Dependências

Vício em tecnologia: sintomas, consequências e tratamento

Marta Thomen Bastardas
Por Marta Thomen Bastardas, Psicóloga. Atualizado: 20 maio 2019
Vício em tecnologia: sintomas, consequências e tratamento

Atualmente, o uso da tecnologia representa um enorme potencial comunicativo, criativo e educativo, no entanto, o seu uso excessivo pode acarretar riscos e consequências, conduzindo a pessoa a um vício em tecnologia.

O vício pode afetar a qualquer idade, mas os adolescentes são especialmente vulneráveis, uma vez que as novas gerações nascem com os meios digitais fazendo parte do seu dia a dia e do seu desenvolvimento, sendo a sua principal fonte de informação, socialização e comunicação. Por isso, é necessário conhecer os possíveis riscos e consequências que o seu uso excessivo acarreta para poder evitar e tratar o vício o mais rápido possível.

Dentro do vício em tecnologia podemos encontrar o vício em videogames, em Internet, em redes sociais, a nomofobia, etc. Se você tem interesse em continuar conhecendo mais detalhes sobre o vício em tecnologia, continue lendo este artigo de Psicologia-Online onde explicaremos o vício em tecnologia: sintomas, consequências e tratamento.

Índice
  1. Vício em tecnologia: o que é
  2. Vício em tecnologia no Brasil
  3. Vício em videogame
  4. Vício em Internet
  5. Vício em redes sociais
  6. Nomofobia
  7. Vício em tecnologia: sintomas
  8. Vício em tecnologia: causas
  9. Vício em tecnologia: consequências
  10. Vício em tecnologia: tratamento
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Vício em tecnologia: o que é

Quando pensamos em vício, relacionamos o conceito com o consumo de uma substância nociva que implica o desenvolvimento de tolerância, dependência e abstinência que surgem da necessidade de consumir essa substância para poder enfrentar um novo dia, impedindo as sensações de mal-estar emocional e/ou físico.

Quando falamos de vício em tecnologia tratamos de adaptar esses términos ao conceito de tecnologia, pois os instrumentos tecnológicos conduzem à perda de controle do comportamento da pessoa, onde esta tenta aliviar o seu mal-estar emocional através das tecnologias de forma sistemática, tornando-as em um refúgio e gerando a necessidade de acessá-las para combater o mal-estar.

Para poder ser considerado um comportamento viciante, deve estar presente a perda de controle do comportamento, sob o qual a pessoa não pode estar sem o elemento que gera o vício (as redes sociais, Internet, videogames…), gerando assim a dependência desses elementos e causando sentimentos de ansiedade, irritabilidade, depressão e desespero quando não pode usá-los. Aparece assim o conceito de abstinência e cada vez é necessário mais tempo de uso, portanto aumenta também a sua tolerância.

Vício em tecnologia no Brasil

Nas últimas décadas houve um grande avanço das TIC, as tecnologias da informação e a comunicação. Se produziu um crescimento exponencial destas, pelo que aumentaram a diversidade e especificidade dos diferentes dispositivos e seus usos, adicionando a sua facilidade de acesso.

Estes avanços permitem muitas vantagens na nossa sociedade, mas exigiram uma adaptação dos nossos hábitos cotidianos, sobre os quais deve existir uma adaptação que nem sempre é saudável, pois se podem gerar maus hábitos no uso da tecnologia atual, e pode-se mesmo atingir um vício comportamental nas mesmas. Assim, a diversidade e especialização que atingiram, bem como a possibilidade de acessá-las desde qualquer lugar, se tornaram os fatores de risco mais catalisadores do seu vício.

O vício em tecnologia é um termo muito vasto. Por isso, explicaremos alguns tipos de vício em tecnologia, os mais comuns, por exemplo o vício em videogames, em Internet, em redes sociais e a nomofobia.

Vício em videogame

O vício em videogame já é atualmente considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) um distúrbio de saúde mental. É reconhecido como um vício, não tóxico, que faz parte dos vícios de comportamento, sobre o qual se estabelece um comportamento que não se pode controlar. A pessoa gera uma dependência muito intensa do videogame, onde perde a noção do tempo e o controle sobre a duração e a frequência com que joga. Assim, quando a pessoa não pode jogar, podem surgir sentimentos de ansiedade, estresse e alterações no comportamento alimentar e no sono. Os videogames se tornam o refúgio destas pessoas, buscando realidades alternas, provocando, como consequência, um certo isolamento social e uma perda das relações pessoais.

Vício em tecnologia: sintomas, consequências e tratamento - Vício em videogame

Vício em Internet

Quando falamos de vício em compras na Internet, vício em sexo na Internet ou em jogo online, falamos de vícios independentes que usam como meio a Internet para poder aceder ao elemento aditivo com mais rapidez e de forma anônima. O vício em Internet não é em Internet em si, mas naquilo que se pesquisa através desta ferramenta. No entanto, existe gente que gera uma dependência do conceito de Internet de forma geral graças ao número inesgotável de formas de se comunicar e pelas novas possibilidades que oferece no dia a dia. A Internet é um instrumento de interação, de trabalho, de informação, lazer, etc. que pode implicar muitas vantagens, mas a gente viciada em Internet fica absorta na rede, trocando a sua realidade exterior pela virtual. Por conseguinte, se estabelece um padrão comportamental abusivo do uso de Internet, abandonando as atividades que a pessoa gostava, a pesquisa de informações desde outros meios, as relações pessoais e se negligenciam as diferentes obrigações e responsabilidades. A grande diversidade que a Internet oferece (poder ouvir música, ver vídeos, pesquisar informações, visitar redes sociais, descarregar filmes…) é o que gera a sua dependência, pois pode satisfazer qualquer necessidade que a pessoa tenha.

Vício em redes sociais

Atualmente, as redes sociais mudaram a forma de comunicação entre as pessoas. Cada pessoa utiliza as redes sociais com diferentes finalidades como falar com amigos, conhecer gente nova, espalhar notícias, promover um trabalho, etc. Fazendo um uso correto, podem contribuir para um grande número de vantagens. No entanto, cada vez mais, as redes sociais são usadas para criar identidades falsas, mostrando o que a gente considera que estará bem visto pelos outros, buscando uma aprovação constante. Com o tempo, a necessidade da validação dos outros pode acarretar graves problemas de autoestima, pois a pessoa torna-se dependente das opiniões alheias. Por isso, o vício em redes sociais está muitas vezes relacionado com um baixo conceito de si mesmo, o qual se tenta substituir com mudanças da própria identidade mostradas na rede. Neste vício, o componente viciante se baseia na rapidez de resposta, na recompensa imediata e na interatividade que oferecem as redes socais, o qual causa afastamento da realidade, problemas de autoestima, dificuldade de controle e aparecimento de ansiedade quando não é possível usá-las.

Nomofobia

O termo nomofobia vem de “no-mobile-phone-phobia”. O significado de nomofobia faz referência à ansiedade que sofre a pessoa quando não pode dispor do seu celular, o que a invade de sensações de incomunicação quer porque a bateria acabou, quer porque deixou o celular em casa, quer porque quebrou o celular, etc. Por isso falamos de uma vício em celular que está relacionado com uma fobia devida aos intensos sentimentos de ansiedade e obsessão que nascem na ausência do aparelho e que desaparecem quando a pessoa volta a ter o celular.

Vício em tecnologia: sintomas, consequências e tratamento - Nomofobia

Vício em tecnologia: sintomas

Os sintomas do vício em tecnologia categorizados como sintomas físicos são os seguintes:

  • Tensão ocular
  • Perda de audição
  • Dor nas costas
  • Síndrome do canal cárpico
  • Vibração fantasma
  • Síndrome de de Quervain
  • Insônia adolescente
  • Dependência exclusiva
  • Rizartrose do polegar
  • Infertilidade
  • Obesidade infantil e juvenil

Por outro lado, os sintomas do vício em tecnologia de tipo psicológico são os seguintes:

  • Isolamento
  • Comportamento alterado e compulsivo
  • Ansiedade e irritabilidade
  • Problemas de comunicação
  • Empobrecimento da linguagem
  • Sensibilidade perante comentários de julgamentos e valorações dos outros
  • Fraca autoestima
  • Desempenho escolar fraco
  • Depressão

Vício em tecnologia: causas

A origem do vício em tecnologia tende a ser semelhante ao do início do consumo de substâncias. A pessoa, face a um mal-estar emocional e físico, busca um refúgio nas tecnologias, para atenuar diferentes situações como podem ser acontecimentos dolorosos, ansiedade social, momentos vitais de estresse, problemas no ambiente familiar, problemas de autoestima, etc.

Perante todo este conjunto de problemáticas, a pessoa busca nas novas tecnologias uma nova realidade na tela. Este processo está normalizado, uma vez que é muito diferente aos olhos das pessoas buscar refúgio em uma substância tóxica e em uma distração como pode ser um videogame que, à primeira vista, não é prejudicial para a nossa saúde. Além de tudo isso, se soma o acesso imediato, a falta de limites e a gratificação de recompensas imediatas, como as “curtidas” em redes sociais, o que conduz ao desenvolvimento do comportamento viciante.

Vício em tecnologia: consequências

As consequências derivadas do abuso das novas tecnologias podem ser muito diversas tendo em conta os sintomas físicos e psíquicos, como mencionamos previamente.

Vício em tecnologia pode fazer mal à saúde?

As consequências do vício em tecnologia podem ir desde problemas de saúde como a obesidade, até problemas psicológicos como atingir uma depressão. No entanto, uma das principais repercussões do vício em tecnologia constitui o isolamento social que produzem e a absorção em uma realidade imaginária, que mesmo que permita estabelecer interações, faz com que se tornem mais insensíveis e distantes, podendo gerar grandes sentimentos de solidão e depressão.

Vício em tecnologia: sintomas, consequências e tratamento - Vício em tecnologia: consequências

Vício em tecnologia: tratamento

A pedra angular do tratamento em vícios se fundamenta em compreender que o problema não recai no objeto de vício, quer seja nas redes sociais ou em uma substância, mas na pessoa. Face a isto, o tratamento deve se adaptar a cada pessoa e pode se realizar tanto individualmente como em conjunto, com sessões que oscilam entre os 12 e 16 meses de duração. O tratamento do vício em tecnologia deve abranger todas as áreas da pessoa, tendo em conta à família, o seu ambiente social, laboral ou acadêmico e o seu espaço pessoal.

No trabalho pessoal é importante trabalhar, por meio de um processo de psicoterapia, aspetos como a autoestima, a aceitação de si mesmo ou o aperfeiçoamento em habilidades sociais e em resolução de conflitos.

No que diz respeito à família, é muito importante que ela colabore neste processo, embora a implicação familiar seja diferente consoante o caso. Geralmente, costumam se redistribuir as responsabilidades familiares, trabalhar a comunicação e confiança entre os distintos membros da família, estabelecer um controle e limites sobre o uso do objeto do vício e são propostas estratégias a utilizar face à resolução de conflitos.

Tratando-se de vícios que tendem a aparecer na adolescência ou juventude, o ambiente de amizades é muito importante, pois tem muita influência. O problema recai em que muitas das amizades se estabelecem mediante Internet, o qual pode levar a pessoa a entrar em grupos sociais indutores de riscos. Estes grupos online poderiam impedir o desenvolvimento do tratamento do vício em tecnologia, de modo que deve se estabelecer um controle. É importante que a pessoa recupere o contato com prévias amizades ou faça novos amigos, que constituam um apoio.

Com relação ao objeto viciante, deve ser realizado um conjunto de fases. Em primeiro lugar, como sucede no vício em substâncias tóxicas, é necessário provocar um período de “abstinência”, isto é, que a pessoa deixe de utilizar totalmente o objeto que gera a adição. Posteriormente, poderá utilizá-lo com o controle de outra pessoa, até que finalmente aprenda a utilizá-lo controladamente.

Como evitar o vício em tecnologia? Para tal, é importante realizar um processo psicoeducativo onde a pessoa compreende que é um instrumento necessário na nossa sociedade, mas também que deve ser usado adequadamente e aprender a utilizá-lo com moderação.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
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  • Vázquez, L.B. (2002). Adicciones y nuevas tecnologías. Proyecto Hombre.
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2 comentários
A sua avaliação:
Sofia Reis
Os sintomas do vício em tecnologia de tipo psicológico são os seguintes:

Isolamento
Comportamento alterado e compulsivo
Ansiedade e irritabilidade
Problemas de comunicação
Empobrecimento da linguagem
Sensibilidade perante comentários de julgamentos e valorações dos outros
Fraca autoestima
Desempenho escolar fraco
Depressão
Epitácio Portela
Falta de apetite, descontrole alimentar, distúrbios do sono, no caso do isolamento existe pessoas que procuram o contrario tentam super exposição para conseguirem a tal recompensa imediata como o texto relata. O problema da dependência tecnologica é muito maior do que imaginamos, e precisamos nos unir para criar mudança de hábitos que possam ajudar quem esteja passando por esse período. Todos sofrem desse mal, e buscar informações nesse momento é primordial.
A sua avaliação:
Gabriel Silva
Hoje as crianças passam muito tempo na internet...
Arthur
mas hoje em dia a tecnologia está presente na vida de todos,e alem disso, é algo muito importante na vida de muitos,por exemplo a atual situação do mundo. Fora que se as crianças passam tempo,os responsáveis por isso são os pais,não as crianças que nem tem mentalidade do que estão fazendo.
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