Psicologia clínica

Batofobia: o que é, sintomas, causas e tratamento

 
Andrea Fernández García
Por Andrea Fernández García. 26 janeiro 2022
Batofobia: o que é, sintomas, causas e tratamento

É verão, está quente e você está com vontade de tomar um banho de mar. Por sorte, você viajou e está perto da praia. Fazia muito tempo que você não decidia ir relaxar a um destino marítimo, pouco turístico, portanto, decide aproveitar para ir tomar um banho durante a noite.

Você se aproxima da orla e vai vendo como a imensidade do oceano começa a te sufocar, molha seus pés e quando se convence a mergulhar completamente, uma sensação estranha começa a invadir seu corpo, você sente suores frios, diferente dos que sentia por causa do calor quando estava em casa.

Seu coração começa a bater cada vez mais depressa. Você vai submergindo cada vez mais. De repente, você se vê com todo seu corpo coberto de água, não vê absolutamente nada de seu corpo submerso na água. Você nota como seus pensamentos começam a passar a mil por hora e, finalmente, você foge. Não entende o que acabou de acontecer, apenas sabe que não quer entrar de novo, ao menos não agora, não durante a noite.

Este curto relato poderia ser um indicador de batofobia, assim se você quer saber do que se trata, neste artigo de Psicologia-Online falaremos sobre a batofobia: o que é, sintomas, causas e tratamento.

Índice

  1. O que é batofobia
  2. Sintomas da batofobia
  3. Causas da batofobia
  4. Tratamento da batofobia

O que é batofobia

Se nos basearmos no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, Ed. 5 (DSM-V)[1], a batofobia seria classificada como uma fobia específica, isto é, um objeto ou situação específica que provoca na pessoa medo ou ansiedade intensa. Mas, o que é de verdade?

A palavra batofobia é uma combinação de duas palavras gregas: bathos, que significa “profundidade” e phobos, que significa "medo". Quando falamos dela, portanto, não apenas nos referimos à profundidade, por exemplo do mar, mas também a estruturas altas ou edifícios, assim como a qualquer lugar que seja capaz de fazer que o ou a batofóbico/a se sinta incomodado/a ou assustado/a por objetos ou espaços de grande profundidade.

Se você procurar o termo na internet, certamente encontrará duas vertentes interpretavas da batofobia explicadas da seguinte maneira:

  • Medo de profundidade: a grande maioria das páginas web fazem referência a seu significado mais etimológico, visto que bathos/bathy significa profundidade. Algo parecido também é descrito no dicionário da língua italiana, que descreve a palavra como medo irracional do vazio.
  • Medo de construções altas: é provocado por um grau de inquietação que as pessoas sentem quando se encontram junto a uma estrutura elevada, o que pode provocar medo de que ela caia por cima delas.

Ela é associada à fobia de profundidade, fobia de água escura (ou seja, que não se pode ver o fundo), fobia de águas profundas, fobia de mar e fobia ao fundo do mar.

Sintomas da batofobia

Como saber se tenho batofobia? Alguns dos sintomas que permitem identificar a batofobia, e que geralmente se manifestam na maioria das fobias, são os seguintes:

  • Referências negativas a aquelas situações nas quais a pessoa não possa ver o interior do lugar onde se encontra.
  • Evitação excessiva e fuga de tais estímulos.
  • Hiperventilação e palpitações.
  • Ansiedade intensa diante de estimativas erradas de ameaça, isto é, diante dos significados atribuídos ao estímulo e a resposta causada pelo medo.
  • Aparição de outros transtornos derivados desta fobia.
  • Pode se experimentar desde uma leve ansiedade até um ataque de pânico, passando por uma sudoração nervosa, fatiga visual e tonturas. Diante destas situações, se você não sabe como controlar uma crise de ansiedade, te recomendamos consultar este artigo.
Batofobia: o que é, sintomas, causas e tratamento - Sintomas da batofobia

Causas da batofobia

A causa não é unicamente um estressor ou uma experiência, ou a predisposição biológica do indivíduo, mas sempre teremos presente a interação entre genética e ambiente. O sujeito que sofre de batofobia certamente tenha uma vulnerabilidade biológica generalizada que, junto com o estresse que vivencie, criará uma sensação de alarme falso, que terminará se convertendo em um alarme aprendido, gerando uma vulnerabilidade psicológica.

Esta vulnerabilidade é influenciada pelos aprendizados, sejam de forma direta ou vicária, de outros alarmes reais. Este ciclo dá lugar à aparição de transtornos de ansiedade e fobias.

Tratamento da batofobia

A chave para curar a batofobia é a exposição repetida ao estímulo temido em concreto, como poderia ser navegar em mar aberto, nadar com snorkel ou até mesmo mergulho, e a geração de um novo aprendizado no qual o estímulo temido se torna inócuo.

Para começar o tratamento da batofobia, é importante adquirir habilidades de controle da ansiedade e relaxamento, assim como criar um entorno de segurança no marco de uma aliança terapêutica apropriada para poder continuar avançando. A partir daqui, como com todas as fobias, o melhor tratamento é a terapia de exposição ou dessensibilização sistemática.

Terapia de exposição

Segundo Wolpe, a dessensibilização sistemática funciona ao associar ou gerar uma resposta oposta, como o relaxamento, o qual seria gerado de forma inicial, como medo e a ansiedade. A eficácia para curar a batofobia com a terapia de exposição radica em impedir que a evitação se converte em um sinal de segurança.

Esta terapia, pode se desenvolver das seguintes formas:

  • Ao vivo (gradual ou intensiva): expor-se diretamente à situação que gera o medo irracional de profundezas.
  • Simbólica: mediante estímulos visuais ou auditivos associados ou através de realidade virtual.
  • Em grupo: aumentando assim o apoio social e a motivação e aderência à terapia.
  • Interoceptiva: provocando as sensações corporais próprias do momento de aparição do medo.

Outras terapias cognitivo-comportamentais

Existem outras técnicas que funcionam com algumas fobias como a terapia narrativa e o processamento e dessensibilização por movimentos oculares (EMDR). Todas estas terapias mencionadas são englobadas na terapia cognitivo-comportamental, pois, segundo evidências científicas, é a que provou ter mais eficácia.

Como sempre, a escolha do tratamento mais adequado dependerá de muitos fatores, pessoais, sociais e ambientais, que farão que funcione melhor um tipo ou outro. Seja qual for o tipo de tratamento escolhido, as chaves do sucesso para curar a batofobia são:

  • Que o terapeuta tenha conhecimento do modelo conceitual que aplica.
  • Que se tenha estabelecido uma boa relação terapêutica.
  • Que se transmita uma lógica consistente do tratamento.
  • Que se implantem de maneira efetiva as diferentes modalidades de exposição.

Se você pensa que pode sofrer de batofobia e nota que isto está interferindo em seu dia a dia e te gera mal-estar, é importante que vá a um/a psicólogo/a que possa encontrar as provas pertinentes e realizar o tratamento que melhor se ajuste a seu caso.

Batofobia: o que é, sintomas, causas e tratamento - Tratamento da batofobia

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. American psychiatric association, (2014). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales DSM – 5. Madrid, España. Editorial medica panamericana.
  2. Durán, S., (2019). Batofóbico Vol. II. Trabajo final de grado. Universidad de Málaga. Recuperado de: Durán López, Salvador.pdf
Bibliografia
  • Belloch, A., Sandín, B., Ramos, F., (2009). Manual de psicopatología, volumen II. Madrid. McGraw Hill / Interamericana de España, S.A.U.
  • Labrador, F. J., (coord.) (2008). Técnicas de modificación de conducta. Madrid. Pirámide.
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