Violência de gênero: definição, tipos e características
A violência de gênero é um tema de grande importância e que nos diz respeito a todas e a todos por igual. É um problema que continua afetando de forma severa uma parte da população e que continua enraizado na nossa sociedade.
Começa nos comportamentos mais normalizados, como uma brincadeira ou uma partida, mas as suas consequências podem ser muito graves e até letais. Só em 2018, foram registrados 4254 feminicídios (número de mulheres assassinadas) no Brasil1.
É muito importante aprender a detectá-la a tempo, tanto em casos que você mesma é a vítima como se acredita que alguém que você conhece pode estar sofrendo desse tipo de abusos. Para isso, nesse artigo de Psicologia-Online, te damos toda a informação sobre violência de gênero: definição, tipos e características.
O que é violência de gênero
Podemos definir a violência de gênero, também chamada de violência machista, como qualquer ato contra uma mulher pelo simples facto de ser uma mulher. Este tipo de maltrato também atenta ao bem-estar da vítima, à sua liberdade e à sua dignidade. Pode ocorrer em diferentes espaços da nossa vida, por exemplo no trabalho, em casa (violência doméstica), em um espaço público e até nas redes sociais.
Por vezes, é muito difícil saber quando alguém sofre de maltrato por falta de conhecimento sobre o que realmente é maltrato. Para isso, podemos usar algumas características simples: se te faz sentir mal, se você se sente atacada, se tem medo ou se, diretamente, sofreu alguma agressão, é violência de gênero.
Causas da violência de gênero
É frequente que, como vítimas, nos perguntemos sobre o que fizemos para sofrer abuso ou maltrato, ou porque nós e não outra pessoa. A realidade é que as causas da violência de gênero têm raízes sociais e partem da desigualdade entre homens e mulheres. Estas desigualdades se potenciam e se mantêm por culpa dos estereótipos e papéis de gênero nos quais a mulher é vista como inferior ao homem em todos (ou quase todos) os aspetos da vida dela.
Muitas vezes, a pessoa que agride é motivada pelo desejo de manter o poder e dominar a vítima. Os agressores costumam ter problemas de insegurança e baixa autoestima, além de terem recibido uma educação na qual determinados tipos de violência de gênero são normalizados.
Nas relações em casal, por exemplo, costuma começar de forma bastante subtil, controlando com quem a vítima fala e como se veste, até evoluir para os insultos, gritos e, por fim, a violência física.
Tipos de violência de gênero
1. Violência de Género Física
É, provavelmente, o tipo de violência mais reconhecido. Implica o uso do corpo ou outros objetos que podem provocar danos no corpo da vítima. Distinguimos agressões como murros, empurrões, bofetadas ou arranhões contra a mulher. Este tipo de violência pode dicar marcas visíveis que, em alguns casos, as vítimas de violência doméstica encobrem ou sobre os quais mentem quando alguém pergunta sobre a sua origem, com medo de possíveis represálias.
2. Violência de Gênero Psicológica
Este tipo de maltrato é mais comum do que podemos imaginar. São atos que provocam danos emocionais e psicológicos na vítima, costumam ter sequelas como ansiedade, depressão e auto-estima muito baixa. Falamos de atos como insultos, provocações, gritos e ameaças.
O maltrato psicológico é muito perigoso e anula completamente a mulher, fazendo com que esta viva no medo e se sinta só, sem esperanças e acreditando que ninguém pode ajudá-la.
3. Violência Sexual
Este tipo de violência inclui todos os atos de tom sexual que não implicam o consentimento da vítima ou cujo consentimento foi obtido após receber ameaças e intimidação. O tipo de violência sexual mais evidente é a violação. Normalmente, falamos de abusos fora do casal mas, por vezes, ocorrem casos de violência sexual dentro do mesmo.
4. Violência Econômica/Patrimonial
Falamos de violência econômica quando encontramos barreiras impostas pelo maltratador para que a vítima possa ter acesso a dinheiro ou recursos. A pressão para não trabalhar e ficar em casa ou o controlo dos cartões bancários são exemplos muito claros de violência econômica.
5. Violência Simbólica
Em alguns países a violência simbólica foi reconhecida como outro dos tipos de violência de gênero. Utilizamos esse termo para designar os atos que, indiretamente, contribuem para manter a mulher em uma posição de inferioridade na sociedade. Um exemplo que nos ajuda a ver este tipo de violência de gênero é a imposição de cânones de beleza que devemos seguir. Em alguns casos, isto pode gerar mal-estar e sequelas psicológicas muito graves.
6. Violência Social
Entendemos por violência social os atos nos quais o agressor humilha, ataca e deixa a vítima em evidência em público. Também consideramos violência social isolar a vítima dos seus amigos e familiares já que, desse modo, se afasta de todo o seu ambiente habitual. Está intimamente relacionada com a violência de gênero psicológica, já que também provoca graves sequelas na saúde mental da mulher.
7. Violência Obstétrica
Este tipo de violência de gênero ocorre nos hospitais e outras instituições de saúde. Acontece quando os médicos ou profissionais de saúde assinalam processos naturais do corpo feminino como patológicos ou doentes. Ao serem marcados como tal, procedem a intervenções dolorosas e desnecessárias no corpo da vítima. Costumam ocorrer durante a gravidez, sendo que alguns dos exemplos são:
- Fazer uma cesárea sem justificação médica
- Uso desnecessário de fórceps
- Críticas ao estado da gestante
- Negar informação sobre o próprio estado de saúde
- Acelerar o parto sem consentimento da mulher grávida
8. Violência através dos filhos
Nesse tipo de violência de gênero, intervém um terceiro fator: os filhos.
A violência através dos filhos consiste em usar os filhos para afetar negativamente as mães, quer seja com ameaças aos mesmos ou até mesmo agressões físicas. Os agressores buscam controlar e dominar a mulher para que ela não se separe deles nem denuncie as agressões através do medo que aconteça algo de mau as filhos delas.
Violência de gênero no Brasil
Se você está sofrendo de violência, nunca pense que a culpa é sua. A vítima não pode fazer algo que mereça uma agressão e deve agir a tempo para poder sair dessa situação o mais rápido possível. A responsabilidade da violência é do agressor e não da vítima.
Procure ajuda, conte a sua situação a outras pessoas para que elas possam te ajudar em tudo o que você precisa e, se for pertinente, denuncie a pessoa que está exercendo violência de gênero.
Para denunciar casos de violência de gênero no Brasil, você pode ir a uma delegacia ou órgãos especializados e pedir amparo e proteção. O canal "Ligue 180" é uma central de atendimento gratuito e confidencial que funciona 24 horas por dia. Você pode discar 180 no telefone ou enviar um e-mail para ligue180@spm.gov.br.
O canal também pode ser usado por parentes, vizinhos, amigos ou desconhecidos. Casos de ameaça e violència psicológica também podem ser denunciados.
Você não está sozinha!
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- Monitor da violência G1