Albert Ellis e o seu ABC Emocional
Albert Ellis, criou a teoria do "ABC" emocional, nome enigmático que serve para facilitar o trabalho didático e educativo que Ellis também demonstra. Ele tentou estabelecer as principais "Crenças Irracionais" que principalmente as pessoas das sociedades ocidentais compartilham, seja por educação, tendências biológicas, influências sociais, etc., e que é conveniente combater para alcançar um maior desenvolvimento pessoal e social.
Neste artigo de Psicologia-Online, apresentaremos o ABC Emocional de Albert Ellis, a pedra angular em sua teoria da terapia racional emotiva e daremos exemplos.
Acontecimento ativador
O acontecimento ativador é o fato que acontece conosco ou que encorajamos a acontecer conosco, uma vez que pode vir do mundo exterior como do nosso mundo interior; pode ser algo visível a olho nu ou algo que não tem especifidade determinada (pode ser um acidente rodoviário ou uma preocupação por um familiar doente ou por algo que poderia acontecer; uma discussão com outra pessoa ou um problema de relação com alguém que se deseja evitar...)
É conveniente, neste momento, tentar observar os fatos da maneira mais fiel e objetiva possível, sem realizar excessivas avaliações subjetivas. Pode-se utilizar a técnica de verificação de câmera de vídeo. Suponhamos que o que acontece conosco passa através de um filme que assistimos. Vamos tentar apreciar os detalhes do Acontecimento ativador com certa distância, como dados brutos. Estamos sendo objetivos com nossa apreciação anterior? Estamos exagerando as coisas?
EXEMPLO
- A. Acontecimento ativador: "Meu amante me deixou por outro amor".
Pensamentos e crenças
Para o ABC emocional de Albert Ellis, as crenças e cognições se referem ao que pensamos ou às ideias que fazemos sobre o acontecimento ativador, do que nos ocorre na realidade. Todos mantemos certos pensamentos ou crenças sobre o que acontece conosco; embora, às vezes, os pensamentos sejam "automáticos", cruzando a mente como um "raio", sem que sejamos suficientemente conscientes deles. Portanto, muitas vezes, tendemos a considerar que os fatos (acontecimentos ativadores) nos "provocam" sentimentos ou comportamentos determinados.
As crenças podem ser racionais ou irracionais. As primeiras nos ajudam a nos sentirmos bem ou satisfeitos conosco mesmos, embora sejam emoções negativas (como uma tristeza por uma perda). As crenças irracionais geralmente são pouco lógicas, não são baseadas na evidência e de tendências extremistas, exageradas ou excessivamente exigentes em relação a nós mesmos ou aos outros, o que pode nos provocar tanto sentimentos inapropriados (depressão, culpa excessiva, ansiedade, ira, etc.) como comportamentos autodestrutivos (vícios, violência, suicídio, etc.)
EXEMPLO
- A. Acontecimento ativador: "Meu amante me deixou por outro amor".
- B. Pensamentos e Crenças: "Não posso continuar sem ela/ele. Sou um/a perdedor/a porque me deixou. É terrível que ela/ele tenha me deixado". "Nunca vou encontrar outro amor".
Consequências emocionais e comportamentais
Já consideradas, de alguma maneira, anteriormente, são as respostas que damos aos Acontecimentos ativadores. Normalmente, tendemos a pensar que provocam diretamente as emoções e comportamentos. Se assim for, todos teríamos o mesmo comportamento diante desses fatos semelhantes, o que não é verdade. Isso ocorre porque é mediado por B, as crenças e cognições.
Logo, a mudança emocional e comportamental é determinada, em grande parte, pela mudança em nossa forma de pensar ou como interpretamos os Acontecimentos ativadores ou fatos. Diante do mesmo fato (suspender um exame, por exemplo) pode-se responder de maneira diferente: Depressão, tristeza, culpa, decepção, frustração, indiferença, ira, etc., de acordo com pensamentos racionais ou irracionais que mantemos ao interpretá-lo.
EXEMPLO:
- A. Acontecimento ativador: "Meu amante me deixou por outro amor."
- B. Pensamentos e Crenças: "Não posso ficar sem ela/ele. Sou um/a perdedor/a porque ela/ele me deixou. É realmente terrível que ela/ele tenha me deixado. Nunca vou encontrar outro amor."
- C. Consequências Emocionais: "Sinto-me triste. Estou furioso/a. Sinto-me indigno/a. E: Não como. Não durmo. Bebo muito álcool. Falto ao trabalho."
Debate de crenças irracionais
Nesse ponto, damos um salto qualitativo, do aspecto descritivo (A,B,C) à prática terapêutica. Realizamos o debate para superar problemas criados como resultado da interpretação irracional dos acontecimentos ativadores que nos levaram a comportamentos e emoções inapropriadas e autodestrutivas.
Para poder debater as crenças irracionais primeiro é preciso tentar tomar consciência de nossas crenças irracionais. Identificá-las, às vezes, é mais difícil que refutá-las. Quando nos surge um sentimento inapropriado ou nos comportamos inadequadamente com nossos interesses, é conveniente "rebobinar" e considerar que pensamentos ou crenças irracionais mantemos em relação aos fatos. Posteriormente, as crenças irracionais são debatidas com perguntas como:
- Onde está a evidência de que...?
- Onde está escrito ou onde está a lei que diz...?
- Por que isso tem que ser assim...?
- Como essa forma de pensar me afeta...?
Todo tipo de perguntas que contribuem para colocar em questão de ou em evidência as crenças irracionais.
EXEMPLO:
- A. Acontecimento ativador: "Meu amante me deixou por outro."
- B. Pensamentos e crenças: "Não posso ficar sem ela/ele. Sou um/a perdedor/a porque ela/ele me deixou. É realmente terrível que ela/ele tenha me deixado. Nunca vou encontrar outro amor."
- C: Consequências emocionais: "Me SINTO triste. Me SINTO furioso/a. Me SINTO indigno/a. Não posso comer, dormir, não vou ao trabalho. Bebo muito álcool."
- D: DISPUTE! DESAFIE! DEBATA!: Desafie o auto diálogo irracional, pergunte "POR QUE?. . .ONDE ESTÁ A EVIDÊNCIA? ONDE ESTÁ ESCRITO?"
Terapia racional emotiva: debate de crenças
Esse ponto também entra dentro do que consideramos a estratégia para a mudança ou a prática terapêutica. É o passo final no ABC emocional de Albert Ellis. Para poder realizar corretamente a terapia racional emotiva, deve-se colocar sob um foco analítico as crenças que temos e que nos surgem todos os dias.
Se temos efetuado corretamente a reestruturação cognitiva ou mudança de crenças para um pensamento mais racional, os novos efeitos emocionais e comportamentais devem ser menos autodestrutivos, nos ajudarão mais em nossos interesses e nos farão sentir melhor conosco mesmos. Não precisamos necessariamente nos sentir mais felizes, pois consideramos que podem existir emoções negativas, mas sim, contribuímos para não entrar em um círculo vicioso de problemas que criam novos problemas, como é o caso de uma depressão grave ou dificuldades de adaptação ao sentir forte ansiedade diante de situações sociais.
No exemplo ilustrativo que consideramos, a eficácia do debate nos leva a nos sentir com mais força para reiniciar outra relação, talvez mais positiva, ou a considerar a possibilidade de viver sem necessidade de um parceiro, ou aprender com os erros cometidos para corrigi-los no futuro, esquecendo o passado e vivendo o presente.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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