tem está relacionado com um problema de tomar uma substância, como pode ser a droga, sendo um problema de comportamento. Um comportamento irreprimível, incontrolável e exagerado que faz que deixemos outras atividades, como podem ser a leitura, a conversação cara a cara, os nossos amigos, vizinhos. Logo, podemos afirmar claramente que o vício em celular atrapalha a vida familiar e profissional.
Vício em celular em adolescentes
Um grupo especialmente afetado por este vício são os adolescentes. A ideia de “lazer e tempo livre” parece estar ligada ao celular e parece impensável que um adolescente não disponha deste objeto.
A adolescência é um grande momento de mudança que muitas dúvidas como: quem sou?, o que vou ser quando crescer?, por que me acontecem todas estas mudanças físicas?, por que me parece que os meus pais não me compreendem? Não gosto do meu corpo e vou ser rejeitado porque estou gordo ou sou baixo, como posso mudar? Por que não sou tão legal como o meu amigo?
É um período no qual os pontos de referência mudam, é muito normal que comece a ocorrer um afastamento e falta de comunicação com os pais: “Já não vou pedir ajuda ao meu pai, melhor pedir ao meu amigo porque ele sabe mais”. Quando os adolescentes têm uma dúvida, nem sempre escolhem a melhor fonte de informação para esclarecê-la.
Toda esta confusão neste momento da vida de cada um faz que os adolescentes sejam o alvo principal das grandes empresas de publicidade para enviar todas as suas mensagens de consumo. Algumas são boas, mas muitas outras só respondem aos seus próprios interesses econômicos, e já sabemos que nem sequer para os adultos é fácil diferenciar.
Como surge o vício em celular
Para que alguém ganhe vício em celular, basta apenas que seja uma pessoa com problemas afetivos, com dificuldades para falar com os outros, ou que esteja em um tempo difícil da sua vida. Neste último caso vem ligado com o que acabamos de falar, isto é, o período da adolescência no qual a pessoa é especialmente vulnerável aos múltiplos anúncios que invadem a publicidade e que, frequentemente, não são corretoss. Como, por exemplo, que é moda emagrecer, se ligar aos videogames, comprar produtos e produtos sem fim e, obviamente, ter o último modelo de celular assim que possível.
Tudo isto fará com que um grande número de pessoas sejam vítimas da dependência do celular e, portanto, se tornem viciadas. Mais tarde, o vício fará com que a pessoa se afaste do seu ambiente familiar, dos seus amigos, e tenha um grande sofrimento emocional.
Como identificar uma pessoa viciada em celular
Em comparação com as pessoas que usam o celular de forma adequada, a gente viciada está “vigilando” o aparelho de forma continuada, esperando sempre qualquer sinal que venha do seu aparelho; cada instante de forma compulsiva e descontrolada consultando o celular, mesmo que esteja fazendo outra coisa.
Outros estudos recentes revelam que a gente “viciada” que para de usar o seu celular, tem como consequência o que se pode chamar a “Síndrome de abstinência psicológica e física”. Esta síndrome tem sintomas como uma grande angústia, ansiedade, nervosismo, irritabilidade, etc. Tudo isto desaparece quando, de novo, eles têm oportunidade de usar o seu celular. Provavelmente você já viu, no seu próprio grupo de amigos ou em outras pessoas, a imagem de grupos de pessoas passeando juntas, mas cada um falando através do seu celular ou enviando uma mensagem com uma velocidade vertiginosa. Milhares de mensagens são enviadas por dia.
Há quem afirme “dedicar todo o seu tempo livre” a estar mexendo no celular. É muito comum encontrar a adolescentes e crianças “digitando” durante muitos minutos, jogando a algum videojogo, se comunicando com estranhos, ou tirando fotos e vídeos para depois colocá-los na internet. Também é comum que usem o celular o tempo todo: em casa, nas aulas, entre as aulas, com os amigos… não se podem separar do celular. Consideram que sem o celular não poderiam ter amigos. Relacionam o aparelho com “ser mais importantes”. Pensam que o seu uso é “obrigatório”. Tiram fotos constantemente. Intercambiam vídeos o tempo todo. Enviam mensagens e ouvem música durante todo o seu tempo livre. Não podem estar nem 5 minutos sem verificar se tem alguma chamada perdida.
O que é tudo isto? Efetivamente, uma utilização compulsiva e repetitiva do celular, que em muitos momentos não tem nem sentido.
Por outro lado, entra o tema econômico. Muitos rapazes e raparigas se gastam mensalmente uma quantia avultada de dinheiro no uso do celular, e as grandes empresas de telecomunicações sabem disso e se aproveitam. Por trás disto, normalmente há problemas de autoestima ou insegurança, dificuldade para relacionar-se com os outros, isolamento, solidão e outros fatores emocionais.
Vício em celular: consequências
Existem muitas consequências do vício em celular e as mais evidentes são:
- Isolamento dos outros e solidão;
- Comportamento alterado;
- Alterações do estado de espírito;
- Comportamento compulsivo;
- Problemas de comunicação;
- Problemas com a linguagem, pois já não paramos para escrever bem, porque o mais importante é a rapidez;
- Perigo de estabelecer contatos não muito bons como encontrar com estranhos, que podem trazer consequências negativas;
- O comportamento aditivo faz que a gente seja muito sensível aos julgamentos e avaliações dos outros e acrescenta os sentimentos de inseguridade;
- Pode se chegar ao insucesso escolar ou à agressividade;
- Nos casos mais graves, pode se chegar a roubar ou a mentir para conseguir um celular porque o vício é capaz de anular todo o nosso controle como pessoas.
Em alguns jovens, pode ser causa também do absentismo escolar ou de não respeitar os horários de estudo, já que passam horas digitando ao invés de se relacionar com outros jovens da sua idade.
Vício em celular: TESTE
Você quer saber se é viciado em celular? Experimente deixá-lo em casa e sair: você vai começar a sentir estresse, irritabilidade, cansaço, alterações no sono e alterações emocionais. Se quiser ter ainda mais certeza, há uns sinais muito fáceis de detectar que podem confirmá-lo, ou que pelo menos serão um indicador para considerar se você deve pedir ajuda imediatamente. Este teste que apresentamos a seguir é muito simples e rápido de fazer:
- Custos como primeiro alerta: Você gasta por mês mais de 110-130 reais em celular?
- Mudança de atitude: Quando você fala no celular se comporta de uma forma diferente de quando estáfrente a frente com alguém, por exemplo, já não é tão tímido?
- Não se separa do celular: O celular sempre vai com você? Durante o almoço, no liceu, no cinema...
- Uso do celular para se comunicar com os amigos ou a família: Você está o tempo todo conferindo o celular, mesmo que esteja com eles?
- Alteração dos hábitos do sono: Às vezes você se levanta à noite e, além de ir no banheiro, olha o celular para verificar se tem alguma mensagem ou chamada perdida? Está até muito tarde da noite falando no celular e dorme menos horas?
- Nervosismo quando o celular não está disponível: Você se sente nervoso ou angustiado quando não tem o celular perto ou se o aparelho desligou por falta de bateria?
Se respondeu SIM à maioria das perguntas, é provável você sofra de vício em celular.
Vício em celular: soluções
Acima de tudo, você deve pedir AJUDA e não pensar que pode resolver a situação com o tempo, ou até negar o problema. Não tem mal e pode acontecer a qualquer pessoa. Se você observou o mesmo em alguém próximo, não fará nenhum julgamento sobre o comportamento, pois em muitas ocasiões não é algo voluntário, mas algo que ele não conseguiu evitar e não sabe como superá-lo.
É possível que você não saiba como pedir ajuda e, por isso, te orientamos para procurar uma solução. O ideal será pedir ajuda a alguém do seu ambiente mais próximo, a pais, irmãos, família, até a amigos, mas se você não quiser fazê-lo por vergonha ou angústia, pode buscar ajuda em outros ambientes como, por exemplo, a escola (ao seu tutor ou ao seu professor favorito), a prefeitura da sua cidade, o posto de saúde e todas as organizações especializadas em dependências. Em todos estes lugares, eles vão entender e saberão proporcionar um número de telefone ou um endereço que te pode ajudar.
Através desta ajuda, é possível solucionar os problemas base, tal como mencionamos antes, e aprender a procurar outras atividades nas quais o celular não está presente e que, para além disso, também serão muito agradáveis e que, ainda mais importante, evitarão recaídas!
Vício em celular: como tratar
Para tratar o vício em celular, podem ser aplicadas algumas técnicas que ajudam a superá-lo e que farão com que se ocorram:
- Mudanças na sua relação com o celular. Um dia, você passará a utilizá-lo só em determinados momentos do dia, poderá apagá-lo quando não precise dele, e até mesmo sair sem o aparelho! Tudo de forma progressiva, para que não provocar um choque e gerar ansiedade e nervosismo.
- Mudanças do que pensamos que o celular nos pode proporcionar. O celular deve ser uma ferramenta que nos ajuda e não um aparelho que controla a nossa vida. A nossa crença sobre o celular deve ser a correta, para que possamos ser livres.
- Compreenderemos o motivo que nos levou a este uso aditivo. As nossas conversações com um profissional nos ajudarão a compreender qual é a raiz do problema que nos levou a fazer um uso indevido do celular.
Quando o tratamento já tiver avançado, poderá incluir os pais e irmãos, para que eles também participem, entendam o problema, e provavelmente, também modifiquem alguma coisa para evitar que possa voltar a acontecer.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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